quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A luta contra o revisionismo


“O movimento proletário revolucionário em geral e o movimento comunista em particular, que crescem em todo o mundo, não podem deixar de analisar e desmascarar os erros teóricos do ‘Kautskismo’. Isto é tanto mais necessário quanto o pacifismo e a ‘democracia’ em geral – que não têm as mínimas pretensões de marxismo, mas que, exatamente como Kautsky & Companhia, dissimulam a profundidade das contradições do imperialismo e a inelutabilidade da crise revolucionária que este engendra – são correntes que ainda se encontram extraordinariamente espalhadas em todo o mundo. A luta contra tais tendências é obrigatória para o partido do proletariado, (...)”.[1]

Se nos consideramos comunistas – e isto significa que nos baseamos inteiramente, como afirma Lênin[2], na ciência criada por Marx e Engels, na ciência que a tradição do movimento comunista designa por marxismo-leninismo e que pela primeira vez converteu o socialismo de utopia em ciência – não podemos deixar de ser herdeiros de toda a experiência da luta de classes, de suas lições teóricas e práticas, de toda a experiência da prática comunista na luta de classes, da luta de classes dirigida por seu partido.
Não podemos desconsiderar que a luta de classes nos ensinou muito após Marx e Engels, e mesmo depois de Lênin e Mao Tse-Tung. Não podemos desconsiderar a extraordinária experiência da luta de classes por todo o mundo, a experiência da Revolução Soviética, da Revolução Chinesa, das diversas experiências de construção do socialismo, da luta do proletariado contra a burguesia, da luta de massas contra o fascismo, pela libertação dos países dominados, da heróica luta do povo vietnamita, dos negros nos EUA e tanto mais.
Somos herdeiros de toda a experiência da luta de classes, suas grandes vitórias, seus fracassos e suas crises. Lênin nos mostrou que quando sabemos analisar a fundo a causa de um fracasso na luta de classes e daí tirar lições, esta lição sempre nos ensina mais do que a experiência de uma vitória, porque nos obriga a ir à raiz das coisas. E hoje, diante da crise que vive o movimento revolucionário no mundo todo após o 20º Congresso do PCUS e a cisão do movimento comunista, é necessário que façamos a análise da crise que vivemos, de toda a história da luta de classes, porque a crise do movimento revolucionário não pode nos impedir de ver a outra crise sem precedentes na qual se encontra o imperialismo.
A Revolução está na ordem do dia, e esta é a razão pela qual é tarefa urgente dos comunistas fazer o balanço do movimento revolucionário e, retomando o marxismo-leninismo, armados com a ciência do marxismo-leninismo e com lições tiradas da experiência das lutas de classes, assumir nosso posto junto ao proletariado, fazer a revolução.
Estas são as razões porque avaliamos importante reproduzir aqui a intervenção da camarada Ana Barradas, em sessão de homenagem a Francisco Martins Rodrigues, dirigente comunista português, no Museu República e Resistência em 27/06/08. A experiência de Francisco Martins Rodrigues – dos camaradas portugueses que lutaram e lutam contra o desvio do partido comunista português que se tornou veículos do revisionismo e do avanço da ideologia burguesa dentro do partido e do proletariado, de seus dirigentes que, como diz Lênin no prefácio às edições Francesa e Alemã do “O Imperialismo”[3], se tornaram lugares-tenentes operários da classe dos capitalistas, lugares-tenentes da burguesia do movimento revolucionário– é rica em ensinamentos para todos nós comunistas, daí a importância da intervenção que reproduzimos a seguir.

sábado, 28 de agosto de 2010

A crise crónica ou o estádio senil do capitalismo – Tom Thomas

Dois espectros rondam o mundo capitalista – não só o espectro do comunismo como também o da crise geral do imperialismo.
"O que começa é um longo período de perturbações e de revolução social que, com altos e baixos, derrotas e vitórias, se estenderá por vários decénios. O que começa é a necessidade de ultrapassar os primeiros grandes obstáculos à constituição dos proletários como classe independente, tais como: a ideia de que o Estado poderia não ser capitalista com um governo de esquerda, que a organização de um partido revolucionário comunista não é uma necessidade, que a luta de classes não precisa da teoria marxista, etc…" (Tom Thomas) [1]
Se o espectro do comunismo já deixava em pânico a burguesia por todos os cantos do mundo capitalista à época de Marx e Engels, a recente fase da nova “grande depressão” que vem se desenrolando desde o início dos anos 1970, e que se reabriu em meados de 2007, esta aí para assombrar, por todos os cantos, as classes dominantes que não se resignam a perceber que se aproxima a hora do fim da exploração capitalista e de toda a sociedade baseada em classes.
De que as classes dominadas com o proletariado a sua frente começam a sair da defensiva em que se encontravam e reiniciam sua marcha para retomar a teoria marxista, reconstruir o partido revolucionário e fazer a revolução.
Em razão desta conjuntura nosso coletivo tem buscado não só produzir análises da conjuntura mundial da luta de classes, da crise da economia mundial, do imperialismo, como da conjuntura brasileira, de forma a contribuir para a luta da classe operária e do conjunto das classes dominadas na luta de classes.
Portanto, é necessário dar conhecimento a todos os camaradas que nos lêem a importante contribuição de Tom Thomas para a luta do proletariado, autor que conhecemos por meio de seus textos publicados, ou no sítio da Política Operária [2] revista dos comunistas portugueses dirigida por Francisco Martins Rodrigues [3] até seu falecimento em 22 de abril de 2008 e hoje pela Cooperativa Política Operária, ou no sítio O Comuneiro, [4] revista eletrônica dirigida por Ângelo Novo e Ronaldo Fonseca e, ainda, pela Edições Dinossauro, [5] que publicou de Tom Thomas, “A crise crônica ou o estado senil do capitalismo” em 2007; em 2003, “O Estado e o Capital. O exemplo francês” e em 2000, “A hegemonia do capital financeiro e a sua crítica”.
Avaliando em nosso coletivo a importância de divulgar a contribuição teórica de Tom Thomas à compreensão do marxismo-leninismo e do estágio atual da crise do imperialismo, decidimos postar a “Introdução” a seu último texto publicado pelas Edições Dinossauro, “A crise crônica ou o estado senil do capitalismo”, que retiramos do sítio da Política Operária. [6]

sábado, 17 de julho de 2010

Marx: sobre as possibilidades e as formas das crises

[*]
10. A crise, uma possibilidade que se torna realidade. A crise, revelação de todas as contradições da economia burguesa
Antes de dar um passo adiante, vejamos o seguinte:
A dissociação entre o processo de produção (imediato) e o processo de circulação também evidencia e desenvolve mais a possibilidade da crise, a qual aparecia na mera metamorfose da mercadoria. [165] Quando os dois processos não se convertem um no outro com fluidez, mas se afirmam independentes um do outro, sobrevém a crise.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A tarefa candente para os revolucionários em todo o mundo é a de transformar a crise do imperialismo em revolução

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“(...) O idealismo e a metafísica são as coisas mais fáceis deste mundo porque, não sendo baseados na realidade objetiva nem submetidos à sua contraprova, permitem que as pessoas digam toda a espécie de disparates que lhes aprouver. O materialismo e a dialética, pelo contrário, exigem esforço. Devem ser baseados e comprovados pela realidade objetiva. Se não nos esforçamos nesse sentido haverá propensão para sermos arrastados para o idealismo e a metafísica (...)” [1].

O primeiro ponto que é necessário deixar claro é o de que este texto é resultado de um trabalho coletivo ou, melhor dizendo, do trabalho de um conjunto de camaradas que tem claro a importância da teoria revolucionária para a prática revolucionária, da tarefa de empunhar a “arma da crítica” para iluminar sua prática.

E ao dizer isto, ao utilizar somente a primeira parte da frase de Marx em seu texto sobre a filosofia do direito de Hegel [2], temos a consciência de que a afirmação de Marx sobre a necessidade de passar da arma da crítica à crítica das armas não representa da parte de Marx, nem de nossa parte, uma subestimação da teoria, até porque foi Marx, teórico e dirigente principal e inconteste do que havia de mais avançado do movimento revolucionário em sua época, quem com sua prática na luta de classes, produziu pela primeira vez o encontro da teoria revolucionária do proletariado com a prática do proletariado na luta de classes.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sobre os sindicatos, o momento atual e os erros de Trótsky


[1]
V. I. Lênin
30 de dezembro de 1920
Camaradas:
Antes de tudo, devo pedir desculpas por haver infringido o regulamento, pois para participar das discussões teria de ter ouvido, naturalmente, o informe, o co-informe e os debates. Infelizmente, meu estado de saúde não me permitiu. Mas ontem tive oportunidade de ler os documentos mais importantes impressos e de preparar minhas observações. Logicamente, a infração ao regulamento a que me referi, implica em certos inconvenientes para vocês: é possível que faça repetições por não saber o que os outros disseram e não responda o que deveria ser respondido. Mas não pude fazer de outro modo.
    Meu material básico é o folheto do camarada Trótsky Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos. Comparando este folheto com as teses que ele apresentou no Comitê Central, e lendo-o com atenção, assombra-se a quantidade de erros teóricos e de inexatidões flagrantes que contém. Ao iniciar uma grande discussão no seio do Partido sobre este problema, como pôde preparar uma coisa tão infeliz em vez de apresentar algo mais pensado? Assinalarei, brevemente, os pontos fundamentais nos quais, em minha opinião, há erros teóricos essenciais.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Como ler O Capital?


Louis Althusser
O Capital foi publicado há um século (1867). Continua sempre novo, mais do que nunca atual e de uma atualidade queimante.
Os ideólogos burgueses, mesmo se são "economistas", "historiadores", ou "filósofos" passaram seu tempo, há cerca de um século tentando "refutá-lo".
Declararam que as teorias do valor trabalho, da mais-valia e da lei do valor são teses "metafísicas" que nada têm a ver com a economia "política". Efetivamente, elas nada têm a ver com a economia "política" deles. O último destes ideólogos é Raymond Aron. Literialmente, ele repete velharias[2] quando, acredita inventar novidades.
Aqueles entre os proletários que lêem O Capital podem compreendê-lo mais facilmente do que todos os especialistas burgueses, por mais "cultos" que sejam.
Por quê? Porque o Capital fala pura e simplesmente da exploração capitalista da qual eles são as vítimas. O Capital desmonta e demonstra os mecanismos desta exploração que os operários sofrem todos os dias, sob todas as formas que a burguesia põe em ação: aumento da jornada de trabalho, intensificação da produtividade, das cadências, diminuição dos salários, desemprego, etc. "O Capital" é de fato seu livro de classe.
Além dos proletários outros leitores levam O Capital a sério: trabalhadores assalariados, empregados, quadros, etc. e de uma maneira geral alguns dos que chamamos "trabalhadores intelectuais" (professores, pesquisadores, engenheiros, técnicos, médicos, arquitetos, etc.) sem falar dos jovens dos liceus e estudantes. Todos estes leitores, ávidos de saber, desejam compreender os mecanismos da sociedade capitalista, para orientar-se na luta de classes, lêem O Capital, que é a obra científica e revolucionária que explica o mundo capitalista; lêem Lênin que prolonga Marx, e explica que o capitalismo chegou a seu estágio supremo: o imperialismo.
Duas dificuldades:
Dito isto, não é fácil para todo mundo ler e compreender O Capital.
É necessário saber, de fato, que esta leitura apresenta duas grandes dificuldades: uma dificuldade n° 1, política, que é determinante; e uma dificuldade n° 2, teórica, que é subordinada.
A dificuldade nº 1 é política. Para "compreender" O Capital, é necessário, ou bem (como os operários) ter a experiência direta da exploração capitalista, ou então como os militantes revolucionários, (quer eles sejam operários ou intelectuais) ter feito o esforço necessário para chegar "às posições da classe operária". Os que não são nem operários nem militantes revolucionários, mesmo se são muito "cultos" (como os "economistas", "historiadores" e "filósofos"), devem saber que o preço a pagar por esta compreensão é uma revolução em sua consciência, massiçamente dominada pelos preconceitos da ideologia burguesa.
A dificuldade n° 2 é teórica. Ela é secundária com relação à dificuldade n° 1, mas é real. Os que têm o hábito de trabalhar na teoria, antes de tudo os cientistas das várias ciências (as Ciências humanas são em cerca de 80% falsas ciências, construções da ideologia burguesa), podem superar as dificuldades que provêm do fato de que O Capital é um livro de teoria pura. Os outros, por exemplo, os operários, devem realizar um esforço contínuo, atento e paciente para aprender a avançar na teoria. Nós os ajudaremos. E eles verão que esta dificuldade não está acima de suas forças.
Que eles saibam apenas, por ora:
1 - Que O Capital é um livro de teoria pura: que ele faz a teoria do "modo de produção capitalista, das relações de troca que lhe pertencem" (Marx), que o Capital tem portanto um objeto "abstrato" (que não se pode "tocar com as mãos"); que ele não é portanto um livro de história concreta ou de economia empírica como o imaginam os "historiadores e os economistas";
2 - Que toda teoria se caracteriza pela abstração de seus conceitos, e o sistema rigoroso de seus conceitos; que é necessário portanto aprender a praticar a abstração e o rigor; conceitos abstratos e sistemas rigorosos não são fantasias de luxo, mas os instrumentos mesmos da produção dos conhecimentos científicos, exatamente como os instrumentos, máquinas e sua regulação de precisão, são os instrumentos da produção dos produtos materiais, automóveis,transistores, etc.
Tomadas estas precauções, eis aqui alguns conselhos práticos elementares para a Leitura do Livro I do Capital.
As maiores dificuldades teóricas e outras, que constituem obstáculos para uma leitura fácil do Livro I do Capital estão infelizmente (ou felizmente) concentradas no começo mesmo do Livro l, muito precisamente em sua Seção I, que trata da mercadoria e da moeda.