quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A recente resistência dos Metalúrgicos da GM no Brasil e suas lições para a luta operária

Cem Flores

A multinacional norte-americana GM enfrenta graves problemas nos últimos anos. Começando pela crise de 2008 – quando foi socorrida pelo “liberal” Estado dos EUA com aproximadamente US$50 bilhões–, passando pelas dificuldades em concorrer com rivais asiáticas pelo mundo, e por reestruturações constantes. No final do ano passado, a empresa anunciou mais uma enorme reestruturação mundial, objetivando, é claro, recuperar suas margens de lucro. Unidades produtivas inteiras e pelo menos 15% dos funcionários ficaram, desde então, na mira.

Eis que, no início de 2019, a chantagem contra os trabalhadores se torna mais concreta, incluindo a América do Sul e o Brasil, onde a empresa possui plantas em Gravataí (RS), São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Joinville (SC). “Não vamos continuar investindo para perder dinheiro”, disse a presidente global Mary Barra, enquanto anunciava os lucros bilionários de US$2,5 bilhões apenas no terceiro trimestre de 2018, sobretudo provindos do mercado norte-americano. Quanto ao Brasil, “novos investimentos dependerão de um doloroso plano para retornar aos lucros no país”. "Um crítico momento que requer sacrifícios para todos", disse depois Carlos Zarlenga, presidente da região Mercosul, supostamente responsável por prejuízos da empresa nos últimos anos. Para ele, a GM precisa do “apoio do governo, concessionários, empregados, sindicatos e fornecedores

domingo, 24 de fevereiro de 2019

A Reforma da Previdência faz parte do programa de classe da burguesia, de opressão e exploração dos trabalhadores

Na primeira fila, da esquerda para a direita: Caixa Dois da JBSCheque do Queiróz
Botafogo da OdebrechtNotas Frias de CampanhaFundos de PensãoMiliciano 01.
Na quarta-feira, dia 20 de fevereiro, o circo (de horrores!) foi montado em Brasília. Sob o aplauso unânime e entusiástico da grande imprensa, da grande indústria, dos grandes bancos e do capital internacional, o governo entregou ao Congresso Nacional sua proposta de “reforma” (sic!) da previdência. O documento celebrado pelos funcionários do capital (foto abaixo) visa baratear o valor da força de trabalho no país, tornando-a mais lucrativa para os patrões; permitir a redução da carga tributária das empresas, também ampliando seus lucros; ao mesmo tempo em que prolonga o suplício do trabalho assalariado, piora as condições de vida dos trabalhadores da cidade e do campo e agrava a desigualdade, a exploração e a miséria na sociedade brasileira.

Em primeiro lugar, vale lembrar que a “reforma da previdência”– sob o pretexto explícito de reduzir o déficit público via diminuição dos gastos do governo; e com os objetivos encobertos de ampliar o tempo útil da força de trabalho para o capital, aumentar a quantidade de trabalhadores disponíveis e, com isso, reduzir seu valor e ampliar a lucratividade – tem sido uma bandeira da burguesia, dos seus governos e dos seus economistas no mundo inteiro, especialmente após a grande crise do capital iniciada em 2007/08. Ilustramos este artigo com fotos da resistência dos trabalhadores, da ativa e aposentados, na França, Rússia, Espanha e Argentina. 

Em todos esses casos, como agora no Brasil, a capacidade dos operários, dos camponeses e dos demais trabalhadores assalariados para organizar protestos, manifestações e greves, em todo o país, foi (e continua sendo) decisiva para sua vitória contra mais essa ofensiva burguesa

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Combater o reformismo e o oportunismo. Desenvolver e organizar a posição proletária na luta de classes.

Apresentação do artigo de Lênin: “Mais uma vez sobre o Ministério da Duma”

Em períodos como o que vivemos hoje no Brasil, em que é necessário combater a reforma trabalhista, a reforma da previdência, dentre outros avanços da burguesia sobre a classe operária e as classes dominadas, muitos, de forma sincera, podem se questionar:qual deve ser a posição proletária na luta de classes, incluindo os períodos de ofensiva da burguesia? Ceder nos princípios e tentar crescer na lógica do "menos pior"? Ou sustentar-se nas posições do proletariado, mesmo que aparentem ser posições mais isoladas, lutas mais difíceis?

Desde Marx e Engels, a autonomia e a independência política e ideológica do proletariado sempre foram destacadas como uma necessidade de primeira ordem para a política revolucionária. Combatendo assim a ilusão do fortalecimento do proletariado através de recuos em sua posição. Em 1850, ambos revolucionários, em Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas, por exemplo, afirmam: "[Os proletários] não devem se deixar cativar […] pela retórica dos democratas, como, por exemplo: dessa maneira se estaria fracionando o partido democrático e dando à reação a possibilidade de chegar à vitória. No final das contas, todo esse fraseado vazio tem um único propósito: engambelar o proletariado. Os avanços que o partido proletário poderá fazer através dessa atuação independente são infinitamente mais importantes do que a desvantagem gerada pela presença de alguns reacionários entre os representantes."

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O Hipócrita Patriotismo Burguês de Bolsonaro e seus Objetivos

Todos lembram a patética frase de campanha com a qual Bolsonaro empolgava os setores mais reacionários do país e com a qual encerrou um dos seus discursos de posse: “a nossa bandeira jamais será vermelha”. Todos também recordam o fajuto slogan da campanha de Bolsonaro: “Brasil acima de tudo”. Todos igualmente viram o logotipo de propaganda do seu governo: “Pátria Amada, Brasil”. Por fim, todos obviamente sabem do apoio das forças armadas à sua candidatura e do número recorde de oficiais que tiraram o pijama para ocuparem cargos no alto escalão governamental[1], consolidando a tutela militar ao personagem medíocre e grotesco que sonha representar o papel de herói[2]. Todos esses fatos pretensamente caracterizariam o patriotismo, o amor ao Brasil, como um dos traços principais dessa abjeta “nova era” (sic!) do país que teria começado no mês passado. Pois é, só que não…

Como a história nos ensina com frequência, as aparências enganam e às vezes escondem os verdadeiros fenômenos. Os fatos, vistos apenas em sua superfície, não revelam suas raízes profundas. A ideologia atua como reflexo, necessariamente imaginário, das reais condições de existência[3].

Em resumo, além de serem banais e requentadas, as declarações patrióticas de Bolsonaro e sua corja também são hipócritas.

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Louis Althusser: O “Que” de “Que Fazer?” (Inédito, 1978)

Apresentação e tradução por Cem Flores
Dando continuidade à tradução dos inéditos de Althusser[I], apresentamos aos camaradas leitores o primeiro capítulo do livro Que fazer? , de 1978[II]. O nome do capítulo é O “Que” de “Que Fazer?”.
Como o próprio título indica, nessa ocasião, o autor buscou ratificar a relevância teórica e política da “velha pergunta de Lênin” para a classe operária em sua luta, tanto em sua dimensão mais imediata, tática, quanto em sua dimensão de longo prazo, estratégica. Tal pergunta, que surge no fogo da ação, da participação direta na luta de classes de um período, nos leva diretamente ao que o revolucionário russo chamou de “alma viva” do marxismo: a análise concreta da situação concreta.
E, para Althusser, por onde começar para se fazer tal análise? Aqui ele retoma suas importantes teses sobre a luta de classes enquanto um processo baseado em um antagonismo objetivo. A análise desse motor da história, que é a luta de classes, a ser exercida pelas massas, é a análise desse antagonismo constitutivo do capitalismo; contradição na qual se funda os dois principais polos dessa contradição, a burguesia e a classe operária. Uma análise científica da realidade só pode se fundar sobre esse pilar.

Sobre a crise na Venezuela

A experiência histórica de luta proletária e comunista nos ensinou diversas vezes que a reação burguesa aumenta em ferocidade e violência a cada derrota que lhe é imposta pela luta do proletariado e das massas populares. A razão para isso está na redução (ou perda) de seus privilégios de classe, dos seus lucros, dos seus luxos, do seu mando sobre o aparelho do Estado burguês. Daí o ódio que a burguesia devota ao proletariado e ao povo pobre em geral. Ódio de mortos-vivos aos seus futuros coveiros… A recíproca do proletariado não é menos verdadeira. Ódio mortal ao regime de exploração burguês e aos seus patrões e luta por sua derrubada. Ódio que, se hoje ainda é difuso e instintivo, mais cedo ou mais tarde será coeso e organizado novamente.
Em suas clássicas análises sobre a luta de classes na França, por exemplo, Marx e Engels demonstram que tal luta tende a se tonar mais violenta ao passo que se torna mais decisiva. A insurreição de 1848, quando o proletariado, em armas, já possuía parte do poder de Estado, foi respondida pela burguesia com um banho de sangue “como não se tinha visto um igual desde os dias das guerras civis que iniciaram a decadência da República romana. Era a primeira vez que a burguesia mostrava até que louca crueldade de vingança é levada, logo que o proletariado ousa surgir face a ela como classe à parte, com interesses e reivindicações próprios. E, ainda assim, 1848 foi uma brincadeira de crianças perante a sua raiva de 1871 [Revolução e Comuna de Paris].

Atos em São Paulo mostram que não há repressão que impeça as classes dominadas de lutar!


Rap do Ônibus
Projota
[…]
Seria engraçado se não fosse desesperador
Aos olhos de quem me governa, é esse o meu valor
Sardinhas enlatadas são jogadas ao relento
Folhas secas sem vida vão levadas pelo vento
A raiva toma conta, muita treta, normal
Nasce agora um assassino serial
Prefeito que dá o aval, avisa já pra geral
“Economiza porque o buzo vai subir mais um real”
Meia dúzia na rua derruba buzo, incendeia
Alguns sem vê, sem nada, abusam e só falam da vida alheia
Mas a cidade tá cheia
Quanto mais gente, mais impostos, mais lucro pros líderes da aldeia
[…]
Meu povo quer ver melhorar
Porque dá mais trabalho chegar no trabalho do que trabalhar
Mais tarde, quando você ver o pivete roubar
É porque o pai dele tava no buzão em vez de tá lá pra educar
Meu povo tá cansado, já nem se queixa mais
Se vê acostumado e vive essa guerra em “paz”
Meu povo sente fome, tem que ganhar dinheiro
Pra isso precisa ser o que não quer o dia inteiro
Hoje eu vô pular catraca, na moral
Não vou pagar dois e pouco num serviço que não vale um real
Tem um pilantra comprando iate, enquanto a gente se bate
Pra pagar pra ele à vista a ceia de Natal
Navio Negreiro hoje não difere cor
Amontoa e leva pra lavoura qualquer trabalhador
As mãos cansadas penduradas na barra
De uma gente que chora, mas nunca perderá a sua garra
São Paulo é uma cadeia? Faço a rebelião
Queimar colchão pra ver se alguém melhora a situação