“Será
necessário perguntar se haveria aí, no
terreno do capitalismo, outro meio que não a guerra para remediar a
desproporção entre, por um lado, o desenvolvimento das forças produtivas e a
acumulação de capitais e, por outro, a partilha das colônias e das “zonas de
influência” do capital financeiro?”
Lênin[1]
Mais uma vez a máquina
industrial-militar do imperialismo norte-americano e de seus aliados está posta
em marcha, preparando sua enésima agressão imperialista a um povo dominado.
Dando prosseguimento a mais de uma década contínua de guerras de ocupação, de
invasões militares, de bombardeios à distância, do uso de drones assassinos, de
agressões imperialistas em diversos níveis, os imperialistas dos EUA anunciaram,
agora, um iminente ataque à Síria. Com isso, terão formado uma linha de guerra
contínua, que vai da Líbia ao Afeganistão, passando pelo apoio ao golpe militar
do Egito, apoio às agressões de Israel à Palestina e ao Líbano, pela invasão e
ocupação militar do Iraque e as constantes ameaças ao Irã.
Com uma desfaçatez ímpar, George W.
Obama, o “Prêmio Nobel da Paz” (sic!), que substituiu Barack H. Bush no comando
dos carniceiros imperialistas, anunciou ao mundo, em 31 de agosto passado, a
decisão de atacar[2].
Alegadamente sem uma previsão inicial de desembarque de tropas, os
imperialistas americanos planejam bombardear alvos específicos e estratégicos
na Síria, nas ações que sua mentirosa máquina de propaganda chama de ataques
“cirúrgicos” ou de “guerra limpa”. O deslocamento do poderio militar americano
já começou[3]
e os imperialistas afirmam poder começar a agressão quando quiserem e bem
entenderem. E danem-se a opinião pública[4]
ou os aparelhos internacionais do imperialismo, como o inútil Conselho de
Segurança da ONU, em cujos assentos permanentes opõem-se os interesses
capitalistas de China e Rússia aos dos EUA e seus aliados Inglaterra e França.
O mundo já conhece de cor esse
roteiro das guerras imperialistas e já sabe quais são os interesses do capital.
Mísseis e bombas imperialistas caindo dos céus, lançadas a centenas de
quilômetros de distância[5];
destruição da infraestrutura do país, provocando escassez generalizada e
tentando criar o caos; se necessário, desembarque de tropas; busca de trocar o
governo de plantão, impondo outro que seja mais “fiel” aos interesses
imperialistas de Washington, deslocando os capitais de seus rivais, e se
responsabilizando pela “reconstrução” do país, suas riquezas e suas exportações[6].
Essas são as guerras do capital.
Quanto às alegadas razões
“humanitárias”, essas não passam de conversa para boi dormir. Afinal de contas,
quais as consequências dos bombardeios e das invasões imperialistas senão o
genocídio de milhares de trabalhadores e da população civil, as torturas e maus
tratos generalizados, a fome e a pobreza?
Não é por outra razão senão essa,
senão a de ser a senha para o ataque imperialista, que os Estados Unidos
elegeram o suposto e duvidoso ataque com gás nos arredores de Damasco, em 21 de
agosto passado. Em um conflito que já teria ocasionado mais de cem mil mortos
em seus mais de dois anos de duração, uma ação midiática foi escolhida, com
alegados mais de mil mortos, sendo quatrocentas crianças. Fotos chocantes
correram o mundo. Mas não foram suficientes para virar a opinião pública, já
acostumada com as mentiras imperialistas como a das armas de destruição em
massa do Iraque. Afinal de contas, já aprendemos com o Che Guevara que no
imperialismo não se pode confiar nem mesmo um tantinho assim, nada! (http://cemflores.blogspot.com.br/2011/11/nao-se-pode-confiar-no-imperialismo-nem.html).
As perguntas não respondidas são
inúmeras: houve mesmo o uso do gás sarin, uma das chamadas armas químicas? Se
sim, quem as utilizou? Já em maio deste ano, uma comissária da ONU afirmou ter
evidências concretas do uso de armas químicas pelos chamados “rebeldes” na
Síria[7].
E quem teria fornecido aos “rebeldes” essas armas? Os mesmos que fornecem as
armas regulares, a Arábia Saudita e potências imperialistas[8].
E por que um ataque com armas químicas agora, apenas dois dias depois da Síria
ter pedido a ONU o envio de observadores internacionais para analisar as
denuncias de sua utilização?
Mas o imperialismo não está
interessado na veracidade de suas alegações e muito menos nos fatos. Os reais
motivos das guerras imperialistas são outros. Como já afirmava Lênin há quase
cem anos, trata-se de uma guerra de partilha, na qual o butim é uma nova
repartição do mundo e das zonas de influência das potências imperiais. No
Oriente Médio, palco há décadas de toda a sorte de conflitos armados provocados
pelos interesses dos imperialismos concorrentes aos quais se alinham e
realinham as classes dominantes locais, trata-se de sua importância estratégica
e geopolítica, do controle da produção, do fornecimento e do preço do petróleo.
Trata-se, também, como em todas as guerras, de uma eficiente forma de queimar
capital, de produzir e reproduzir o sistema capitalista e gerar mais lucros
para os monopólios do complexo industrial-militar. Ainda mais importante neste
momento de prolongada crise econômica do imperialismo.
Ao denunciar mais essa agressão
imperialista, nós do coletivo Cem Flores queremos chamar a todos os comunistas,
a todos os que lutam pelo socialismo, a todos os anti-imperialistas a discutir
o assunto nas suas organizações, com os trabalhadores e as massas nos locais
onde se organizam, a se posicionar contra a agressão imperialista, e a se manifestar,
juntando-se aos que se manifestam no mundo inteiro contra o imperialismo e suas
guerras. E também, a prestar nossa solidariedade incondicional ao povo sírio e
demais povos explorados do Oriente Médio que prosseguem na luta por melhores
condições de vida e de trabalho, na luta contra os regimes ditatoriais impostos
pelos imperialistas em conluio com suas classes dominantes, como também na luta
pelo socialismo.
Como Che Guevara, em discurso na
ONU já alertava: “debe quedar claramente
sentado que el gobierno de los Estados Unidos no es gendarme de la libertad,
sino perpetuador de la explotación y la opresión contra los pueblos del mundo y
contra buena parte de su propio pueblo”[9].
[1] Lênin (1916). O Imperialismo: fase superior do
capitalismo. 4ª ed. São Paulo: Global, 1987, pg. 97. Disponível em http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1916/imp-hsc/index.htm.
[3] Por exemplo, com o deslocamento de porta-aviões e
destroiers (http://noticias.terra.com.br/mundo/disturbios-no-mundo-arabe/em-meio-a-tensao-eua-movimentam-porta-avioes-rumo-ao-mar-vermelho,7cca85d10dbd0410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html).
[4] Nos EUA (http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE98208K20130903) assim como na França (http://www.efe.com/efe/noticias/portugal/mundo/fran-prepara-para-guerra-siria-apesar-rejei-opini-publica/6/60017/2117660) e em diversos outros países imperialistas. No Reino
Unido, essa oposição à guerra levou à sua não aprovação pelo Parlamento (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130829_parlamento_uk_siria_lk.shtml).
[5] Com seus controladores militares tratando-as como
vídeo-games, como já o reconheceu em
outra ocasião o inútil príncipe britânico em um jogo de guerra no
Afeganistão (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1219463-principe-harry-retorna-a-londres-apos-missao-no-afeganistao.shtml).
[6] Por exemplo, entre milhares de exemplos possíveis, a
ruptura dos contratos de exploração de petróleo iraquiano com russos e
chineses, imediatamente depois da ocupação do país pelos Estados Unidos (http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/030526_contratosebc.shtml). Outro ilustrativo exemplo: o vice-presidente dos
EUA na época da guerra do Iraque, Dick Cheney, tinha sido executivo da empresa
Halliburton, não por coincidência uma das principais responsáveis pela
“reconstrução” do Iraque (http://www.publico.pt/mundo/noticia/time-dick-cheney-aprovou-contrato-para-reconstrucao-do-iraque-com-empresa-halliburton-1195242).
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