segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre as cem flores II

“(...) “Que cem flores desabrochem, que cem escolas rivalizem” não é apenas um bom método para desenvolver a ciência e a arte, mas também, se for generalizada a sua aplicação, um bom método para efetuar todo o nosso trabalho. Este método permite-nos cometer menos erros. Há muitos assuntos que não entendemos e que, por conseqüência, não sabemos como abordar; mas, através da discussão e da luta, chegaremos a compreendê-los e a resolve-los. A verdade desenvolve-se na confrontação das diversas opiniões. Este método permanece válido em relação ao que é venenoso e antimarxista, pois é na luta contra o que é antimarxista que o Marxismo se desenvolve. É o desenvolvimento através da luta dos contrários, o desenvolvimento dialético das coisas (...).”
(TSÉ-TUNG, Mao. Discurso na Conferência sobre o trabalho de propaganda. In.: Obras Escolhidas. Vol. V, 2ª edição. Lisboa: Editora Vento de Leste, 1977, p. 516). (negrito nosso)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Sobre as cem flores

Poder-se-á perguntar: pode o Marxismo ser criticado, uma vez que a maioria das pessoas do nosso país o reconheceu já como ideologia orientadora? Com certeza. O Marxismo, como verdade científica que é, não teme a crítica. Se o Marxismo temesse as críticas e pudesse ser derrotado por elas, então ele não teria valor algum. Na realidade, não é o Marxismo criticado diariamente e de todas as maneiras possíveis pelos idealistas? Não é verdade que as pessoas que se atêm aos pontos de vista burgueses e pequeno-burgueses e que não desejam modificá-los criticam de todas as maneiras possíveis o Marxismo? Os marxistas não devem temer a crítica, venha ela de onde vier. Pelo contrário, devem temperar-se, desenvolver-se e conquistar novas posições no calor da crítica e na tormenta da luta. Lutar contra as idéias erradas é como uma vacina; o organismo humano fortalece a sua imunidade graças à ação da vacina. As plantas de estufa não podem ser robustas. A política de “Que cem flores desabrochem” e “Que cem escolas rivalizem”, longe de enfraquecer a posição orientadora do Marxismo no plano ideológico, pelo contrário, reforçá-la-á (...). ” (TSÉ-TUNG, Mao. Justa solução das contradições no seio do povo. In.: Obras Escolhidas. Vol. V, 2ª edição. Lisboa: Editora Vento de Leste, 1977, p. 490)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Elementos de Autocrítica - Althusser

Retirei alguns trechos de um artigo de Althusser, grande comunista francês, um dos expoentes da retomada do marxismo para o seu leito revolucionário [Posições. Elementos de Autocrítica. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1978]. São trechos que conclamam não somente a falar na defesa do marxismo, mas praticá-lo cientificamente. Exercício esse que significa escoimar quaisquer aspectos teoricistas, positivistas e especulativos.

Tarefa que na luta de classes significa, como nos ensina Althusser: “mesmo se for preciso - e é preciso – ‘trabalhar’ até o infinito no seu traçado, para evitar a queda no positivismo e na especulação”. Se mover na luta sob a luz dessa teoria. Elevar a luta para que essa luz brilhe mais intensamente, para que a classe operária sob essa claridade possa ver a si mesma, sua condição e sua força, ver o seu inimigo e derrotá-lo. Levar a classe operária a aprender por si mesma a reconhecer nessa luta a possibilidade do futuro comunista.

(...) podemos nos declarar a favor da teoria marxista, mas defendê-la em posições especulativas, portanto não-marxistas; da mesma forma podemos nos declarar a favor da ciência marxista, mas defendê-la em posições positivistas portanto não-marxistas - com todos os efeitos subseqüentes. Ora, só podemos defender a teoria e a ciência marxista em posições materialista-dialéticas, portanto não-especulativas e não-positivistas, tentando pensar essa realidade propriamente inaudita, porque sem exemplo: a teoria marxista como teoria revolucionária, a ciência marxista como ciência revolucionária.
O que é propriamente inaudito nessas expressões é aliar teoria a revolucionária (“sem teoria/objetivamente/revolucionária, não há Movimento/objetivo/revolucionário”. Lênin), e porque ciência é o indício da objetividade da teoria, aliar ciência a revolucionária.
(Página 88)

(...) Temos então o direito e o dever, como o fizeram todos os Clássicos, de falar de teoria marxista, e, no seio da teoria marxista, de uma ciência e de uma filosofia, sob reserva de não cair no teoricismo, na especulação ou no positivismo. E para ir diretamente ao ponto mais sensível: sim, temos teoricamente o direito e politicamente o dever de retomar e de defender, a propósito do marxismo-leninismo, na trincheira da palavra, a categoria filosófica de “ciência”, e de falar da fundação por Marx de uma ciência revolucionária, encarregada absoluta de nos explicar as condições, a razão e o sentido desse binômio inaudito, que faz “mexer” algo de decisivo na nossa idéia da ciência. (Página 89)

(...) Sim, temos razão de falar de um núcleo científico irrecusável e incontornável no marxismo, aquele do Materialismo histórico, a fim de traçar uma linha vital de demarcação, nítida, sem equívoco (mesmo se for preciso - e é preciso – “trabalhar” até o infinito no seu traçado, para evitar a queda no positivismo e na especulação) entre, de um lado, os proletários que têm necessidade de conhecimentos objetivos, verificados e verificáveis, enfim científicos , para triunfar, não em frases, mas nos fatos, de seus adversários de classe; e, de outro lado, não somente os burgueses que, evidentemente, recusam ao marxismo qualquer título científico, mas também aqueles que se contentam com uma “teoria” pessoal ou presumível, fabricada por sua imaginação ou 'desejo' pequeno-burguês, ou que repudiam toda a idéia de teoria científica, e até a palavra ciência, e mesmo teoria, sob o pretexto de que toda ciência ou mesmo toda teoria seriam na essência “reificantes”, alienantes, e portanto burguesas. (Páginas 89 e 90)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Algumas lições da crise para a nossa luta

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A crise prolongada que o imperialismo vem atravessando nas últimas décadas entrou, desde agosto de 2007, em sua fase aberta. A superacumulação generalizada de capitais sem condições de serem aplicados na produção à taxa de lucro média obtida em períodos anteriores, somada à gigantesca destruição de capital fictício e ao travamento dos circuitos de crédito (interrupção da acumulação do capital portador de juros), tornam a crise atual a maior e mais importante desde 1929.

Com esta crise se agravam todas as contradições constitutivas do capitalismo: o aumento da exploração da classe operária e demais classes dominadas; o agravamento dos conflitos interimperialistas; a ampliação das contradições desses países imperialistas com os povos dos países dominados; além da extensão da centralização de capitais, o que reforça o caráter monopolista do capitalismo em sua fase imperialista. Além disso, a “esquerda” reformista e revisionista torna inteiramente explícito de qual lado se posiciona na contradição burguesia/proletariado, ao defender as reformas que julga necessárias para salvar o capitalismo da crise e, quando no poder, criar efetivamente medidas para beneficiar o capital.
A atual fase da crise do imperialismo permite, portanto, à classe operária tirar inúmeras lições para instruir sua luta.