Caros camaradas do Cem Flores,
Um fantasma ronda o Brasil. O fantasma do povo brasileiro, das
classes dominadas, das manifestações populares. Contra esse fantasma, todo o
conjunto das classes dominantes, seus representantes e serviçais se unem, para
calá-lo. A burguesia, a Presidente Dilma e seu governo, congressistas,
governadores e prefeitos, partidos à direita e à “esquerda”, sindicatos
pelegos, a imprensa burguesa e seu clamor pela repressão policial.
Se antes (dizia-se) o povo não saia às ruas, agora que não
podem mais evitar querem calar, manipular, difamar, reduzir as propostas ao que
é aceitável pelos poderes constituídos da ordem burguesa.
Diante da força das massas nas ruas, as classes dominantes
buscam, mais uma vez, chamar para acordos de gabinetes, conchavos e promessas
vazias, na tentativa desesperada de encerrar as manifestações populares,
trocando-as por negociações governamentais, parlamentares. Como tem feito há
uma década com a UNE do PCdoB, a CUT, e outras entidades governistas.
A Presidente Dilma e todos os governadores e todos os
prefeitos de capitais (nessas horas, acabam as divergências entre governo e
oposição, todos unidos na defesa “dos
primados da lei e da ordem” do capital, como disse Dilma na televisão na
sexta, dia 21) se reuniram no Palácio do Planalto na segunda, dia 24, em torno
de “grandes pactos nacionais”, derivados, segundo eles, da necessidade de
“ouvir as ruas”. E quais seriam esses pactos? Deixemos Dilma falar:
“O
primeiro pacto é pela responsabilidade fiscal, para garantir a estabilidade da
economia e o controle da inflação”.
Caros camaradas,
Sejamos claros e
repitamos mais uma vez: o Estado burguês, qualquer que seja o governo de
plantão, não é nada mais que um estado-maior responsável por cuidar dos
interesses do capital.
Dilma, Mantega, o PT e seus aliados permanecem, em qualquer
conjuntura, focados em garantir as condições de reprodução do capital, em
garantir taxas de lucro (de preferência crescentes) para a burguesia brasileira
e internacional. É para isso que eles clamam por responsabilidade fiscal no
exato momento em que as manifestações pedem mais e melhores investimentos
públicos. É por essa mesma razão que eles não clamam por responsabilidade
fiscal quando se trata de emprestar dinheiro do BNDES (=dívida pública) para os
Eikes Batistas da vida, para outros amigos do rei, para os estádios “padrão
Fifa”, e incontáveis etc.
Segue Dilma propondo seus pactos: um plebiscito para convocar
uma constituinte para fazer uma reforma política; combater a corrupção;
melhorias para a saúde, para os transportes públicos, para a educação pública. Não
é algo que todos nós já ouvimos inúmeras vezes, em todas as campanhas
eleitorais?
O objetivo do governo e das classes dominantes é claro: criar
a ilusão de “negociações”, de que o governo está ouvindo as demandas da
população e que, já que é assim, as forças deveriam ser canalizadas para esses
caminhos oficiais.
Devemos rejeitar todas
essas conversas de gabinetes e conquistar na luta nossas reivindicações, como já foi feito com o recuo dos
governos em relação aos aumentos das passagens de ônibus.
Mais do que isso.
Devemos garantir nas ruas o avanço da luta de classes das
classes dominadas, colocando a burguesia, seus representantes e serviçais na
defensiva.
Devemos construir nas ruas as novas formas de avançar a luta
de classes, avançar a mobilização, a organização e a consciência combativa das
classes trabalhadoras.
Os velhos slogans continuam novos:
O POVO UNIDO, JAMAIS
SERÁ VENCIDO!
A LUTA CONTINUA!
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