terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Discurso de Giorgos Marinos, membro da CP do CC do KKE (Partido Comunista da Grécia), no 16.º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, no Equador.

Reproduzimos abaixo a intervenção do KKE no 16º Encontro Mundial de Partidos Comunistas, realizado de 13 a 16 de novembro de 2014, em Guayaquil, Equador. Nosso blog, no espírito de que cem flores desabrochem, cem escolas rivalizem, objetiva, com essa publicação, aprofundar o debate sobre a necessária retomada do movimento revolucionário no Brasil e no mundo. Acesse aqui o original e aqui a versão em pdf.



Caros camaradas,
Agradecemos ao Partido Comunista do Equador, anfitrião do 16.º Encontro Internacional e saudamos os partidos comunistas que nele participam. Expressamos a nossa solidariedade internacionalista ao povo do Equador e aos povos da América Latina, aos comunistas e aos movimentos populares  que estão a enfrentar a repressão estatal e os ataques e a perseguição anticomunistas. Declaramos a nossa vontade de intensificar os esforços para a libertação dos três militantes cubanos que ainda permanecem presos nos EUA.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A propaganda da diminuição da "desigualdade social" no Brasil e seu propósito ideológico.


a coisa mais fácil, a coisa mais barata, o que custa menos para um governo é gastar dinheiro com o pobre, porque o pobre custa muito pouco para o Estado” (Lula, o cínico).[i]
O “debate eleitoral” em 2014, como não poderia deixar de ser, passou ao largo de questões realmente importantes para todos aqueles interessados numa verdadeira mudança das condições concretas de vida e de luta do povo brasileiro.[ii] Por exemplo, todos os candidatos aceitaram explicitamente a alegada diminuição da “desigualdade social” no Brasil, que seria fruto dos “programas sociais” como o Bolsa Família, cuja paternidade foi disputada à tapa pelos principais postulantes à vaga para a presidência.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Brasil: Crise e Regressão (Parte 2)


Na postagem anterior (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html) demos início a uma sequência de publicações sobre a conjuntura econômica brasileira, os impactos da crise do imperialismo e dos rearranjos da economia mundial, a crise econômica que atravessamos atualmente e seus impactos nas classes dominadas.

Publicamos, abaixo, a segunda parte (de um total de quatro), que analisa um dos fenômenos constitutivos da regressão a uma situação colonial de novo tipo, a saber, a desindustrialização. Na postagem seguinte, analisaremos outro fenômeno constitutivo da regressão, a tendência de reprimarização e especialização na produção de commodities para exportação. A série terminará com uma quarta postagem, relativa aos impactos da crise econômica sobre a classe operária e demais trabalhadores.

IV. Desindustrialização

a indústria sofreu um processo de reorganização em que perdeu não só setores industriais relevantes, como também elos de cadeias produtivas de segmentos industriais importantes, cedendo cada vez mais o papel de setor dinâmico que a indústria ocupava na economia para os setores do agronegócio, da mineração para exportação, para o setor de fabricação e montagem de bens de consumo ou partes desses bens para exportação em empresas de capital externo ou a ele associado”.
formatação de uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente pelo encerramento de um conjunto, ou de elos, parcelas das cadeias produtivas, de ramos de atividades industriais, segmentos industriais que se faziam desde a extração e manufatura de matérias primas e insumos ao produto final até o encerramento de setores da produção de bens de consumo, que assim passam a ser importados ou somente montados no país (nesse último caso, por monopólios estrangeiros). Com isso, perdem-se segmentos industriais relevantes ou rompem-se elos em cadeias produtivas. A desindustrialização é, portanto, um fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo”. 
(Formação econômico-social brasileira: regressão a uma situação colonial de novo tipo, https://sites.google.com/site/cemescolasrivalizem/home/textos-novos/Regress%C3%A3o.pdf?attredirects=0&d=1)

Desde que escrevemos o texto sobre regressão, em 2006, a realidade parece confirmar, cada vez mais, o acerto das principais tendências nele apontadas. A indústria é o setor da economia mais afetado pela crise atual, bastando para isso uma olhada nas tabelas do IBGE reproduzidas na postagem anterior (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html). Dentro do setor industrial se diferenciam claramente os desempenhos da indústria de transformação – especificamente sobre a qual recai a desindustrialização, fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo – e da indústria extrativa mineral, produtora de commodities para exportação, principalmente minério de ferro e, crescentemente, petróleo, e “beneficiária”, digamos assim, da referida regressão.

domingo, 7 de dezembro de 2014

O Três Banqueiros, o PT e a Crise Econômica Brasileira


A crise econômica brasileira se agrava em 2014[1], com o país atravessando uma nova recessão, especialmente a atividade industrial. Os trabalhadores veem seus salários comidos pela inflação, seus empregos em risco com os lay-offs e as demissões, e suas conquistas ameaçadas pelo ajuste fiscal que se avizinha e por novas “reformas”. As ruas têm tudo para fervilhar em 2015...

Com esse cenário desenhado, Lula, Dilma e o PT viram sua condição de melhores gestores do aparelho de estado capitalista no Brasil ameaçada nas últimas eleições, realizadas nesse ambiente de recessão em agravamento, além da revelação de mais um multibilionário esgoto petista, desta vez na Petrobrás[2]. Diferentemente das outras três eleições ganhas pelo PT, desta vez houve ampliação das alianças opositoras ao governo, reforçando posições à direita (especialmente nos novos parlamentares eleitos ao Congresso Nacional), e a eleição presidencial terminou com estreita margem de 3,3%, a menor dentre as vencidas pelo PT[3].

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sonetinho Bradesquiano

www.bancarioserechim.com.br
Luís Vaz de Goa e Macau

Dia após dia somos inundados pelas notícias que tanto e tanto abundam em todos os noticiários, à direita e à direita, sobre os novos nomes que eventualmente virão a compor um futuro ministério do 2º mandato. Da Globo, Folha, Estadão à Carta Capital, Carta Maior e Brasil 247 as novidades são unânimes: Dilma, fiel à sua campanha publicitária, pretende nomear o verdadeiro Ministério Anti-Itaú!

Sabedores que somos do apreço da presidente Dilma pela obra de meu homônimo antepassado, apreço este apenas sobrepujado pelo outro valor mais alto (do Bradesco) que se alevanta, permiti-me cometer o pequeno soneto abaixo:

Doze anos de pastor PT servia
Brandão, pai de Trabuco, banqueira bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Trabuco lhe deu o Levy.

Vendo o triste PT que com enganos
Assim lhe era negada a sua banqueira,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros quatro anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

Falta, no entanto, a este pobre poeta o suficiente domínio da arte para incluir os necessários versos adicionais sobre a Miss Desmatamento e Rainha do Latifúndio, a Senadora Kátia Abreu, que, a serem certas as notícias, também compartilhará o Ministério com o donatário e também senador Armando Monteiro, grão-mestre da tão sofrida indústria nacional.

Diferente do antepassado que canta os feitos do ilustre peito lusitano, agora cabe alertar: “A que novos desastres determinas / De levar estes Reinos e esta gente? / Que perigos, que mortes lhe destinas / Debaixo dalgum nome preminente?”.


E mais que alertar, cabe denunciar. Denunciar a política do PT a serviço da burguesia, que tenta enganar os operários e as massas populares. Denunciar para resistir. Resistir nas ruas junto com as lutas das classes dominadas. E para bem resistir, organizar. Organizar e reconstruir o instrumento dessa luta: o partido revolucionário da classe operária. O Partido Comunista.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Teses sobre a conjuntura nacional


No começo deste ano, o Blog Cem Flores publicou um documento sobre a conjuntura internacional para a discussão com nossos camaradas e leitores, “A Crise do Imperialismo ‘Globaliza’ o Acirramento da Luta de Classes” (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/01/a-crise-do-imperialismo-globaliza-o.html#more). Dos debates que se seguiram, ficou evidente a necessidade de um esforço similar para a avaliação da conjuntura nacional, com o desenvolvimento, a atualização e a crítica das nossas próprias formulações anteriores.

A partir dessa constatação foi elaborado o documento a seguir, na tentativa de contribuir com a discussão sobre a conjuntura brasileira com nossos camaradas e leitores, buscando analisar tanto os fatos mais atuais dessa conjuntura quanto seus condicionantes “estruturais”. Esse documento sobre a conjuntura brasileira, que se inicia nesta postagem, será seguido de outras três postagens sequenciais. A primeira, abaixo, inicia com o acompanhamento da evolução dessa conjuntura neste ano, a partir da última divulgação do PIB, avaliando o desempenho mais recente da economia brasileira, sendo seguida dos traços mais gerais da nossa formulação, tanto da crise do imperialismo, quanto da regressão a uma situação colonial de novo tipo.

Os posts seguintes trarão nossas análises sobre a desindustrialização e sobre a reprimarização, tendências constitutivas da já mencionada regressão, finalizando com a avaliação dos impactos dessa conjuntura sobre as condições da classe operária e demais classes exploradas.

Blog Cem Flores


Brasil: Crise e Regressão (Parte 1)

“A intelectualidade socialista só poderá pensar num trabalho fecundo quando acabar com as ilusões e passar a buscar apoio no desenvolvimento real e não no desenvolvimento desejável da Rússia, nas relações socioeconômicas efetivas e não nas prováveis. Seu trabalho TEÓRICO deverá, ademais, encaminhar-se para o estudo concreto de todas as formas de antagonismo econômico existentes na Rússia, ao estudo de sua conexão e de seu desenvolvimento consecutivo; deverá colocar a nu este antagonismo em todas as partes onde esteja encoberto pela história política, pelas peculiaridades do ordenamento jurídico e pelos preconceitos teóricos estabelecidos. Deverá oferecer um quadro completo da nossa realidade como sistema determinado de relações de produção, assinalar a necessidade da exploração e da expropriação dos trabalhadores neste sistema, assinalar a saída desta ordem das coisas, indicada pelo desenvolvimento económico.
Esta teoria, baseada no estudo detalhado e minucioso da história e da realidade russas, deve dar resposta às demandas do proletariado, e se satisfizer as exigências científicas, todo o despertar do pensamento rebelde do proletariado conduzirá inevitavelmente este pensamento ao leito da socialdemocracia. Quanto mais progrida a elaboração desta teoria tanto mais rápido será o crescimento da socialdemocracia…”.
LÊNIN[1]

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

AGORA... A CRISE DO GOVERNO DILMA, OU GOVERNANDO COM O ESGOTO A CÉU ABERTO II.

As eleições neste ano à presidência da República expressaram a contradição no interior da classe dominante quanto ao melhor caminho para enfrentar a crise que vive o Brasil. A questão é se o bloco de partidos composto pelo PT – PC do B, PP e, como força dominante, o PMDB - tem condições de manter as classes dominadas sob controle, aplicando a política econômica imposta pelo agravamento da crise econômica mundial e seu desenvolvimento, os novos rearranjos em curso decorrentes dessa crise e suas consequências sobre o lugar que o Brasil ocupa nela, no sistema da economia mundial.

A vitória de Dilma se deveu muito mais aos votos da enorme “superpopulação relativa” criada pela forma específica em que se deu o desenvolvimento do capitalismo aqui, no Brasil, e mantida quieta, “em seu lugar”, pela Bolsa Família e demais programas de contenção da luta de classes, do que ao voto da “classe média” criada pelos governos do PT e que até Delfim Netto qualificou como “generosa miragem”[1]. Deveu-se ainda ao fato de que a fração dominante da classe dominante tenha se decidido em dar continuidade à política iniciada no governo Lula como melhor forma de enfrentar a conjuntura de crise.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Caiu a máscara de Dilma Rousseff do PT.

A presidente reeleita Dilma Rousseff, do PT, não esperou muito para retirar a máscara de candidata popular e confirmar a quem pretende continuar servindo em seu novo mandato. No discurso realizado logo após o resultado das eleições afirmou:

“Estou disposta a abrir um grande espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrarmos as soluções mais rápidas para os nossos problemas.
Vamos dar mais impulso à atividade econômica em todos os setores, em especial no setor industrial. Quero a parceria de todos os segmentos, setores, áreas, produtivos e financeiros, nessa tarefa, que é responsabilidade de cada um de nós, brasileiros e brasileiras.” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/192720-leia-a-integra-do-discurso-da-presidente.shtml)

Pode ser que não tenha sido explícita o suficiente para os interesses da burguesia. Assim, para não deixar dúvidas de seu compromisso com as classes dominantes, a presidente reforçou, um dia depois das eleições, em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo:

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Dilma ou Aécio? Direito de resposta a uma falsa questão. Ou: organizar as lutas da classe operária e dos trabalhadores.

O “debate” eleitoral passou ao largo das verdadeiras medidas econômicas e sociais que estão em discussão e deverão ser tomadas pelo governo a partir de 2015, seja ele qual for. Na verdade, não se discute se haverá ou não um ajuste recessivo, anti-trabalhador, mas “apenas” como este “ajuste” será operacionalizado, concretizado.

As eleições de 2014 tratam de atualizar o programa de classe da burguesia, numa conjuntura internacional marcada por um largo período de crise do imperialismo, desde 2007, sem sinais de reversão, com baixo crescimento econômico (quando muito!) nos principais países imperialistas e maior concorrência na economia mundial, com queda nos preços das commodities exportadas pelo Brasil e paralisia econômica no país.

A dissimulação das medidas reais a serem adotadas é um dos pontos em comum entre as duas candidaturas no 2º turno, indicativo de seu compromisso com as classes dominantes, que a “agressividade” dos discursos das campanhas cumpre a função de ofuscar. Além disso, a convergência entre o programa dos dois candidatos pode chegar inclusive ao detalhamento das medidas de “ajuste”.

domingo, 5 de outubro de 2014

Novo número de O Comuneiro.

Foi publicado um novo numero da revista eletrônica O Comuneiro dirigida por Ângelo Novo e Ronaldo Fonseca. Não há dúvida, em nossa opinião, de que O Comuneiro foi e é um importante instrumento para manter o debate em torno da teoria revolucionária em Portugal e no Brasil, principalmente no período em que a ideologia do imperialismo se encontrava na ofensiva da luta de classes. Reproduzimos abaixo o parágrafo inicial da introdução a esse número da revista que pode ser acessada nesse link (http://www.ocomuneiro.com/nr19_01_Introducao.html).


“A Europa será finalmente alemã ou desfar-se-á? Haverá ainda um último fôlego para a social-democracia, reunida em torno do eixo Piketty-Montebourg? O fascismo é cão que ladra mas não morde? O imperialismo norte-americano tem ainda determinação e meios capazes para dar sequência à sua soberba mediática com agressões efetivas e em profundidade, para lá de alguns adversários de cenário e circunstância por si próprio criados? Caminhamos para um mundo multipolar? O livre-cambismo globalista estará à beira da derrocada? Estamos no limiar de uma nova crise “financeira”? Até quando poderá ela ser postergada por extensão da massa monetária e desdobramento do capital fictício? Para onde se dirige a classe operária chinesa? E a grande massa das classes populares e assalariadas nos países do capitalismo clássico, sujeitas ao austeritarismo? O socialismo do século XXI sairá finalmente do seu berço latino-americano? Qual será o impacto demográfico e político da crise alimentar e climática nos países da periferia africana e asiática? Tantas perguntas, tantos anseios...”

domingo, 28 de setembro de 2014

Elogio do Comunismo

Ele é razoável. Todos o compreendem. Ele é simples.
Você, por certo, não é nenhum explorador.
Você pode entendê-lo.
Ele é bom para você. Informe-se sobre ele.
Os idiotas dizem-no idiota e os porcos dizem-no porco.
Ele é contra a sujeira e contra a estupidez.
Os exploradores dizem-no um crime, 
mas nós sabemos
que ele é o fim dos crimes;
ele não é a loucura e sim
o fim da loucura.
Não é o caos e sim
uma nova ordem.
Ele é a simplicidade.
O difícil de fazer. 

Bertolt Brecht

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Notas sobre a conjuntura da luta de classes e as eleições de 2014

O blog Marxismo21 publicou um dossiê com o tema Esquerdas, eleições e transformações estruturais da sociedade brasileira. O coletivo do blog Cem Flores elaborou para esse dossiê o artigo que abaixo reproduzimos, com o intuito de estimular o debate sobre a conjuntura da luta de classes no Brasil. O original do artigo do Cem Flores publicado em Marxismo21 pode ser acessado em pdf aqui.

Notas sobre a conjuntura da luta de classes e as eleições de 2014
O Coletivo do Blog Cem Flores (http://cemflores.blogspot.com.br/) saúda a iniciativa dos camaradas do Blog marxismo21 de incentivar o debate das transformações estruturais da sociedade brasileira e as eleições entre a diversidade de posições presentes pelo largo espectro político e ideológico das esquerdas. Nossa contribuição segue o roteiro sugerido por marxismo21.
1. O projeto de governo hegemonizado pelo PT teria se esgotado?
Uma resposta a este questionamento, em nosso entendimento, deve analisar as diferentes perspectivas das classes sociais na conjuntura da luta de classes no Brasil.

domingo, 24 de agosto de 2014

Genocídio começa com o silêncio do mundo. “Nunca mais” deve significar NUNCA MAIS PARA NINGUÉM !

Com o fracasso das negociações de paz no Egito, recomeçaram os confrontos na Faixa de Gaza. A morte de uma criança de quatro anos em Israel reacendeu o clamor de vingança do governo israelense. Mas o que dizer das quase 500 crianças mortas em Gaza?

Há alguns dias, os principais jornais dos Estados Unidos publicaram uma propaganda de página inteira, assinada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel, em que ele iguala a civilização ocidental às suas origens religiosas, reduz a luta de libertação nacional da Palestina ao Hamas, e os compara aos nazistas[1]. Para a direita israelense, assim como sua congênere nos EUA e nos demais países imperialistas, é bastante apropriado manter esse “conflito” (palavra neutra que permite esconder a assimetria entre as partes e ocultar o opressor) apenas sob sua aparência religiosa ou, como diz Wiesel, como “a batalha da civilização contra a barbárie”.

 

Estaríamos testemunhando um confronto entre o “povo escolhido”, na “terra prometida”, e seus ocupantes. Ou, pelo outro lado, entre fieis e infiéis. Nesse “conflito religioso”, todos têm razão, partindo de seus livros “sagrados”. O que é o mesmo que dizer que ninguém tem razão.

domingo, 10 de agosto de 2014

A Causa da Resistência Palestina se Fortalece!

Lutar, fracassar, voltar a lutar, fracassar de novo, voltar outra vez a lutar, e assim até a vitória: esta é a lógica do povo” (Mao Tsé-Tung)[i].

A invasão israelense à Faixa de Gaza já dura mais de um mês. Depois de breves cessar-fogo, os ataques continuam. Seu saldo, até agora, é o massacre de duas mil pessoas, em sua maioria absoluta civis, dos quais mais de 400 crianças; dez mil feridos e pouco menos de meio milhão de pessoas refugiadas e deslocadas de suas casas. A infraestrutura do país está em grande parte destruída, incluindo a única usina de energia elétrica, diversas escolas, hospitais, centenas de prédios residenciais e comerciais. Faltam luz, água, alimentos e remédios.

E ainda assim, eles resistem.


domingo, 20 de julho de 2014

VIVA A HERÓICA RESISTÊNCIA DO POVO PALESTINO!

Lutar, Resistir e Expulsar as Tropas Invasoras: Fora Israel da Palestina!


Existir é Resistir”, grita o lado palestino do muro construído pelo regime do apartheid israelense. http://mariangelaberquo.blogspot.com.br/2012/12/teatro-da-liberdade-de-jenin-lava-alma.html

Mais uma vez, a máquina de guerra do estado israelense, com todo o apoio do imperialismo dos Estados Unidos, promove a destruição sistemática na Faixa de Gaza e o assassinato indiscriminado da população civil. Depois dos disparos de artilharia e dos ataques das forças aéreas e marítimas, iniciados em 8 de julho, as forças armadas israelenses iniciaram a invasão do território palestino no último dia 17, ação que culminou – até agora – com o massacre de Shajaya, bairro do subúrbio da Cidade de Gaza, no domingo, dia 20, no qual estimativas conservadoras já apontam para entre 60 e 100 mortos. A conta do morticínio israelense, em menos de duas semanas de ataques, já supera 400 assassinados (dos quais aproximadamente 100 crianças), 2.600 feridos e outros milhares de refugiados, cujas casas foram destruídas.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Lenin - Sobre as Greves

 Sobre as Greves

V. I. Lênin
Primeira Edição: Escrito em fins de 1899. Publicado pela primeira vez em 1924, na revista Proletarskaia Revoliutsia (A Revolução Proletária). N.° 8/9. Encontra-se in Obras, t. IV, págs. 286/295.

Nos últimos anos, as greves operárias são extraordinariamente frequentes na Rússia. Não existe nenhuma província industrial onde não tenha havido várias greves. Quanto às grandes cidades, as greves não cessam. Compreende-se, pois, que os operários conscientes e os socialistas se coloquem cada vez mais amiúde a questão do significado das greves, das maneiras de realizá-las e das tarefas que os socialistas se propõem ao participarem nelas.
Queremos tentar fazer uma exposição de algumas de nossas considerações sobre esses problemas. No primeiro artigo, pensamos falar do significado das greves no movimento operário em geral; no segundo, das leis russas contra as greves, e, no terceiro, de como se desenvolveram e desenvolvem as greves na Rússia e qual deve ser a atitude dos operários conscientes diante delas.

sábado, 10 de maio de 2014

09/05/2014. 69 anos da vitória soviética contra o nazifascismo.

Em comemoração ao 09/05, dia da vitória soviética contra o nazifascismo, reproduzimos abaixo (por sugestão de um colaborador) um poema de Carlos Drummond de Andrade.


A NOITE DISSOLVE OS HOMENS

A noite desceu. Que noite!
Já não enxergo meus irmãos.
E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam.

A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,
nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
A noite caiu. Tremenda, sem esperança...
Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.

E o amor não abre caminho na noite.
A noite é mortal, completa, sem reticências,
a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer,
a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes!
nas suas fardas.

A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio...
Os suicidas tinham razão.

Aurora, entretanto eu te diviso,
ainda tímida, inexperiente das luzes que vais ascender
e dos bens que repartirás com todos os homens.

Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
adivinho-te que sobes,
vapor róseo, expulsando a treva noturna.

O triste mundo fascista se decompõe ao contato de teus dedos,
teus dedos frios, que ainda se não modelaram mas que avançam
na escuridão como um sinal verde e peremptório.

Minha fadiga encontrará em ti o seu termo,
minha carne estremece na certeza de tua vinda.

O suor é um óleo suave, as mãos dos sobreviventes se enlaçam,
os corpos hirtos adquirem uma fluidez, uma inocência, um perdão
simples e macio...

Havemos de amanhecer.
O mundo se tinge com as tintas da antemanhã
e o sangue que escorre é doce, de tão necessário
para colorir tuas pálidas faces, aurora.