O capitalismo brasileiro vive mais uma
séria crise econômica. Essa crise, que ainda não chegou nem na sua metade, já é
a mais grave em quase um quarto de século, desde o mal fadado governo Collor.
Após se arrastar por alguns anos, a crise do capital no Brasil se tornou aberta
com a recessão iniciada em 2014, que se agravou tremendamente neste ano e vai
permanecer, pelo menos, até o próximo ano.
Numa crise capitalista, a burguesia se
vê impossibilitada de seguir adiante com as mesmas condições anteriores de
produção, ou seja, não consegue mais realizar sua taxa de lucro esperada. Para buscar contrarrestar essa queda nos
seus lucros, a burguesia luta para aumentar de todos os modos a exploração
sobre a classe operária e demais classes dominadas. Com o fundamental
auxílio do Estado burguês (qualquer que seja o governo de plantão), a ofensiva
da burguesia na luta de classes em períodos de crise se dá sob a forma de demissões
em massa, cortes de salários, revisão de conquistas trabalhistas e outros
diversos tipos de precarização do trabalho, além de ameaças e chantagens cotidianas.
Com isso, a burguesia busca, por um lado, repor, de imediato, sua taxa de
lucro, com a redução dos seus gastos com a força de trabalho. Por outro lado (e
não menos importante), a burguesia busca fazer retroceder a posição da classe
operária na luta de classes de forma mais perene, mediante o aumento do
exército industrial de reserva, o rebaixamento dos salários e das condições de
vida das massas trabalhadoras.
Não é diferente o que está acontecendo
no Brasil neste ano. Isso pode ser comprovado, primeiramente, pela evolução da
taxa de desemprego, que é uma das dimensões do impacto da crise econômica sobre
a classe operária e o conjunto dos trabalhadores[i].
O gráfico abaixo traz as duas medidas “oficiais” de desemprego no país, ambas calculadas
pelo IBGE[ii].
A
constatação imediata é que, por qualquer medida, o desemprego cresceu
aceleradamente no Brasil em 2015. Mais que isso,
com a nova estatística do IBGE (PNADC), fica claro que o mito do “pleno emprego” no Brasil, tanto alardeado pelos governos do
PT, era apenas isso: um mito para enganar os operários e o povo.
Para que fique ainda mais concreta a dimensão real
do desemprego, vejamos o crescimento do número absoluto de desempregados no
país. De acordo com a PNADC (a mais abrangente), o total da força de trabalho
no Brasil (empregados mais desempregados) atinge 100,6 milhões de pessoas,
sendo que havia, em junho de 2015, 8,4 milhões de desempregados. Comparando com
12 meses atrás, o aumento da taxa de
desemprego já custou o emprego de mais de um milhão e meio de trabalhadores.
Esse crescimento do número de desempregados ainda
pode ser visto por uma estatística do Ministério do Trabalho e do (Des)Emprego,
o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No Caged são informadas,
mensalmente, as novas contratações e as demissões, apenas para trabalhadores
formais, com carteira de trabalho assinada. Diminuindo um número do outro,
pode-se saber se foram “criados” ou “destruídos” empregos formais no país. Não
é surpresa ver que a redução de novos
postos de trabalho, iniciada em 2014, se transformou na demissão em massa de
quase um milhão de trabalhadores formais em julho deste ano.
Pode-se, portanto, concluir, grosso
modo, que, dos 1,6 milhão de novos desempregados nos últimos 12 meses, 900 mil
eram de trabalhadores com carteira assinada. Dessa maneira, o nível de “formalização” do trabalho no
Brasil – que sempre foi ridiculamente baixo – caiu mais ainda.
Mesmo considerando apenas as seis
principais regiões metropolitanas do país (PME), a quantidade de trabalhadores
com carteira assinada praticamente não passa de 50%-55%, percentual em queda
desde meados do ano passado. Na pesquisa mais ampla (PNADC), considerando os
trabalhadores das outras capitais, cidades menores, e o interior do país, o
quadro é, obviamente, muito pior. Nessa pesquisa, os trabalhadores com carteira
assinada são apenas 39% do total. E caindo.
Por fim, nessa avaliação sumária das principais estatísticas existentes
sobre as condições de trabalho da classe operária e demais trabalhadores do
país, não poderíamos deixar de mencionar a evolução dos salários “reais” (descontada
a inflação). Na PME, os salários médios atingem R$2.171; enquanto na PNADC são
menores, como esperado, R$1.882. Além disso, como o gráfico abaixo mostra, os salários reais já estão em queda livre
(PME) ou estagnados (PNADC) pelo menos desde o segundo semestre de 2014.
Uma característica importante dessa elevação do
desemprego e do arrocho salarial na crise do capital no Brasil pode ser vista
quando se combinam essas duas dimensões do mercado de trabalho. O gráfico abaixo,
extraído do Boletim Macro IBRE de agosto de 2015 (pg. 12), mostra, a partir dos
dados do Caged, que os únicos empregos que continuam a ser gerados no país
estão limitados à faixa de até 1 salário mínimo. Ou seja, para todas as faixas
salariais acima do mínimo está havendo demissões. Em muitos casos, portanto, o
que acontece é que o trabalhador, ao perder seu emprego, só consegue arrumar
outro (e quando consegue) sofrendo um rebaixamento no seu salário e de suas
condições de vida, por exemplo, deixando de ter carteira assinada.
Como visto acima, a severa crise
econômica atual, que deve continuar no próximo ano (pelo menos), já afeta de
forma inegável as condições de vida da classe operária e das demais classes
dominadas.
Além
disso, a crise do capital tem revelado, de forma cristalina, quem está de que lado
na luta de classes entre burguesia e proletariado.
Alegre e subservientemente perfilam-se ao lado da burguesia – dos banqueiros,
do empresariado industrial, do latifundiário do agronegócio, dos monopólios
transnacionais – o governo e seus partidos “de esquerda” (sic!), como o PT,
PSB, PDT, PCdoB, etc., que têm proposto a revisão de conquistas trabalhistas no
chamado “ajuste fiscal”; têm imposto perdas salariais aos funcionários
públicos; têm abraçado a “Agenda Brasil” de Renan; e que agora são defendidos
por Fiesp, Firjan, CNI, Bradesco, Itaú e outros tantos.
Também
estão abraçados com a burguesia as centrais sindicais como CUT, Farsa Sindical,
CGT, UGT e seus sindicatos filiados, que defendem a redução dos salários dos
trabalhadores, mediante o enganoso Programa de Proteção
ao Emprego (PPE), e fazem mil e um outros conchavos com os patrões sob o
pretexto de defender um “compromisso com o país”, um “projeto de
desenvolvimento nacional ancorado na produção, em uma indústria forte ... uma
agricultura pujante”. O que eles defendem na verdade, e conscientemente (ainda
que tentem esconder), é o lucro da burguesia e, portanto, a outra face dessa
moeda, a exploração dos operários e trabalhadores.
Contra
esse estado de coisas, contra essa violência da burguesia e dos seus aliados,
pelegos e reformistas, só resta à classe operária a resistência. Resistência
que se dará com a união dos operários em seus locais de trabalho, lutando
juntos por seus interesses comuns: salários, conquistas trabalhistas e melhores
condições de vida.
À
LUTA, CAMARADAS!
[i] A taxa de desemprego é a estatística
mais conhecida do mercado de trabalho. Isso por pretender sintetizar num único
número de fácil entendimento as condições da classe operária e dos demais
trabalhadores. Além disso, há ampla divulgação na imprensa. Por outro lado, ao
focar em um único índice, possibilita ocultar as demais dimensões das
relações de trabalho / exploração capitalista (salários, horas trabalhadas,
intensidade do trabalho, precarização e informalidade, “benefícios” ou
“direitos” trabalhistas, condições de segurança, saúde, etc.).
Esse
número sozinho, portanto, não necessariamente reflete as reais condições das
classes dominadas. A taxa de desemprego considera
empregados aqueles que só conseguem fazer bicos de poucas horas por semana,
junta trabalhadores de carteira assinada com informais, não informa como se
comportaram os salários, não mostra o aumento da exploração sobre aqueles que
permaneceram empregados, etc.
[ii] Pesquisa
Mensal de Emprego (PME, iniciada em 2002, limitada a seis regiões
metropolitanas) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua
(PNADC, iniciada em março de 2012, de abrangência nacional, cobrindo mais de 3
mil municípios). Para a PNADC, divulga-se apenas uma média dos últimos três meses
pesquisados (assim, junho é, na verdade, a média do trimestre
abril-maio-junho). Informações detalhadas sobre PME e PNADC nos endereços: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/default.shtm e http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pnad_continua/.
3 comentários:
Primeira visita no blog e só esta post pra mim já justificou sua QUALIDADE.
Da onde vem tanta INSPIRAÇÃO?
Parabéns aos autores, administradores e toda a galera do blog que trabalha para produzir CONTEÚDO EXCELENTE como este!
Tags: grama esmeralda, grama esmeralda preço, grama batatais, grama batatais preço, grama são
carlos, grama são carlos preço, grama bermuda, grama bermuda preço, grama coreana, grama coreana preço, grama santo agostinho, grama santo agostinho preço, grama preço, preço de
grama, comprar grama, comprar grama esmeralda, grama para jardim, gramas para jardim.
Vamos á luta!
Grama Esmeralda
Grama Batatais
Grama Bermudas
Grama Coreana
Grama São Carlos
Grama Santo Agostinho
Mas mesmo assim, foi, é e vai ser pelo jeito, os mais ricos cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais pobres, infelizmente!!!
Postar um comentário