terça-feira, 18 de novembro de 2008

Análises Marxistas-Leninistas da Crise do capitalismo

Vimos desde o ano 2000 discutindo, através do marxismo, a crise do capitalismo. De lá pra cá tentamos ver por uma ótica diferente do revisionismo as questões de fundo dessa crise para podermos, assim, vislumbrar um horizonte para a revolução socialista. Afirmamos que:

Ora, a crise estrutural do imperialismo é profunda e generalizada e se torna mais aguda ao golpe de cada crise conjuntural. Poderíamos dizer parodiando o “Manifesto” que, além do fantasma do comunismo, outro fantasma percorre a economia capitalista mundial, a sobreacumulação de capital e a superprodução de mercadorias, levando a crise aos mercados financeiros e ao setor produtivo agudizando, principalmente, a contradição entre o imperialismo e os países dominados.
Primeiro, porque o desenvolvimento do imperialismo vem resultando, desde o fim dos anos 60, numa sobreacumulação de capitais e na diminuição das possibilidades de aplicação desses capitais no setor produtivo mantendo-se a taxa de lucro, levando a que esses capitais lutando por manter a taxa de lucro se refugiem no mercado financeiro ou busquem aplicação, compulsoriamente, lucrativa nos países dominados.
Segundo, porque há uma superprodução de mercadorias, expressão da sobreacumulação de capitais e limite à sua aplicação no setor produtivo e, pressionados pela superprodução de mercadorias, pelos limites de seu próprio mercado e do mercado externo, os monopólios – que não podem eliminar a concorrência [2] - tendem a fazer cair seus preços, disputando entre si uma parte maior dos mercados e, principalmente, constrangendo os países dominados, em sua área de influência, a consumir seus produtos.
Terceiro, porque pressionado pela sobreacumulação de capital e pela dificuldade generalizada de sustentar a taxa de lucro no setor produtivo e ganhos e juros correspondentes nos mercados financeiros dos países dominantes, o imperialismo vem constrangendo os países dominados a criar mecanismos de remuneração de seus capitais tanto no setor produtivo como financeiro
.”
(“O Pós imperialismo é o socialismo. O que vivemos é a crise do capitalismo”)

Antes de discutir a crise do imperialismo é importante fazer um parêntese para chamar atenção a um fato muito comum hoje. Mesmo aqueles que se reclamam marxistas, que se queixam de seguir “um dos marxismos” em moda, esquecem de Lênin, ou para não ficarmos em circunlóquios e ir direto ao centro da questão, esquecem de Marx e, filisteus, põem-se a serviço da versão em moda da ideologia da classe dominante. Esquecer Lênin é abandonar Marx e enterrar qualquer possibilidade de analisar e combater o imperialismo.”
(“O mais recente crash financeiro. Uma análise marxista-leninista da crise do imperialismo”)

6 comentários:

Daniel Oliveira disse...

oi camrada, muito bom o texto e o blog.
aqui em minas começamos um seminário estadual ontem.
de uma olhada na programação em
ucdiariodaclasse.blogspot.com

saludos rojos

daniel oliveira

Anônimo disse...

Esse conjunto de artigos publicados no sitio do Cecac e reproduzidos nesse blog, além de uma excelente demonstração dos movimentos do capital na conjuntura, ou melhor dizendo, da luta de classes (que é a conjuntura), apresentam também uma maneira de analisar a realidade, um método, como não se vê nas análises da crise.
No geral, as análises sobre a conjuntura partem sempre da ilusão de que o Estado é um elemento "neutro" e que a questão é debater que "política", principalmente que "política econômica", esse Estado deve implementar.
O debate fica sempre resumido aos que defendem uma menor ou uma maior intervenção do Estado, a defesa dessa ou daquela estatal, à crítica dessa ou daquela política implementada, à luta pela reestatização de empresas privatizadas, etc. Em suma luta pelo "patrimônio e pelo dinheiro público". Como se o lucro obtido pelos capitalistas em geral também não fosse "público". Como se a luta fosse por muma proposta de governo e não pelo poder, real e concreto.
Ora, desde Marx, que aprendeu com a Comuna de Paris, passando por Lênin (O Estado e a Revolução), sabe-se que a única "política pública" que interessa ao proletariado e às classes dominadas é a revolução. O único programa de governança possível aos revolucionários é a instauração da ditadura do proletariado e a necessária destruição do aparelho de estado burguês.
A ilusão com o papel do estado, com as empresas públicas, com a política econômica a ser implementada dominou, e domina, as análises, a avaliação e, consequentemente, a prática da maioria das organizações ditas "de esquerda".
Nesse último período, o da crise exposta, mais do que nunca, proliferam propostas de "saída da crise". Ao invés de aproveitar o momento para deixar claro que o modo de produção capitalista tende à miséria cada vez maior, ao aumento da exploração, à perspectiva de guerra imperialista, e preparar as classes dominadas para a resistencia e a luta, ficam parecendo parlamentares indignados, a propor pequenas reformas e esperando que a classe dominante, pelo seu administrador de plantão, as implemente.
Já os documentos reunidos nessa postagem trabalham com os conceitos do marxismo (imperialismo, luta de classes, mais-valia, aparelhos de estado, infraestrutura e superestrutura, sobredeterminação, etc.) na análise concreta da realidade. Os conceitos não aparecem de forma "descolada", apenas como "carimbos" de quem se pretende "marxista". São efetivamente "postos em ação" na análise da conjuntura atual, mundial e brasileira, com toda sua especificidade. Possibilitam uma aproximação das características principais da realidade hoje, em sua múltipla diversidade, a partir da luta de classes, da perspectiva da revolução. Se bem estudados, aprofundados e desenvolvidos, os documentos que esse blog reproduz significam, sem dúvida, um excelente guia para ação nessa conjuntura que vivemos.

Guerreiros na Fé disse...

Muito oportuno esse blog, pois traz a baila o debate do marxismo na atualidade. Em uma conjuntura de crise do capitalismo, portanto não devemos nos oportunizarmos da crise do capitalismo e sim mostrar a atualidade das idéias revoloucionárias de Marx e Engels e nos colocarmos na vanguarda dos trabalhadores como alternativa de solução da crise que não é boa nem para os narxistas e nem pra sociedade, pois estamos no mesmo barco. Então cuidado pra não ficarmos só na constatação e não apresentarmos propostas para a solução da crise conjuntural e estratégica do regime capitalista e apontemos aos trabalhadores o verdadeiro caminho e mãos a obra camaradas!!!!!!!!!!!

Camarada Gomes

Unknown disse...

Há muito tempo sentia a necessidade de acompanhar uma análise da conjutura atual com base em uma análise marxista. Os textos do CECAC sobre a crise são brilhantes, pois, estão longe de ser mais um daqueles "panfletos de fanáticos cansativos" que pensam que apenas gritar por revoluçaõ pode mudar o mundo. O que é visível em cada análise é a competência e lucidez de quem o produziu. Acredito (por favor! me corrijam se estiver errada!)que os textos, assim como a própria ciência marxista, não buscam e jamais buscarão uma solução para mais uma crise deste sistema que em nenhum momento foi bom para uma grande parcela da sociedade. Acredito que o que se busca é romper de uma vez por todas com este sistema maldito e com suas crises peiódicas.

Adhara

Anônimo disse...

Concordo com a Adhara. O marxismo não tem "proposta" para sair da crise. Sua proposta para a crise, ou para o desenvolvimento capitalista, tanto faz, é a REVOLUÇÃO! São os capitalistas que precisam, desesperadamente, encontrar uma "saída" para a crise. E a "saída" que eles encontrarão será sempre, de uma forma ou de outra a manutenção/ampliação da produção, que é ao mesmo tempo exploração e dominação capitalista. A nós, que pretendemos não só analisar a realidade, mas transformá-la, cabe aproveitar esse momento para deixar claro aos que querem ver que o capitalismo não é, e nem nunca foi, solução para os problemas do povo.
Daí o espanto que vemos em quase todas (ou todas) as organizações de "esquerda" a busca infantil de propostas para "sair da crise". Coisas como "diminuição dos juros", geração de empregos, desenvolvimento "autônomo e soberano", sempre deixando de disser a quem, ou melhor, a que classe, servirão essas propostas.
Não passa de puro reformismo.
Aos marxistas, só lhes cabe a tarefa, já apresentada por Lenin, de sermos os coveiros do capitalismo.

Gilson disse...

Camarada Gomes,
“...não devemos nos oportunizarmos da crise do capitalismo e sim mostrar a atualidade das idéias revoloucionárias de Marx e Engels e nos colocarmos na vanguarda dos trabalhadores como alternativa de solução da crise que não é boa nem para os narxistas e nem pra sociedade, pois estamos no mesmo barco. Então cuidado pra não ficarmos só na constatação e não apresentarmos propostas para a solução da crise conjuntural e estratégica do regime capitalista e apontemos aos trabalhadores o verdadeiro caminho...”
Os nossos problemas quando analisamos essa crise são dois:

a) É o que você chama de “constatação”: definir claramente o que é essa crise. Não ficar na repetição de que isso é tão somente a acumulação e centralização de capital, a sobreacumulação de capital, a queda tendencial da taxa de lucro, etc. Dizer mais que isso: dizer como esses conceitos se manifestam hoje, suas características singulares, que faz essa crise ser diferente das outras indo além dessas suas manifestações gerais comuns a cada crise do capital;

b) Que não podemos gerar nenhuma solução no campo do capitalismo que seja benéfica ao proletariado. O povo está pagando pela crise e vai pagar pela saída capitalista dessa crise. Nós, aqueles que reivindicam o marxismo, temos uma solução? Temos: REVOLUÇÃO. Como isso não está colocado de forma imediata, ao menos para o Brasil, vamos retomar os seus instrumentos necessários: a teoria e o partido, no sentido de entender o que acontece para agir junto ao povo, para que o proletariado possa aprender por sua própria experiência o seu lugar na história: o de coveiro do capitalismo.

Um grande abraço e seja bem vindo a esse debate.