sábado, 7 de setembro de 2013

Denunciar a agressão imperialista à Síria!


“Será necessário perguntar se haveria aí, no terreno do capitalismo, outro meio que não a guerra para remediar a desproporção entre, por um lado, o desenvolvimento das forças produtivas e a acumulação de capitais e, por outro, a partilha das colônias e das “zonas de influência” do capital financeiro?”
Lênin[1]

Mais uma vez a máquina industrial-militar do imperialismo norte-americano e de seus aliados está posta em marcha, preparando sua enésima agressão imperialista a um povo dominado. Dando prosseguimento a mais de uma década contínua de guerras de ocupação, de invasões militares, de bombardeios à distância, do uso de drones assassinos, de agressões imperialistas em diversos níveis, os imperialistas dos EUA anunciaram, agora, um iminente ataque à Síria. Com isso, terão formado uma linha de guerra contínua, que vai da Líbia ao Afeganistão, passando pelo apoio ao golpe militar do Egito, apoio às agressões de Israel à Palestina e ao Líbano, pela invasão e ocupação militar do Iraque e as constantes ameaças ao Irã. 




Com uma desfaçatez ímpar, George W. Obama, o “Prêmio Nobel da Paz” (sic!), que substituiu Barack H. Bush no comando dos carniceiros imperialistas, anunciou ao mundo, em 31 de agosto passado, a decisão de atacar[2]. Alegadamente sem uma previsão inicial de desembarque de tropas, os imperialistas americanos planejam bombardear alvos específicos e estratégicos na Síria, nas ações que sua mentirosa máquina de propaganda chama de ataques “cirúrgicos” ou de “guerra limpa”. O deslocamento do poderio militar americano já começou[3] e os imperialistas afirmam poder começar a agressão quando quiserem e bem entenderem. E danem-se a opinião pública[4] ou os aparelhos internacionais do imperialismo, como o inútil Conselho de Segurança da ONU, em cujos assentos permanentes opõem-se os interesses capitalistas de China e Rússia aos dos EUA e seus aliados Inglaterra e França.

O mundo já conhece de cor esse roteiro das guerras imperialistas e já sabe quais são os interesses do capital. Mísseis e bombas imperialistas caindo dos céus, lançadas a centenas de quilômetros de distância[5]; destruição da infraestrutura do país, provocando escassez generalizada e tentando criar o caos; se necessário, desembarque de tropas; busca de trocar o governo de plantão, impondo outro que seja mais “fiel” aos interesses imperialistas de Washington, deslocando os capitais de seus rivais, e se responsabilizando pela “reconstrução” do país, suas riquezas e suas exportações[6]. Essas são as guerras do capital.

Quanto às alegadas razões “humanitárias”, essas não passam de conversa para boi dormir. Afinal de contas, quais as consequências dos bombardeios e das invasões imperialistas senão o genocídio de milhares de trabalhadores e da população civil, as torturas e maus tratos generalizados, a fome e a pobreza?

Não é por outra razão senão essa, senão a de ser a senha para o ataque imperialista, que os Estados Unidos elegeram o suposto e duvidoso ataque com gás nos arredores de Damasco, em 21 de agosto passado. Em um conflito que já teria ocasionado mais de cem mil mortos em seus mais de dois anos de duração, uma ação midiática foi escolhida, com alegados mais de mil mortos, sendo quatrocentas crianças. Fotos chocantes correram o mundo. Mas não foram suficientes para virar a opinião pública, já acostumada com as mentiras imperialistas como a das armas de destruição em massa do Iraque. Afinal de contas, já aprendemos com o Che Guevara que no imperialismo não se pode confiar nem mesmo um tantinho assim, nada! (http://cemflores.blogspot.com.br/2011/11/nao-se-pode-confiar-no-imperialismo-nem.html).

As perguntas não respondidas são inúmeras: houve mesmo o uso do gás sarin, uma das chamadas armas químicas? Se sim, quem as utilizou? Já em maio deste ano, uma comissária da ONU afirmou ter evidências concretas do uso de armas químicas pelos chamados “rebeldes” na Síria[7]. E quem teria fornecido aos “rebeldes” essas armas? Os mesmos que fornecem as armas regulares, a Arábia Saudita e potências imperialistas[8]. E por que um ataque com armas químicas agora, apenas dois dias depois da Síria ter pedido a ONU o envio de observadores internacionais para analisar as denuncias de sua utilização?

Mas o imperialismo não está interessado na veracidade de suas alegações e muito menos nos fatos. Os reais motivos das guerras imperialistas são outros. Como já afirmava Lênin há quase cem anos, trata-se de uma guerra de partilha, na qual o butim é uma nova repartição do mundo e das zonas de influência das potências imperiais. No Oriente Médio, palco há décadas de toda a sorte de conflitos armados provocados pelos interesses dos imperialismos concorrentes aos quais se alinham e realinham as classes dominantes locais, trata-se de sua importância estratégica e geopolítica, do controle da produção, do fornecimento e do preço do petróleo. Trata-se, também, como em todas as guerras, de uma eficiente forma de queimar capital, de produzir e reproduzir o sistema capitalista e gerar mais lucros para os monopólios do complexo industrial-militar. Ainda mais importante neste momento de prolongada crise econômica do imperialismo.

Ao denunciar mais essa agressão imperialista, nós do coletivo Cem Flores queremos chamar a todos os comunistas, a todos os que lutam pelo socialismo, a todos os anti-imperialistas a discutir o assunto nas suas organizações, com os trabalhadores e as massas nos locais onde se organizam, a se posicionar contra a agressão imperialista, e a se manifestar, juntando-se aos que se manifestam no mundo inteiro contra o imperialismo e suas guerras. E também, a prestar nossa solidariedade incondicional ao povo sírio e demais povos explorados do Oriente Médio que prosseguem na luta por melhores condições de vida e de trabalho, na luta contra os regimes ditatoriais impostos pelos imperialistas em conluio com suas classes dominantes, como também na luta pelo socialismo.

Como Che Guevara, em discurso na ONU já alertava: “debe quedar claramente sentado que el gobierno de los Estados Unidos no es gendarme de la libertad, sino perpetuador de la explotación y la opresión contra los pueblos del mundo y contra buena parte de su propio pueblo[9].



[1] Lênin (1916). O Imperialismo: fase superior do capitalismo. 4ª ed. São Paulo: Global, 1987, pg. 97. Disponível em http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1916/imp-hsc/index.htm.
[5] Com seus controladores militares tratando-as como vídeo-games, como já o reconheceu em  outra ocasião o inútil príncipe britânico em um jogo de guerra no Afeganistão (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1219463-principe-harry-retorna-a-londres-apos-missao-no-afeganistao.shtml).
[6] Por exemplo, entre milhares de exemplos possíveis, a ruptura dos contratos de exploração de petróleo iraquiano com russos e chineses, imediatamente depois da ocupação do país pelos Estados Unidos (http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/030526_contratosebc.shtml). Outro ilustrativo exemplo: o vice-presidente dos EUA na época da guerra do Iraque, Dick Cheney, tinha sido executivo da empresa Halliburton, não por coincidência uma das principais responsáveis pela “reconstrução” do Iraque (http://www.publico.pt/mundo/noticia/time-dick-cheney-aprovou-contrato-para-reconstrucao-do-iraque-com-empresa-halliburton-1195242).

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