quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sonetinho Bradesquiano

www.bancarioserechim.com.br
Luís Vaz de Goa e Macau

Dia após dia somos inundados pelas notícias que tanto e tanto abundam em todos os noticiários, à direita e à direita, sobre os novos nomes que eventualmente virão a compor um futuro ministério do 2º mandato. Da Globo, Folha, Estadão à Carta Capital, Carta Maior e Brasil 247 as novidades são unânimes: Dilma, fiel à sua campanha publicitária, pretende nomear o verdadeiro Ministério Anti-Itaú!

Sabedores que somos do apreço da presidente Dilma pela obra de meu homônimo antepassado, apreço este apenas sobrepujado pelo outro valor mais alto (do Bradesco) que se alevanta, permiti-me cometer o pequeno soneto abaixo:

Doze anos de pastor PT servia
Brandão, pai de Trabuco, banqueira bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Trabuco lhe deu o Levy.

Vendo o triste PT que com enganos
Assim lhe era negada a sua banqueira,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros quatro anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

Falta, no entanto, a este pobre poeta o suficiente domínio da arte para incluir os necessários versos adicionais sobre a Miss Desmatamento e Rainha do Latifúndio, a Senadora Kátia Abreu, que, a serem certas as notícias, também compartilhará o Ministério com o donatário e também senador Armando Monteiro, grão-mestre da tão sofrida indústria nacional.

Diferente do antepassado que canta os feitos do ilustre peito lusitano, agora cabe alertar: “A que novos desastres determinas / De levar estes Reinos e esta gente? / Que perigos, que mortes lhe destinas / Debaixo dalgum nome preminente?”.


E mais que alertar, cabe denunciar. Denunciar a política do PT a serviço da burguesia, que tenta enganar os operários e as massas populares. Denunciar para resistir. Resistir nas ruas junto com as lutas das classes dominadas. E para bem resistir, organizar. Organizar e reconstruir o instrumento dessa luta: o partido revolucionário da classe operária. O Partido Comunista.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Teses sobre a conjuntura nacional


No começo deste ano, o Blog Cem Flores publicou um documento sobre a conjuntura internacional para a discussão com nossos camaradas e leitores, “A Crise do Imperialismo ‘Globaliza’ o Acirramento da Luta de Classes” (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/01/a-crise-do-imperialismo-globaliza-o.html#more). Dos debates que se seguiram, ficou evidente a necessidade de um esforço similar para a avaliação da conjuntura nacional, com o desenvolvimento, a atualização e a crítica das nossas próprias formulações anteriores.

A partir dessa constatação foi elaborado o documento a seguir, na tentativa de contribuir com a discussão sobre a conjuntura brasileira com nossos camaradas e leitores, buscando analisar tanto os fatos mais atuais dessa conjuntura quanto seus condicionantes “estruturais”. Esse documento sobre a conjuntura brasileira, que se inicia nesta postagem, será seguido de outras três postagens sequenciais. A primeira, abaixo, inicia com o acompanhamento da evolução dessa conjuntura neste ano, a partir da última divulgação do PIB, avaliando o desempenho mais recente da economia brasileira, sendo seguida dos traços mais gerais da nossa formulação, tanto da crise do imperialismo, quanto da regressão a uma situação colonial de novo tipo.

Os posts seguintes trarão nossas análises sobre a desindustrialização e sobre a reprimarização, tendências constitutivas da já mencionada regressão, finalizando com a avaliação dos impactos dessa conjuntura sobre as condições da classe operária e demais classes exploradas.

Blog Cem Flores


Brasil: Crise e Regressão (Parte 1)

“A intelectualidade socialista só poderá pensar num trabalho fecundo quando acabar com as ilusões e passar a buscar apoio no desenvolvimento real e não no desenvolvimento desejável da Rússia, nas relações socioeconômicas efetivas e não nas prováveis. Seu trabalho TEÓRICO deverá, ademais, encaminhar-se para o estudo concreto de todas as formas de antagonismo econômico existentes na Rússia, ao estudo de sua conexão e de seu desenvolvimento consecutivo; deverá colocar a nu este antagonismo em todas as partes onde esteja encoberto pela história política, pelas peculiaridades do ordenamento jurídico e pelos preconceitos teóricos estabelecidos. Deverá oferecer um quadro completo da nossa realidade como sistema determinado de relações de produção, assinalar a necessidade da exploração e da expropriação dos trabalhadores neste sistema, assinalar a saída desta ordem das coisas, indicada pelo desenvolvimento económico.
Esta teoria, baseada no estudo detalhado e minucioso da história e da realidade russas, deve dar resposta às demandas do proletariado, e se satisfizer as exigências científicas, todo o despertar do pensamento rebelde do proletariado conduzirá inevitavelmente este pensamento ao leito da socialdemocracia. Quanto mais progrida a elaboração desta teoria tanto mais rápido será o crescimento da socialdemocracia…”.
LÊNIN[1]

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

AGORA... A CRISE DO GOVERNO DILMA, OU GOVERNANDO COM O ESGOTO A CÉU ABERTO II.

As eleições neste ano à presidência da República expressaram a contradição no interior da classe dominante quanto ao melhor caminho para enfrentar a crise que vive o Brasil. A questão é se o bloco de partidos composto pelo PT – PC do B, PP e, como força dominante, o PMDB - tem condições de manter as classes dominadas sob controle, aplicando a política econômica imposta pelo agravamento da crise econômica mundial e seu desenvolvimento, os novos rearranjos em curso decorrentes dessa crise e suas consequências sobre o lugar que o Brasil ocupa nela, no sistema da economia mundial.

A vitória de Dilma se deveu muito mais aos votos da enorme “superpopulação relativa” criada pela forma específica em que se deu o desenvolvimento do capitalismo aqui, no Brasil, e mantida quieta, “em seu lugar”, pela Bolsa Família e demais programas de contenção da luta de classes, do que ao voto da “classe média” criada pelos governos do PT e que até Delfim Netto qualificou como “generosa miragem”[1]. Deveu-se ainda ao fato de que a fração dominante da classe dominante tenha se decidido em dar continuidade à política iniciada no governo Lula como melhor forma de enfrentar a conjuntura de crise.