quinta-feira, 15 de setembro de 2016

152 Anos da Associação Internacional dos Trabalhadores: a atualidade e lições de sua Mensagem Inaugural.

Neste mês se comemora os 152 anos do surgimento da Associação Internacional dos Trabalhadores, esse esforço heróico e original do proletariado mundial em sua luta contra o capital. Os comunistas e fundadores do marxismo foram desde o início dedicados militantes e dirigentes dessa organização, colaborando, através da luta política e ideológica com outras correntes do movimento operário, para que a classe cumprisse seu objetivo: emancipar-se por conta própria. A "1ª Internacional" acabou em 1872, sendo um marco sobre o qual iriam partir as posteriores iniciativas internacionalistas da classe operária.

Abaixo reproduzimos a Mensagem Inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores, de Karl Marx (Obras Escolhidas, Editorial Avante!, Tomo II), de 1864, ano da fundação da Associação. Marx, um de seus principais dirigentes junto com Engels, também redigiria seus estatutos.

A mensagem, como verão, é espantosa pela sua atualidade. Primeiro por apontar uma tendência geral do capitalismo que vem se reforçando globalmente no atual momento histórico: a constituição de um pólo da sociedade em prosperidade e outro em constante miséria. Como diz o Chanceler do Tesouro Público da época na caneta de Marx: "Este inebriante aumento de riqueza e poder está inteiramente confinado às classes possidentes!". No capitalismo não é possível um desenvolvimento igualitário entre as classes pois "os senhores da terra e os senhores do capital sempre usarão os seus privilégios políticos para defesa e perpetuação dos seus monopólios económicos. Muito longe de promover, continuarão a colocar todo o impedimento possível no caminho da emancipação do trabalho.”. Ou seja, sem colocar em questão o poder das classes dominantes, através de um "concurso fraterno", longe dos "preconceitos nacionais”, tudo é ilusão. Nas palavras de Marx na mensagem "conquistar o poder político tornou-se, portanto, o grande dever das classes operárias."

A mensagem também é brilhante ao destruir, há mais de 150 anos atrás, qualquer ilusão reformista com o desenvolvimento econômico capitalista como alternativa para a classe operária e os trabalhadores, ilusão hoje tão presente nas organizações ditas de “esquerda”:

"Em todos os países da Europa, tornou-se agora uma verdade demonstrável a todo o espírito sem preconceitos e apenas negada por aqueles cujo interesse está em confinar os outros a um paraíso de tolos que nenhum melhoramento da maquinaria, nenhuma aplicação da ciência à produção, nenhuns inventos de comunicação, nenhumas novas colónias, nenhuma emigração, nenhuma abertura de mercados, nenhum comércio livre, nem todas estas coisas juntas, farão desaparecer as misérias das massas industriosas; mas que, na presente base falsa, qualquer novo desenvolvimento das forças produtivas do trabalho terá de tender a aprofundar os contrastes sociais e a agudizar os antagonismos sociais.”