Publicamos, abaixo, a segunda parte (de um total de quatro), que
analisa um dos fenômenos constitutivos da regressão
a uma situação colonial de novo tipo, a saber, a desindustrialização. Na
postagem seguinte, analisaremos outro fenômeno constitutivo da regressão, a tendência de reprimarização
e especialização na produção de commodities
para exportação. A série terminará com uma quarta postagem, relativa aos
impactos da crise econômica sobre a classe operária e demais trabalhadores.
IV. Desindustrialização
“a indústria sofreu um processo de
reorganização em que perdeu não só setores industriais relevantes, como também
elos de cadeias produtivas de segmentos industriais importantes, cedendo cada
vez mais o papel de setor dinâmico que a indústria ocupava na economia para os
setores do agronegócio, da mineração para exportação, para o setor de
fabricação e montagem de bens de consumo ou partes desses bens para exportação
em empresas de capital externo ou a ele associado”.
“formatação de uma nova estrutura industrial
já não mais integrada horizontalmente e verticalmente pelo encerramento de um
conjunto, ou de elos, parcelas das cadeias produtivas, de ramos de atividades
industriais, segmentos industriais que se faziam desde a extração e manufatura
de matérias primas e insumos ao produto final até o encerramento de setores da
produção de bens de consumo, que assim passam a ser importados ou somente
montados no país (nesse último caso, por monopólios estrangeiros). Com isso,
perdem-se segmentos industriais relevantes ou rompem-se elos em cadeias
produtivas. A desindustrialização é, portanto, um fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo
tipo”.
Desde que escrevemos o texto sobre regressão, em 2006, a realidade parece confirmar, cada vez mais, o
acerto das principais tendências nele apontadas. A indústria é o setor da
economia mais afetado pela crise atual, bastando para isso uma olhada nas
tabelas do IBGE reproduzidas na postagem anterior (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html).
Dentro do setor industrial se diferenciam claramente os desempenhos da indústria
de transformação – especificamente sobre a qual recai a
desindustrialização, fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo – e da indústria
extrativa mineral, produtora de commodities
para exportação, principalmente minério de ferro e, crescentemente, petróleo, e
“beneficiária”, digamos assim, da referida regressão.