“Causas Contrariantes [da Lei da
Queda Tendencial da Taxa de Lucro]:
I. Elevação do grau de exploração do trabalho
O grau de exploração do trabalho, a
apropriação de mais trabalho e de mais-valia, é elevado a saber por meio de
prolongamento da jornada de trabalho e intensificação do trabalho. ...
II. Compressão do salário abaixo de seu valor
... é uma das causas mais significativas
de contenção da tendência à queda da taxa de lucro”[1]
(sublinhado nosso).
A crise do imperialismo, como já vimos afirmando há algum tempo, segue
como o aspecto central da conjuntura atual, em que o proletariado vive e luta.
Essa conclusão é inescapável a todas as classes dominadas, que sofrem com/lutam
contra o aumento da exploração capitalista, seja na forma dos pacotes da Troika
na Europa que reduzem salários e conquistas dos trabalhadores, seja nos pacotes
de Dilma/Mantega que atendem aos interesses do capital por aqui instalado[2], ambos
para aumentar a taxa de lucro da burguesia. Ao redor do mundo se observa que as
velhas formas sindicais de luta de classe da classe operária não têm tido
resultados em termos de salários e empregos diante da profundidade desta crise.
Em vários locais, inclusive, já está se colocando, crescente e
explicitamente, a questão das novas formas e dos reais objetivos de luta da
classe operária.
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É importante ressaltar que as citações de
Marx, acima, não dizem respeito apenas às conjunturas de crises, mas ao próprio
sistema capitalista: as causas contrariantes da queda tendencial da taxa de
lucro listadas em I e II por Marx são expressões da luta de classes na
produção. As crises só fazem explicitá-las ao agravarem todas as contradições
do capitalismo. Afinal, sabemos que, especialmente nos países dominados, a
compressão dos salários abaixo de seu valor é o normal, não uma exceção.
A crise como aspecto central da conjuntura, bem
como seu agravamento, são, também, inegáveis para as classes dominantes. Contada
pela, digamos, “contabilidade tradicional” da economia burguesa[3], o
início da atual recessão já estaria completando cinco anos e mesmo os mais
otimistas, como o economista-chefe do FMI, dizem que ela vai durar pelo menos
outros cinco[4].
Em relação ao agravamento da crise, são
bastante claros os discursos e documentos dos representantes da burguesia e,
mais ainda, os seus atos. Na reunião semestral do FMI de outubro, em Tóquio,
com a participação de Ministros da Fazenda e Presidentes de Bancos Centrais da
burguesia do mundo inteiro, foram divulgadas reduções generalizadas nas projeções
econômicas para este ano e para o próximo[5].
Os atos concretos das burguesias dos mais
diferentes países não deixam dúvidas quanto a este diagnóstico. Um exemplo,
dentre vários, vem dos bancos centrais. Em ação coordenada como não se via
possivelmente desde 2009, os bancos centrais dos EUA, Europa e Japão
anunciaram, em setembro, nova enchente de capital fictício para tentar (até
agora infrutiferamente) tirar os principais países imperialistas das cordas. No
dia 6, o Banco Central Europeu anunciou que iria comprar, de forma ilimitada, bônus
soberanos de países europeus em dificuldades de financiamento, que solicitassem
auxílio. No dia 13, o BC dos EUA anunciou que, além das compras de US$ 45
bilhões mensais de títulos de longo prazo, vai colocar US$ 40 bilhões a mais na
economia todos os meses, comprando títulos hipotecários, até que o mercado de
trabalho “melhore substancialmente”[6]. Além
disso, o Federal Reserve anunciou que sua política de taxas de juros zero,
iniciada em dezembro de 2008, vai durar até meados de 2015, pelo menos. Por
fim, no dia 19, o Banco do Japão ampliou em 10 trilhões de ienes
(aproximadamente US$ 125 bilhões) seu programa de compra de ativos, que agora
deve totalizar 55 trilhões de ienes (US$ 688 bilhões)[7].
Esse cenário de uma nova depressão global
do capitalismo só vem reforçar as análises e posições sobre a crise do
imperialismo que vimos defendendo neste blog. Essa longa crise do imperialismo
vem se estendendo continuamente desde as crises de meados dos anos 1970 e seus
períodos de recuperação são cada vez mais curtos, com as recessões mais
prolongadas, profundas e globais. Esta crise de sobreacumulação de capitais e
de superprodução de mercadorias alimentou (e foi alimentada...), como tentativa
de recuperar a taxa média de lucro, a gigantesca máquina geradora de capital
fictício em que se transformou o sistema financeiro internacional (e os
próprios estados nacionais, mediante a dívida pública) e reconfigurou a
estrutura produtiva mundial, gerando uma nova divisão internacional do trabalho,
que complementa/aprofunda as políticas neoliberais para o rebaixamento do preço
da força de trabalho, ou seja, aumento da exploração capitalista.
Esses impactos da crise do imperialismo não
podem senão agravar todas as contradições do sistema, a começar pela sua
contradição fundamental, a contradição definidora do modo de produção capitalista:
a contradição entre capital e trabalho assalariado, entre burguesia e
proletariado. Sabemos, é claro, que esta contradição nunca se apresenta em
estado “puro”, mas desdobrada em muitas formas concretas, as quais é preciso,
ao analisar a realidade concreta, investigar detalhadamente.
A partir da crise, da sobreacumulação e da
tendência de queda da taxa de lucro, também se agravam todas as contradições do
sistema imperialista, levando ao que poderíamos chamar de um “aclaramento de
posições”, no qual as classes dominantes das potências imperialistas e suas aliadas,
as classes dominantes dos países dominados, lançam uma ofensiva contra os povos
de seus países, intensificando as relações de exploração. Neste processo, também
se agravam as contradições interimperialistas, com cada potência buscando, todas
ao mesmo tempo, ampliar ou, pelo menos, manter suas posições numa economia em
crise, que não se reproduz a taxas suficientes para manter a divisão anterior.
Diante dessa impossibilidade, a anterior “partilha do mundo” é crescentemente
questionada, o que gera diversas formas de antagonismo, como a escalada do
protecionismo (monetário, cambial, comercial, etc.), conflitos diplomáticos,
tensões localizadas e guerras (por enquanto) regionais[8].
Esse acirramento do conjunto das contradições impõe à classe operária
e às demais classes dominadas de todos os países, resistir.
Na situação concreta da crise atual – bem como nas anteriores e como é próprio
do capitalismo – o peso da crise recai sobre os trabalhadores, sobre as massas
exploradas, das mais diversas formas: aumento do desemprego, eliminação/restrição
dos “direitos trabalhistas” na chamada precarização do trabalho, redução dos
salários reais, aumentos na jornada e na intensidade do trabalho, diminuição
dos gastos governamentais com saúde e educação públicas, etc. Mas quem diz
exploração, diz resistência. E isso é o que temos visto, cada vez mais,
principalmente nos países europeus, mas também na China, nos EUA e no mundo
todo.
É esse processo de ampliação da resistência
e de sua mudança de qualidade que interessa aos revolucionários do mundo todo.
Como já dissemos uma e outra vez:
“... não analisamos a crise do imperialismo a não ser com o objetivo de
ajudar a esclarecer a classe operária e as classes dominadas a traçar a linha
justa para dirigir sua luta na luta de classes. Não nos interessa, nem um
tantinho assim, encontrar saídas para o capitalismo, reformar o capitalismo,
muito pelo contrário. (...) Nesta conjuntura, a da maior crise do imperialismo,
a tarefa candente para os marxista-leninistas é a de transformar a crise em
revolução (...). Transformar a crise do imperialismo em revolução, aprendendo
com todos os acertos e erros destes mais de 100 anos de luta de classes,
sabendo que é necessário retomar a teoria revolucionária do proletariado, a
teoria de Marx, Engels, Lenin, Mao Tsé-Tung, no ponto mais alto de seu
desenvolvimento, retomar a construção do partido revolucionário, armando-o com
sua teoria, porque sabemos que sem teoria revolucionária não há partido
revolucionário, e sem que o partido esteja dotado de sua teoria não lhe é
possível uma prática revolucionária, não é possível traçar a linha justa que
conduza a luta de classes à revolução.”[9]
I - Depressão econômica mundial
Já faz parte do senso comum a afirmação de
que a crise atual é a mais grave desde 1929, ou seja, desde a Grande Depressão
capitalista, na verdade a terceira, após 1873 e 1896. Os economistas burgueses,
inclusive, já disputam para ver como a batizam, se de “Depressão Menor” (Lesser Depression) ou de “Grande
Recessão” (Great Recession)[10]. Apenas
isso já bastaria para dar uma dimensão geral, porém precisa, da magnitude extraordinária
da atual crise do imperialismo.
Embora esse aspecto mais geral seja
verdadeiro – a crise atual é uma depressão capitalista – ele é, no
entanto, insuficiente para analisar as características específicas da
conjuntura e as diferenças em cada país componente da economia mundial. Os
gráficos abaixo permitem apresentar, de forma sintética, esse argumento. Eles
apresentam uma comparação, a partir de séries históricas da evolução do PIB
real, das trajetórias dos principais países imperialistas nas depressões de
1929 e atual.
Fonte: Elaboração própria a partir dos bancos
de dados de Angus Maddison (séries de 1929-1935), disponível em http://www.ggdc.net/MADDISON/Historical_Statistics/vertical-file_02-2010.xls,
e do World Economic Outlook do FMI (séries
a partir de 2007 e projeções para 2012 e 2013), disponível em http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/02/weodata/index.aspx.
A maior diferença na comparação entre os
dois períodos históricos ocorre nos EUA. Em primeiro lugar, para nenhum
país europeu a Grande Depressão de 1929 foi tão significativa quanto para os
EUA, cujo PIB caiu 30% em termos acumulados de 1929 a 1933. O mais importante
para a análise da conjuntura atual, entretanto, é que os EUA aparecem, na
comparação acima, juntamente com a Alemanha, como os países que apresentam o
desempenho “menos pior” desde a eclosão da crise. São os únicos países do G7 e
de toda a Europa a terem, atualmente, nível de produção (PIB) superior ao de
2007. Observe-se, porém, que se ajustarmos a produção pelo aumento da
população, usando o PIB per capita, esses países ainda estariam abaixo do nível
de 2007...
Essa diferença nas reações à crise nos
principais países imperialistas (e na China) são elementos importantes para
explicar a própria dinâmica da crise e, também, as disputas por uma
reorganização da economia mundial, um rearranjo da divisão internacional do
trabalho. Por exemplo, parece inquestionável que esse “sucesso” alemão está
reorientando a Europa para uma crescente liderança (econômica, financeira,
política e ideológica) alemã. E sabemos, desde Lênin, que alterações na
partilha do mundo não ocorrem sem importantes aumentos das contradições no
sistema imperialista.
Por não termos como tratar detalhadamente deste
tema – os impactos da crise do imperialismo na divisão internacional do
trabalho – agora, só o deixamos aqui enunciado para voltarmos a ele
posteriormente. No item III apresentamos rapidamente apenas um de seus impactos
no mercado de trabalho.
Depressão econômica mundial: Europa
É importante olharmos com mais detalhe para
a Europa. Se ainda há algum crescimento na Alemanha, na França a dupla
recessão/estagnação impera nos últimos cinco anos. Essa mesma dupla aparenta
dominar os países da União Europeia se os detivermos apenas no agregado
expresso pelo gráfico acima. No entanto, essa aparente recessão/estagnação europeia
é apenas função do grande e crescente peso da Alemanha e França sobre a região.
A realidade é muito pior.
Não só o Reino Unido e a Itália permanecem
em recessão desde a virada de 2007-2008, como Espanha, Portugal e Grécia vivem,
certamente, a pior catástrofe econômica de suas histórias recentes, excluindo
os períodos das Grandes Guerras mundiais.
Fonte: Elaboração própria a partir dos
bancos de dados de Angus Maddison (séries de 1929-1935), disponível em http://www.ggdc.net/MADDISON/Historical_Statistics/vertical-file_02-2010.xls,
e do World Economic Outlook do FMI (séries a partir de 2007 e projeções para
2012 e 2013), disponível em http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/02/weodata/index.aspx.
A crise atual, portanto, tem tido repercussões
na Europa tão (ou mais) devastadoras quanto as de 1929, haja vista a queda do PIB real desde
2007, que já supera 20% na Grécia e 5% na Espanha, em Portugal e na Irlanda (na
Itália também). Vimos também como são divergentes as trajetórias da economia na
Alemanha (principalmente) e na França, além da Holanda e poucos outros, e nos
demais países europeus. Isso não impediu que mesmo os institutos econômicos
burgueses, como é o caso do CEPR (Center for Economic Policy Research),
confirmem o agravamento da crise, afirmando que a Europa entrou, segundo sua
contabilidade, no seu segundo mergulho recessivo no último trimestre do ano
passado (ver link da nota 3).
O gráfico abaixo apresenta mais detalhes sobre a evolução das
principais economias europeias desde o início da crise e permite ver claramente
a divergência nas trajetórias nacionais, conforme apontamos acima. Estas
assimetrias podem ser tomadas como evidência do reforço da hegemonia alemã no
continente.
Produto Interno Bruto (PIB)
real
Variação percentual a partir do pico de 2008 ajustado sazonalmente
Trimestres a partir do pico de 2008
É necessário nos determos um pouco no caso da Grécia. Apesar de seu pequeno peso relativo na economia europeia, a
situação grega é emblemática e pode ser decisiva, tanto para a sobrevivência do
euro quanto para a luta de classes da classe operária, não só na Grécia e na
Europa mas, pelo seu exemplo, no mundo inteiro.
A Grécia vem sendo controlada diretamente desde 2010 (pelo menos) por
aparelhos de estado internacionais do capitalismo, nomeadamente a Troika (Comissão
Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Em 2011, após
a crise ter destruído o governo “socialista”-conservador (sic!), é empossado
como primeiro ministro – sem nem ao menos o simulacro de legalidade e
democracia das eleições burguesas – Lucas Papademos, cujo emprego nos oito anos
anteriores era, nada mais, nada menos, que o de vice-presidente do Banco
Central Europeu. Como dizia a UNE dos anos 1960: chega de intermediários![11]
Na Itália aconteceu algo similar e na mesma época, com Mario Monti, que por dez
anos serviu a Comissão Europeia, empossado primeiro-ministro sem eleições. Neste
ano, após realizar duas eleições na base da chantagem maciça contra a
população, a velha coalizão governamental grega voltou ao poder invertida,
conservador-“socialista” (sic!).
De lá para cá, a Troika já prometeu para a Grécia 172,7 bilhões de
euros (aproximadamente US$ 220 bilhões) em financiamento oficial[12],
que, com uma pequena parte entregue em módicas parcelas, só têm servido para
financiar a fuga de capitais europeus (principalmente de bancos) e da classe
dominante grega para os seguros bancos alemães e suíços e para pressionar pela
adoção de mais medidas de “ajuste”. O que não deveria ser surpresa para
ninguém, pois o objetivo é esse mesmo: evitar a quebra dos bancos alemães, franceses, e de
toda a Zona do Euro, e preservar a moeda única, e não auxiliar a Grécia. Uma
ideia da magnitude da questão pode ser dada comparando o tamanho do pacote da
Troika para a Grécia com os acordos do FMI com países europeus. Em 15 de agosto de 2012, o FMI tinha em vigor
acordos com 10 países europeus, que juntos totalizavam 124 bilhões de euros
(US$ 161 bilhões)[13].
A parte do “ajuste” que já está sendo cumprida é aquela que a
burguesia grega alegremente ofereceu como contrapartida: cortes diretos de
empregos no setor privado e no setor público, com a taxa de desemprego já
próxima de 25%; cortes de salários; cortes de “direitos trabalhistas” como
pensões, aposentadorias, auxílios variados; além de uma grande diminuição dos
gastos governamentais com os chamados setores sociais, como saúde e educação,
por exemplo. Nessa economia em
depressão, Paul Krugman resume o significado dos “ajustes” impostos à Grécia: cortes de mais de 30% dos gastos públicos
até 2014, comparados com 2009[14].
E isso, antes dos novos pacotes...
Nessas condições, os
trabalhadores gregos, seus sindicatos e centrais, e o Partido Comunista (KKE),
estão sendo crescentemente empurrados para dar um passo além das massivas
manifestações, paralizações e greves gerais. Um passo além em termos de
consciência de classe, organização e objetivos da luta de classes proletária.
Ocorre que a Grécia não está sozinha nessa situação de uma devastadora
depressão capitalista. A ela tem se juntado cada vez mais países, da Islândia e
Irlanda iniciais, para Portugal, Espanha, Itália e outros, sem falar dos países
do Leste europeu.
A Espanha, por exemplo, registra uma das piores situações mundiais
com relação ao desemprego: ao fim do primeiro trimestre deste ano, o índice de
desemprego atingiu 24,4% da população ativa, mais de 5,6 milhões de pessoas, a
maior taxa desde o início da publicação da série estatística em 1996. Os jovens
com idades entre 16 e 24 anos são os mais afetados, com a taxa de desemprego
alcançando 52%[15].
E a situação de lá para cá não melhorou. Pelo contrário, a Espanha enfrenta
agora pressão internacional para formalizar um pedido de ajuda à sopa de
letrinhas criada pela Comissão Europeia (os programas EFSF/ESM/EFSM[16],
uma espécie de “FMI Europeu” criado a partir de 2010) no montante de até 60
bilhões de euros (pouco mais de US$ 75 bilhões), o que implicará a aceitação,
pelo governo espanhol, das chamadas “condicionalidades”, i.e., mais ajuste
fiscal e reformas contra os trabalhadores, sindicatos e “direitos trabalhistas”.
Essa situação de depressão econômica, de endividamento
dos países em centenas de bilhões de euros, de desemprego cavalar, de medidas
antitrabalhadores é comum a toda a Europa. É o caso clássico em que uma só
faísca pode incendiar toda a pradaria. As primeiras faíscas europeias já foram
acesas, o que ficou claro para todos nós com a gigantesca greve geral
pan-europeia de 14 de novembro.
De forma concreta e crescentemente, com a mobilização de multidões em
todos os países europeus, a classe operária e demais classes dominadas, seus
sindicatos e centrais, e seus partidos revolucionários vão construindo os
passos adiante que devem ser dados, rumo a novas formas de luta de classe e aos
verdadeiros objetivos da classe operária.
Depressão econômica mundial: EUA
Os EUA estiveram no centro dos eventos detonadores da primeira fase
mais aguda da crise, com a sequência de falências de instituições financeiras a
partir de 2008. Apenas de maneira exemplificativa, enumeramos alguns dos
principais casos: Countrywide Financial (comprado pelo Bank of America), Bear
Sterns (J.P. Morgan por US$ 1 bilhão e mais um empréstimo do Federal Reserve de
Nova Iorque de US$ 29 bilhões), as agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie
Mac, Merrill Lynch (Bank of America), Lehman Brothers, a seguradora AIG
(resgatada pelo Federal Reserve de Nova Iorque por US$ 85 bilhões), Washington
Mutual (J.P. Morgan com garantias do órgão governamental de seguro de
depósitos, o FDIC), Wachovia (Wells Fargo), National City Corporation (PNC
Financial Services), entre centenas de outros. Além disto, o Tesouro dos EUA
fez aportes de capital de centenas de bilhões de dólares diretamente em quase
200 bancos (só no Citigroup foram mais de US$ 20 bilhões, com garantias
adicionais de US$ 306 bilhões), ao mesmo tempo em que emprestava para
seguradoras e empresas automobilísticas[17].
Não obstante todas essas ações, e passados cinco anos, uma lista não
oficial dos bancos americanos com problemas atingia 874 instituições, com
ativos somados de US$ 335 bilhões, em 30 de setembro deste ano[18].
Isso tudo sem contar as compras de todos os tipos de títulos podres
nas mãos de bancos, seguradoras, empresas não-financeiras, investidores, etc.,
por parte do Federal Reserve, em montantes que ultrapassaram a inimaginável
marca dos trilhões de dólares.
A catástrofe financeira do capitalismo nos EUA que presenciamos nestes
últimos cinco anos – cevada por décadas de criação infindável de capital
fictício, por uma política ativa da burguesia americana e de seus representantes
em desregulamentar de todas as formas o seu sistema financeiro, reação à
superacumulação de capitais, à queda da taxa de lucro, fatores que
impulsionaram a desindustrialização do país, com a consequente mudança desses
capitais para outros países, especialmente a China – constitui o maior exemplo
histórico de atuação dos aparelhos de estado capitalistas em sua função
primordial: contribuir para assegurar a reprodução do sistema capitalista.
Todas essas ações “extraordinárias” do Federal Reserve podem ser
resumidas no gráfico abaixo, pois elas têm expressão contábil, um registro, que
é feito no balanço patrimonial do banco central dos EUA. Essa criação de
capital fictício, quando o Federal Reserve cria dinheiro (do nada), é
registrada como seu passivo. Por outro lado, o uso que ele faz desse dinheiro
que criou, principalmente comprando títulos da dívida dos EUA (outro exemplo de
capital fictício) ou títulos de dívida privada, é lançado contabilmente como um
ativo. Assim, a evolução desses ativos é um indicador-síntese do montante da
criação de capital fictício emprestado ao sistema financeiro americano em crise.
Ou seja, até agora o Federal Reserve já criou US$ 2 trilhões em capital
fictício ao longo de quatro anos, de 2008 até 2012, e ainda anunciou mais US$ 40
bilhões em capital fictício fresquinho todos os meses... E esses US$ 2 trilhões
subestimam a criação de capital fictício, pois não contam as ações de outros
bancos centrais, nem os vários trilhões adicionados às dívidas públicas
nacionais.
Ativos totais do Fed (Banco
Central dos EUA)
Milhões de
dólares
Vimos, portanto, as limitações que tem o sistema financeiro dos EUA em
“contribuir” com a saída da crise, preocupado que está em resolver seus
próprios problemas, como o excesso de alavancagem; o alto endividamento das
famílias gerando, junto com o elevado desemprego, inadimplência; falta de
capital, etc. E, no entanto, vimos também que os EUA são, junto com a Alemanha,
os países imperialistas (desconsiderando a China) que estão se saindo “menos
pior” na crise. Como explicar esse paradoxo?
O gráfico abaixo pode ajudar a esclarecer o assunto. Com ele fica
fácil perceber que essa crise nos EUA está significando uma perda permanente de
riqueza, destruição de valor, como toda crise capitalista, porém em magnitude
muito mais significativa. Isso se expressa no novo nível, mais baixo, do
crescimento do PIB dos EUA em comparação com sua tendência anterior. Coisa de
US$ 1 trilhão...
As próprias análises dos economistas burgueses mostram que a crise por
que passa o sistema capitalista ainda está muito longe de ter um fim. Se nos
for permitido um pouco de humor nesta hora, em uma questão séria como essa da
crise do imperialismo, mostraremos um pouco do humor – involuntário? – do banco
central dos EUA.
Confirmando nossa tese de que a “ciência” (sic!) econômica burguesa
não tem qualquer condição de analisar a realidade e explicar a crise nem,
portanto, avaliar sua evolução, o Federal Reserve vem, seguidamente, prognosticando
o final da crise.
Os comunicados das decisões do Comitê de Política Monetária dos EUA
sobre a manutenção das baixas taxas de juros durante o período de depressão
desde 2007 mostram que, no início da crise, os economistas analisavam que a
atividade econômica se expandiria em breve e que, após “ações conjuntas sem precedentes” (outubro de 2008) dos bancos
centrais de diversos países, as previsões eram de condições econômicas fracas “por algum tempo” (dezembro de 2008). Nas
demais atas, as possibilidades de recuperação econômica passaram a ser
postergadas “por um longo período”
(março de 2009), para, a partir de 2011, as expectativas de baixos níveis de
atividade econômica serem postergadas para “pelo
menos até meados de 2013” (agosto de 2011), para “pelo menos até final de 2014” (janeiro de 2012) e agora para “pelo menos até meados de 2015” (setembro
de 2012)![19]
II – Crise do
imperialismo e aumento da exploração dos trabalhadores: saída da crise?
“O diretor,
diabo careca,
Estalou o ábaco,
resmungou:
‘crise!’
E pendurou a palavra
‘demissão’.”
Vladimir Maiakóvski[20].
Afirmamos acima que no capitalismo, tanto em seus momentos de
expansão, quanto em suas crises, o peso da acumulação do capital e da extração
do lucro recai sobre os trabalhadores e demais massas exploradas. Em uma
crise da magnitude da atual, esse fato é mais evidente, em suas diversas formas:
aumento do desemprego, eliminação/restrição dos “direitos trabalhistas” na
chamada precarização do trabalho, redução dos salários reais, aumentos na
jornada e na intensidade do trabalho, entre outros. Assim, depois da conjuntura
da crise atual nos EUA e na Europa, passaremos a apresentar e analisar os dados
do mercado de trabalho desses mesmos países, visando expor não apenas o aumento da exploração capitalista a que as classes
dominadas foram submetidas mas, principalmente, contra o que estamos lutando.
O panorama geral da
situação do mercado de trabalho na crise pode ser dado pela evolução da taxa de
desemprego. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou seu
relatório de perspectivas do emprego para 2012: até o final do ano, deverá
passar de 202 milhões o número de pessoas desempregadas em todo o mundo, um
aumento de 6 milhões em relação a 2011. O prognóstico é de que o índice cresça
6,1% em 2012. Para 2013, a previsão é de que o crescimento seja de 6,2%. Até
2016, 210 milhões de pessoas ainda estarão à procura de emprego, apesar da possível
retomada paulatina do crescimento econômico considerada naquele relatório. Para
a OIT, é pouco provável que a economia cresça em ritmo suficiente nos próximos
anos para cobrir o atual déficit de empregos[21].
No gráfico abaixo fica
claro, em primeiro lugar, o aumento do
desemprego em praticamente todos os países da Europa e nos EUA. Ou seja,
mesmo após os primeiros cinco anos, a crise não dá ainda nenhum sinal de se
encerrar.
Em segundo lugar, e não menos importante, o
gráfico acima mostra as expressivas diferenças entre os diferentes países,
tanto no nível da taxa de desemprego quanto no seu crescimento após a crise. A
observação da evolução mensal da taxa de desemprego também aponta essas
diferenças. O gráfico abaixo mostra o foco da crise iniciando nos EUA, com a
taxa de desemprego mais que dobrando, e, depois, mudando para a Europa, onde o
desemprego atinge níveis recordes desde que a área do euro foi criada em 2001.
Taxas mensais de desemprego
Fonte: http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/11/17/transatlantic-divergence/
De maneira similar às diferenças quanto ao
PIB, referidas acima, em relação à taxa de desemprego a mais marcante dessas
situações nacionais específicas é a da Alemanha. Não apenas a Alemanha
apresenta uma trajetória de desemprego inteiramente distinta da dos seus
vizinhos europeus como também é o único país imperialista no qual a taxa de
desemprego diminuiu na comparação entre 2012 e 2007.
Compare-se, por um momento, o gráfico acima,
das taxas de desemprego na Área do Euro (que usa uma média da região) e o
abaixo, à esquerda, que mostra o mesmo indicador para cada país europeu. Essa
comparação entre os gráficos deixa claro o que queremos expor: que a crise
tem impactos diferentes em cada país e que temos que apreender essas
características específicas da crise do imperialismo, ao menos nos principais
países imperialistas e dominados, para poder avançar nossa compreensão sobre a
conjuntura atual e os caminhos da luta de classes do proletariado.
Fontes: Gráfico da esquerda:
European Snapshot (http://europeansnapshot.com/2012/08/23/labor-markets-in-europe-a-largely-discouraging-picture/)
Gráfico da direita:
HUGHES e SALEHEEN. (2012). UK Labour
Productivity Since the Onset of the Crisis – an international and historical
perspective. Bank of England Quarterly
Bulletin, Segundo trimestre, p. 138-146. (http://www.bankofengland.co.uk/publications/Documents/quarterlybulletin/qb120204.pdf)
Para explicar essa discrepância tão
expressiva entre países que compartilham a mesma moeda temos que buscar as
razões históricas das condições da luta de classes em cada país, inclusive em
relação à sua produtividade (gráfico acima, à direita). No caso alemão, a anexação do lado
“socialista” pela parte capitalista, em 1989, permitiu desvalorizar o marco,
reduzindo o preço da força de trabalho. Além disso, essa anexação trouxe para o
mercado capitalista alemão um enorme contingente de trabalhadores qualificados
e com baixos salários, o que pressionou para uma redução geral de salários no
país, processo que apresenta semelhanças com a incorporação da força de
trabalho da ex-China socialista no atual processo de industrialização chinês[22].
Como mostra a revista Época, insuspeita de qualquer simpatia com a
causa do proletariado, em interessante matéria (embora usando seus termos e
conclusões):
“Antes da crise, as empresas alemãs já mostravam comedimento –
contratavam devagar e davam aumentos que acompanhavam os ganhos de
produtividade. (...) também por causa
da reforma trabalhista, iniciada em 2003.
Os contratos se tornaram mais flexíveis, para contemplar, por exemplo, empregos
por tempo determinado. Os ‘bancos de horas’ se tornaram difundidos e são
levados muito a sério – horas trabalhadas a mais, até certo limite, podem ser
convertidas em horas de folga futuras, o que dá flexibilidade às empresas para
produzir menos sem demitir.” (negrito nosso)[23].
Uma forma de quantificar o impacto nocivo
dessa “reforma trabalhista” sobre os salários alemães é considerar o chamado custo
unitário do trabalho. Esse indicador é calculado pela divisão da remuneração
média dos trabalhadores por unidade de mercadoria por eles produzida. O gráfico
abaixo, elaborado a partir de estatísticas da OCDE, traduz bem essa “pujança”
alemã na tecnologia e na capacidade de rebaixar o valor da força de trabalho:
em oito anos, aumento nominal praticamente zero nos custos trabalhistas das
empresas alemãs, quando ajustados pelo nível de produção. Vê-se novamente um
enorme contraste com as demais economias europeias.
Custo nominal unitário
do trabalho em todos os setores econômicos dos países da OCDE (2003-2011)
(2003=100)
Fonte: P. Boone e S. Johnson. The European Crisis Deepens.
Janeiro de 2012. Disponível em http://www.iie.com/publications/pb/pb12-4.pdf
É aqui, no momento mais agudo da luta de classes, no centro da própria
produção capitalista, que se cria terreno para o reformismo na luta dos trabalhadores. Ao invés de reivindicações
autônomas e crescentes da classe operária, com sua luta sindical se
generalizando em luta política até alcançar posições revolucionárias pela
derrubada do regime burguês do lucro, o reformista se acovarda e revela os
verdadeiros interesses que defende: os da burguesia. Ao invés de defender a
pauta dos operários, o reformista defende a pauta dos patrões: “não lutemos por
salários por enquanto. O mais importante é manter o emprego”, diz o reformista.
Dessa maneira, busca vincular o destino dos trabalhadores ao interesse dos
patrões. Para o reformista, o trabalhador só pode obter algo após garantir gordos
lucros para os patrões...
Em suma, já havia antes de 2008 e reforçou-se nos últimos anos,
trajetórias desiguais de crescimento econômico, emprego, salários e
produtividade, não apenas entre os países europeus, mas também entre estes e os
EUA. Diante da ausência de crescimento generalizado, as estratégias da
burguesia são as de sempre: demissões, cortes de salários, aumento da
exploração via ganhos de produtividade, “programas de ajuste econômico” e
“reformas” trabalhistas, previdenciárias, etc.
Passemos, agora, aos dados dos EUA
para verificar de quais formas têm se dado o aumento da exploração capitalista
na atual crise. A perda de empregos nesta recessão, na verdade uma real
depressão, é a mais profunda e prolongada de todas as crises do pós-guerra nos
EUA. De fato, após seis anos, ainda não houve recuperação do número de postos
de trabalho existentes em 2007, e isso sem contar o crescimento populacional.
Não apenas o gráfico acima coloca em xeque uma possível interpretação
de melhora do mercado de trabalho dos EUA, como a desagregação da taxa de
desemprego daquele país permite mostrar a real (e pior) situação dos
trabalhadores. O gráfico abaixo compara duas medidas de desemprego. A
tradicional considera qualquer posto de trabalho, formal ou informal, tempo
integral ou parcial, e com isso reduz o total de desempregados. Medida
alternativa (denominada “U6”) que permite medir, além do desemprego, a
precarização do trabalho (ainda que de maneira imperfeita), pois inclui os
trabalhadores que desistiram de procurar emprego recentemente (últimas quatro
semanas), mas o fizeram no último ano e os em tempo parcial por razões
econômicas (ou seja, contra sua vontade).
O aumento da distância entre as duas medidas, que quase dobrou,
passando de 3,7 pontos percentuais na média de 2007 para 6,6 p.p. de janeiro a
outubro de 2012, é um indicador objetivo e indiscutível da deterioração do
mercado de trabalho nos EUA. Para expressar em números, o chamado trabalho em
tempo parcial por razões econômicas passou de 4 milhões de trabalhadores, em
2007, para mais de 8 milhões atualmente. Por outro lado, o desemprego de longo
prazo, mais de 26 semanas sem trabalho, que atingia pouco mais de 1 milhão de
trabalhadores antes da agudização da crise, agora está em 5 milhões.
Mostramos que a quantidade e a qualidade do emprego
nos EUA pioraram sensivelmente depois do início da crise. Com as outras
dimensões do trabalho não seria diferente.
No que diz respeito aos salários, os mesmos valem
cada vez menos, com os reajustes já estando abaixo da mera reposição da
inflação, que está ao redor de 2% ao ano. Como se pode ver no gráfico abaixo, a
variação anual dos salários nominais para o conjunto dos trabalhadores já está
abaixo disso. Ou seja, salários reais estagnados, com ganho real zero ou mesmo
menos que isso.
Salários do setor
privado dos EUA, empregados na produção
(excluindo atividades
de supervisão)
(variação percentual anual)
Fonte: http://economistsview.typepad.com/timduy/2012/10/on-the-surface-better-but-underneath-the-same.html
Esse comportamento dos salários nominais é
puxado para baixo por uma parcela crescente dos trabalhadores americanos que
não está tendo reajuste nenhum, ou seja, “aumento” nominal zero. Conforme
afirma Paul Krugman:
“muitos trabalhadores estão recebendo
precisamente zero de aumento salarial em dólares (...) E tem havido um aumento abrupto na parcela de trabalhadores com
reajuste salarial zero (...) A
rigidez dos salários, mesmo nos Estados Unidos – que tem um dos mais ‘flexíveis’,
quer dizer, brutais, mercados de trabalho no mundo avançado, torna claro o quão
imenso é o custo da estratégia da zona do euro de "desvalorização
interna" – rebaixando os salários nas economias periféricas, até que a
competitividade seja retomada”.[24]
Para completar o cenário de redução do emprego e dos salários, só
falta comprovar (como se necessário fosse!) o aumento da exploração capitalista
na produção. Um indicador disso é a taxa de produtividade, que divide a
quantidade produzida pelas horas trabalhadas (ou pelo número de trabalhadores).
Para os EUA, tem havido ganhos significativos de produtividade após 2009,
refletindo aumento do PIB mesmo com demissões.
Ainda expressando o mesmo processo com outro indicador – e usando um
relatório oficial do governo dos EUA chamado de Relatório Econômico do
Presidente de 2012 – vemos no gráfico abaixo que a razão (markup) entre os preços e os custos salariais de produção saiu de
sua média histórica de 50 anos para valores recordes, processo iniciado mesmo
antes do começo “oficial” da recessão em 2007. Isso quer dizer que o
faturamento das empresas (aproximado no gráfico pelos preços) supera de maneira
recorde os custos salariais[25].
Razão dos preços sobre o custo unitário do trabalho,
Setor não-agrícola, 1947-2011
Razão dos
preços sobre o custo unitário do trabalho (onde Q = trimestre)
Ou seja, usando as esclarecedoras palavras dos professores que
comentam o Relatório Econômico do Presidente dos EUA em seu blog:
“A partir deste gráfico, qualquer um teria dificuldade em dizer que as
empresas americanas estão em más condições. A produtividade aumentou, o
crescimento salarial tem sido modesto, então
é obvio de onde vêm os lucros.” (grifo nosso).[26]
Assim o ganho de
produtividade significa aumento da exploração da força de trabalho.
A mensuração direta das margens de lucros na
economia dos EUA está coerente com todos os indícios levantados pela nossa
análise até agora. Isso quer dizer que do lado dos capitalistas, os lucros, o “aguilhão
da produção”, como dizia Marx, vão muito bem. E ninguém melhor do que o banco
central dos EUA, o Federal Reserve, para apresentar diversos textos com
especificações diferentes de margens de lucro. Atenção: os títulos dos gráficos
são do Fed, não nossos...
A
margem de lucro está alta
Margem de lucro das empresas não-financeiras
(após o pagamento de impostos) – US$
|
Taxa
de lucro das empresas está alta
Taxa de lucro (antes do pagamento de impostos como percentual do valor
adicionado bruto) - %
|
|
Nonfinancial =
não-financeiras Overall = todas
|
Marx,
em sua análise das Causas Contrariantes da Lei da Queda Tendencial da Taxa de
Lucro, mostra que a tendência à queda da taxa de lucro nada mais é do que a tendência ao
aumento da taxa de mais-valia, da exploração capitalista do trabalho assalariado,
uma vez que é inevitável que o capital constante cresça mais rapidamente que o
capital variável, levando ao aumento da produtividade do trabalho. Em outras
palavras, levando à inexorável acumulação de riqueza num polo e de miséria no
outro. Assim, a superexploração é uma necessidade do capital para contrarrestar
sua crise.
Como
nos mostra Marx em “A Lei Geral da Acumulação Capitalista”:
Produção progressiva de
uma superpopulação relativa ou de um exército industrial de reserva
Uma população de trabalhadores excedente é condição necessária para a
acumulação e para o desenvolvimento da riqueza capitalista, pois com o
desenvolvimento da produtividade do trabalho cresce a força de capital, e a
massa de riqueza cresce e impulsiona novos ramos de produção, nesses casos
grandes massas humanas tem de estar disponíveis para serem exploradas, sem prejudicar
a escala de produção nos ramos já existentes e a indústria moderna e os novos
métodos de produção dependem, portanto, da transformação constante de uma parte
da população trabalhadora em desempregados. (...)
Os movimentos dos salários não são determinados pelas variações do
número absoluto da população trabalhadora, mas pela proporção variável em que
essa população se divide em trabalhadores empregados e trabalhadores
desempregados. Com a introdução do progresso técnico, parte do capital variável
se transforma em capital constante, ou seja parte dos trabalhadores ficam
desempregados aumentando a reserva de trabalhadores, esse aumento de capital
absoluto não eleva procura por trabalho, nem a oferta de trabalho cresce com o
aumento da classe trabalhadora.
Formas de existência de
uma superpopulação relativa
(...)
Quanto maior a produtividade, maior a pressão dos trabalhadores sobre
os meios de emprego e mais precária a condição da própria venda da força de
trabalho.
Quanto maior a produtividade maior a acumulação, maior a acumulação de
riqueza e ao mesmo tempo acumulação de miséria. ‘Nas mesmas condições em que se
produz riqueza, produz-se também a miséria, nas mesmas condições em que se
processa o desenvolvimento da produtividade, desenvolve-se um cenário de
condições que só geram riqueza para a burguesia.’ [27]
III. A crise econômica é a crise da nova divisão internacional do
trabalho
A economia mundial, o
sistema imperialista e sua divisão internacional do trabalho são resultados da
reprodução do capital/luta de classes. Como mostram os dados apresentados neste texto,
a crise que se generalizou a partir de 2007-2008 é, em geral, a pior desde a
Grande Depressão, mas para alguns países a situação atual é bem pior que a de
1929. Portanto, esta crise é também, uma crise da nova divisão internacional do
trabalho, resultante das crises ocorridas a partir de meados da década de 1970[28].
E mais, esta crise também coloca em
questão a nova divisão internacional do trabalho.
A crise do imperialismo e o movimento de transformações
na economia mundial que ela acarreta, de mudanças na divisão internacional do
trabalho, reforçam as tendências de redução dos salários e de aumento do
desemprego nos países imperialistas, formas de buscar recuperar níveis mais
elevados de taxa de lucro. Apenas como exemplo, o gráfico abaixo mostra os
impactos dessas mudanças
na divisão internacional do trabalho na indústria dos EUA. Observa-se uma
enorme e constante perda de postos de trabalho no setor manufatureiro, desde o
começo dos anos 1980, passando do recorde de 19 milhões de operários para menos
de 12 milhões. Os impactos dessa desindustrialização nos salários e demais
“direitos trabalhistas” são óbvios.
Postos de trabalho da indústria manufatureira nos EUA
Milhares de empregados
Claro está que, ao menos parcialmente, esses
empregos que “desapareceram” nos EUA foram (re)criados nos países para os quais
as indústrias se transferiram, principalmente a China e suas cercanias. Mais
claro ainda que essa (re)criação se deu em condições infinitamente inferiores
para os trabalhadores.
Ainda que não possamos tratar devidamente
desta questão neste texto, podemos avançar algumas hipóteses provisórias, que
merecem mais trabalho de nossa parte em sua comprovação (ou não). A atual crise implica
potencialmente ajustes, rearranjos, na divisão internacional do trabalho como,
por exemplo, mudanças nas condições de acumulação da China, onde tem ocorrido uma multiplicidade de formas de
resistência da classe operária – dentre elas uma sequência de manifestações e
greves envolvendo milhares de operários de fábricas da Foxconn, responsável
pela montagem dos produtos da Apple[29]
– levando a aumentos no valor da força de trabalho. Ainda que os salários continuem
mais baixos em comparação com os países imperialistas, esses aumentos já têm
levado a alguma transferência de produção aos seus vizinhos com mão-de-obra ainda
mais barata.
Dado o rebaixamento das condições de reprodução da força de trabalho
nos países imperialistas, começam a surgir os primeiros indícios de que alguns
setores específicos já podem, inclusive, estar prospectando as condições para
retornar aos seus países de origem, dentre eles, retornar aos EUA. O que
poderia ser uma explicação para a pequena recuperação do emprego industrial, a primeira em 20 anos, destacada com o
círculo vermelho no gráfico acima.
Sobre isso, alguns estudos já apontam que:
“Melhores condições de contratação e um declínio nos pedidos de
seguro-desemprego são sinais encorajadores de que a economia está lentamente
melhorando. Enquanto estes ganhos no mercado de trabalho podem ser sustentáveis,
a qualidade dos empregos que estão
liderando esta melhora é fraca e confinada aos setores de baixos salários da
economia. (...) Enquanto
aproximadamente 41% dos empregos criados desde 2010 estão nos já mencionados
setores de baixos salários, esses só respondem por 29% do total da força de
trabalho. Eliminando as perdas de empregos do setor público, esses quatro subsetores de baixos salários
respondem por impressionantes 70% de todo esse aumento nos últimos seis meses.”
(grifos nossos)[30].
Da mesma forma, pode-se postular a hipótese
de que a atual depressão europeia levará a significativas reorganizações de seu
sistema econômico e suas relações de dominação, impactando, também, a divisão
internacional. Se temos, por um lado, o reforço da hegemonia alemã no
continente, temos também que o crescimento da produtividade da Espanha é o
maior dentre os europeus a partir de 2008.
Mas estes são ainda processos incipientes
que precisamos acompanhar atentamente e compreender com profundidade,
empregando e desenvolvendo o ferramental do marxismo, dadas as suas implicações
diretas na luta de classes e no acirramento das contradições do sistema
imperialista.
IV – Conclusão
O estado atual da conjuntura econômica e
social mundial, que buscamos descrever e quantificar neste documento, coloca de
forma absolutamente cristalina para a classe operária que sua única opção é
a resistência, a luta. A crise do imperialismo e o avanço degenerado da
burguesia sobre as condições de vida dos trabalhadores é um indispensável
processo de aprendizado para a nossa classe. Aprendizado de que não pode haver
futuro para os operários no capitalismo. Aprendizado de que, contra o
capitalismo, a classe operária só conta consigo mesma e com seus aliados das
demais camadas exploradas. Aprendizado de que, se queremos construir o nosso
mundo, o mundo dos trabalhadores, em oposição ao capitalismo, é preciso,
primeiro, derrubar o sistema burguês. Aprendizado de que, para alcançar esse
objetivo, novas e diferentes formas de luta, mais diretas, mais radicais, são
necessárias, não bastam as que já estão sendo feitas agora.
Essa experiência de luta já está sendo construída concretamente nas
ruas gregas, espanholas, portuguesas e francesas, entre muitas outras. Nesses
países já começa a ficar clara a oposição entre os interesses da classe
operária e os dos partidos de “esquerda” (sic!), que iludem as classes
dominadas com a proposta de uma saída da crise favorável ao povo pela via
capitalista, defendendo a tese esdrúxula de que o Estado capitalista possa ser
um escudo para os direitos da classe trabalhadora e do povo. O combate a essas
posições já encontra uma formulação clara, entre outros, nos documentos do KKE:
“[estes partidos] fornecem um álibi ao
capitalismo, alimentam ilusões e servem para o perpetuar, ainda
por cima num período em que um número cada vez maior de trabalhadores, gente
da labuta, está a perceber o impasse e procura uma saída da barbárie
capitalista”.
“Esta
linha também é confirmado pela nossa experiência, pelo desenvolvimento da luta
de classe na Grécia onde, como bem se sabe, foram organizadas 22 greves gerais
e inúmeras confrontações de classe multifacetadas, em que o PAME desempenhou um
papel principal, com base no slogan "sem vocês, trabalhadores, nenhuma
máquina funciona, mas vocês podem fazê-lo sem os patrões"
e se concentrou na organização da luta nas fábricas e nos locais de trabalho”.
(grifos nossos)[31].
No fundo, esse chamado do KKE nada mais é do
que recolocar a conclusão do Manifesto do Partido Comunista,
de Marx e Engels, mostrando que os trabalhadores não têm nada a perder além de seus grilhões. Temos um
mundo a ganhar.
Trabalhadores
de todos os países, uni-vos!
[1] MARX, Karl. O
Capital. Crítica da Economia Política. Livro Terceiro, Tomo I, Seção
III (Lei da Queda da Taxa de Lucro), Capítulo XIV (Causas Contrariantes). 3ª
Edição. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 168-170.
[2] Sobre esse assunto, já postamos no nosso blog Cem
Flores, em
7 de julho de 2012, o texto
Como o Comitê Central da Burguesia decide as medidas de política econômica. Disponível em http://cemflores.blogspot.com.br/2012/07/como-o-comite-central-da-burguesia.html.
Como o Comitê Central da Burguesia decide as medidas de política econômica. Disponível em http://cemflores.blogspot.com.br/2012/07/como-o-comite-central-da-burguesia.html.
[3] Nos EUA, pelo National
Bureau of Economic Research (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica,
NBER), em seu Comitê de Datação de Ciclo de Negócios. Ver em http://www.nber.org/cycles.html. Na
Europa, de maneira similar, pelo Centre
for Economic Policy Research (Centro de Pesquisas em Política Econômica,
CEPR), no Comitê de Datação de Ciclo de Negócios da Área do Euro. Ver em http://www.cepr.org/data/dating/.
[5] A esse respeito, basta
ler o primeiro parágrafo do resumo executivo do documento de perspectivas para
a economia mundial, divulgado na referida reunião:
“La recuperación ha sufrido nuevos
reveses, y la
incertidumbre constituye una pesada carga
para las perspectivas. Una causa fundamental es que las políticas en las principales economías avanzadas no han logrado restablecer la confianza en las
perspectivas a mediano plazo. Los riesgos extremos, como
los relativos a la viabilidad de la zona del euro o a que se cometan errores graves en la conducción de la política fiscal de Estados Unidos, continúan preocupando a
los inversionistas. El pronóstico de Perspectivas de la
economía mundial (informe WEO, por sus siglas en
inglés) apunta tan solo a un fortalecimiento
gradual de la actividad con
respecto al decepcionante
ritmo registrado a comienzos de 2012. El
crecimiento mundial, que se proyecta
será de 3,3% y 3,6% en 2012 y 2013, respectivamente,
es más débil que el previsto en la actualización
del informe WEO de julio de 2012, y este a su
vez fue inferior al previsto en el informe WEO de abril
de 2012 (capítulo 1). Se prevé
que en las economías avanzadas el producto seguirá deprimido, pero que será relativamente sólido en muchas
economías de mercados emergentes y en desarrollo. El
desempleo probablemente permanecerá en niveles
elevados en muchas partes del mundo. Y las
condiciones financieras seguirán siendo
frágiles, según se indica en la
edición de octubre de 2012 del informe sobre la estabilidad financiera mundial”.
Sublinhados nossos. Disponível em http://www.imf.org/external/spanish/pubs/ft/weo/2012/02/pdf/texts.pdf.
[6] Por isso mesmo, esse programa foi chamado de
“infinito” pelos próprios banqueiros! Ver artigo Novas reflexões sobre
afrouxamento quantitativo, de Jim O’Neill, do Goldman Sachs, O Estado
de São Paulo, 23/09/2012. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,novas-reflexoes-sobre-afrouxamento-quantitativo-,934610,0.htm.
[7] Fontes: Banco Central
Europeu: http://www.ecb.int/press/pressconf/2012/html/is120906.en.html. Federal Reserve: http://www.federalreserve.gov/newsevents/press/monetary/20120913a.htm. Banco do Japão: http://www.boj.or.jp/en/announcements/release_2012/rel120919b.pdf.
As ações desses três bancos centrais, em setembro,
foram antecedidas pelo Banco da Inglaterra, em julho, com o aumento de 50
bilhões de libras (aproximadamente US$ 80 bilhões) no seu afrouxamento
monetário, que agora atinge 375 bilhões de libras (US$ 600 bilhões), conforme http://www.bankofengland.co.uk/monetarypolicy/Pages/qe/default.aspx.
Além dessas ações, e confirmando o caráter mundial do
agravamento da depressão mundial, a China anunciou, também em setembro, um novo
programa de estímulos fiscais, com montante estimado em US$ 150 bilhões (http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,china-anuncia-pacote-de-estimulo-de-us-150-bilhoes,125938,0.htm
ou http://en.wikipedia.org/wiki/Chinese_economic_stimulus_program).
[8] Esses parágrafos resumem alguns dos pontos desenvolvidos
nos artigos que compõem a parte II do livro Luta de Classes, Crise do
Imperialismo e a Nova Divisão Internacional do Trabalho, disponível em http://www.quefazer.org/parteDue.html.
As informações para a sua aquisição estão em http://www.quefazer.org/libro.html.
[9] A tarefa candente para os revolucionários em
todo o mundo é a de transformar a crise do imperialismo em revolução, junho de 2010. Disponível em
http://www.quefazer.org/tarefa.html
e http://cemflores.blogspot.com.br/2010/06/tarefa-candente-para-os-revolucionarios.html.
[10] Conforme, respectivamente, Paul Krugman, The
Lesser Depression, New York Times, 21/07/2011, disponível em http://www.nytimes.com/2011/07/22/opinion/22krugman.html?_r=0,
e Barry Eichengreen e Kevin O’Rourke, A Tale of Two Depressions, VoxEU,
06/04/2009, disponível em http://voxeu.org/article/tale-two-depressions-what-do-new-data-tell-us-february-2010-update.
[11] “Chega de intermediários. Lincoln Gordon para presidente!”. Frase
de Otto Lara Rezende que a União Nacional dos Estudantes utilizou para
demonstrar a subserviência do Brasil aos EUA. Lincoln Gordon foi embaixador americano
no Brasil, no início dos anos 1960, tendo importante papel no apoio ao golpe
militar de 1964.
[12] Para detalhes exaustivos, ver o último relatório do
FMI sobre a Grécia, de março deste ano, disponível em http://www.imf.org/external/pubs/ft/scr/2012/cr1257.pdf.
[13] FMI. The IMF and Europe, http://www.imf.org/external/np/exr/facts/pdf/europe.pdf, setembro de 2012.
[14] Paul Krugman. The Greek Vise. 06/02/2012.
Disponível em: http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/02/06/the-greek-vise/.
[15] Folha
de São Paulo.
Desemprego na
Espanha supera 24% e bate recorde em 16 anos.
27/04/2012. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1082271-desemprego-na-espanha-supera-24-e-bate-recorde-em-16-anos.shtml.
[16] EFSM:
European Financial Stabilization
Mechanism (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira), http://ec.europa.eu/economy_finance/eu_borrower/efsm/index_en.htm.
Fundo europeu permanente, com capacidade de empréstimo alegada de até 60
bilhões de euros (aproximadamente US$ 78 bilhões) para cada país.
EFSF: European Financial Stability Facility (Fundo Europeu de
Estabilidade Financeira), http://ec.europa.eu/economy_finance/european_stabilisation_actions/efsf/index_en.htm.
Fundo temporário, substituído pelo ESM.
ESM: European Stability Mechanism (Mecanismo Europeu de Estabilidade), http://ec.europa.eu/economy_finance/european_stabilisation_actions/esm/index_en.htm.
Mecanismo europeu permanente com capacidade de financiamento de alegados 500
bilhões de euros (US$ 650 bilhões).
A tabela abaixo resume os
montantes desses empréstimos, tendo como fonte os links acima.
Ver
também tabela disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/European_Stability_Mechanism.
[17] Uma cronologia
detalhada da crise do sistema financeiro nos EUA está disponível no sítio do
Federal Reserve de Saint Louis: The
Financial Crisis. A Timeline of Events and Policy Actions, em
http://timeline.stlouisfed.org/index.cfm?p=timeline.
[19] As
referidas comunicações do Federal Reserve estão disponíveis em http://www.federalreserve.gov/newsevents/press/monetary/2012monetary.htm.
[20] Maiakovski,
Vladimir. Vladimir Ilitch Lenin: poema. São Paulo: Anita
Garibaldi/Fundação Maurício Grabois, 2012, p. 44
[21] O Estado de São Paulo. Desempregados no mundo em 2012 serão mais de 202
milhões. 30/04/2012. Disponível em http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20geral,desempregados-no-mundo-em-2012-serao-mais-de-202-milhoes,110737,0.htm.
[22] A crise do imperialismo expressa o
agravamento de todas as suas contradições, outubro de 2006. Disponível em http://www.quefazer.org/crise_imperialismo_expressa_agravamento.html.
[23] Época. Por
que a Alemanha é diferente? 23/01/2012, p.
66-70. Disponível em http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/01/por-que-alemanha-e-diferente.html.
[24]
http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/04/03/screw-your-analysis-to-the-sticky-point/.
A matéria apresenta gráfico com as variações nominais dos salários. Não se sabe
se o mais impressionante é o percentual de mais de 16% dos trabalhadores
americanos ganhando zero, ou se é a expressiva parcela que tem reduções
nominais de salários, ou ainda o título do artigo que originalmente apresenta
esses dados: “Why Has Wage Growth
Stayed Strong?”. É isso mesmo o que vocês leram, por que o crescimento
dos salários permaneceu forte... Dúvida? Veja em http://www.frbsf.org/publications/economics/letter/2012/el2012-10.html.
[25]
O indicador
também quer dizer que “Porque o markup
dos preços sobre os custos unitários do trabalho é o inverso da participação do
trabalho no produto, dizer que um aumento no preço de markup é o maior da
história do pós-guerra é equivalente a dizer que a participação do trabalho
no produto caiu para o seu nível mais baixo.” 2012
Economic Report of the President, pg. 64, grifo
nosso (http://www.whitehouse.gov/sites/default/files/microsites/ERP_2012_Complete.pdf).
[27] Marx, K., Teoría Econômica. Edição e seleção de Robert Freedman.
Ediciones Península. Madrid, 1967, p. 162-172
(tradução nossa).
[28] A crise do imperialismo é a crise da divisão
internacional do trabalho, junho de 2009. Disponível em http://www.quefazer.org/criseImperialismo.html.
[31] KKE. Luta
pelo Derrube do Capitalismo, Não Pelo Seu Branqueamento. 05/12/2011.
Reproduzido em http://cemflores.blogspot.com.br/2011/12/voces-trabalhadores-nenhuma-maquina.html.
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