Os Retirantes - Portinari. |
Na Idade Média, a continuidade da monarquia – seja na
França, na Inglaterra, ou qualquer outro reinado – era saudada com a paradoxal
frase: “O rei está morto! Vida longa ao rei!”.
De uma certa forma, podemos nos arriscar a dizer que
esse (pseudo-)paradoxo também vale para as crises do capitalismo.
De início não faltam áulicos do capital para negar a
realidade da crise. Alguns mesmo chegam a praticamente negar a própria
possibilidade das mesmas. A partir do momento no qual a violência da crise do
capital a torna inegável, no entanto, os bem pagos espadachins mercenários
passam a, imediatamente, buscar qualquer pequeno sinal para dizer que a mesma
já acabou. O capital parece estar sempre a dizer: “A crise morreu! Vida longa
ao capitalismo!”.
Analisar as contradições do capitalismo do ponto de
vista científico, utilizando-se do marxismo-leninismo, e – o que é seu
necessário corolário – fazê-lo do ponto de vista do proletariado
revolucionário, resulta, no entanto, em conclusões absolutamente distintas,
diametralmente opostas.
As
contradições do capitalismo levam inexoravelmente a crises. Toda a
história do capitalismo, do seu surgimento à atual fase imperialista, comprova
repetidamente essa verdade teórica e empírica. O “desenvolvimento” capitalista
– a concorrência entre os capitais pela sua acumulação em escala crescente
visando o lucro máximo – mina a própria base sobre a qual este se ergue, a
exploração do trabalho assalariado.
Essas contradições, nos ensinaram Marx e Engles,
levavam a recorrentes crises do capitalismo, cuja regularidade os faziam
esperar por crises praticamente decenais. A virada para a etapa monopolista do
capitalismo se inicia com a primeira Grande Depressão, no último quartel do
século XIX. O novo século é inaugurado com a Primeira Guerra Imperialista, à
qual se segue uma nova Grande Depressão, nos anos 1930. Sua saída só ocorre com
a inimaginável queima de capitais causada pela Segunda Grande Guerra
Imperialista (1939-1945). Após o período de reconstrução dos países destruídos
pela guerra e de consolidação dos novos capitais, o imperialismo passou a
sofrer, a partir de meados dos anos 1970, crises sequenciais que, de tão
recorrentes e seguidas, são “praticamente
uma crise sem fim” (Engels, ver aqui e aqui). Em 2007,
inaugurou-se uma nova Depressão capitalista, a terceira de sua fase
imperialista.
* * *
Dez anos depois
do evento inaugural, em agosto de 2007, da atual Depressão, que análise os
marxistas devem fazer do estado atual da economia mundial e de suas
perpectivas?
O blog Cem Flores tem apresentado ao longo deste ano
algumas análises que buscam contribuir para o debate marxista sobre a pergunta
acima.
Em postagens de abril e de julho, divulgamos
textos de 2014 e 2015 do teórico marxista e militante comunista Tom Thomas
sobre a crise do capital e proposta de projeto comunista que a realidade atual
da luta de classes exige. Ainda em julho, divulgamos
texto do economista marxista François Chesnais sobre a crise atual e os limites
do capitalismo.
Em comum, esses textos apontam não apenas a
continuidade da crise do capital mas discutem as crescentes evidências das
dificuldades do capitalismo monopolista de recriar ciclos sustentáveis de
acumulação e lucratividade crescentes. As ideias de Engels sobre “superprodução
crônica” ou sobre um “estado crônico de estagnação” (ver links indicados acima)
precisam ser recuperadas para a análise teórica marxista e confrontadas com os
dados existentes da economia mundial.
Buscando continuar contribuindo para estimular esse
necessário debate marxista, trazemos agora para os camaradas e leitores do
blog, o artigo do economista marxista Michael Roberts (https://thenextrecession.wordpress.com/), “Dez Anos Depois”.
Roberts aponta como a negativa ideológica em admitir a
possibilidade das crises e as crises reais impediu economistas oficiais,
ortodoxos, heterodoxos e alguns que se chamavam de marxistas, não apenas de
prever a crise, mas de conseguir analisá-la quando já era inegável.
Ao fazer a crítica desses autores (ver os vários links
da postagem original, mantidos na tradução a seguir), Roberts retoma a centralidade da tendência de queda da taxa de lucro
para a análise marxista do capitalismo. Como consequência, também critica a
visão bastante disseminada sobre um capitalismo puramente
financeiro-especulativo, a chamada “financeirização”.
Analisando os dados mais recentes da atividade
econômica nos Estados Unidos e no mundo, Roberts faz a pergunta-chave para a
conjuntura atual: “Após dez anos e uma
fase de recuperação econômica no “ciclo de negócios” decididamente longa, porém
muito fraca, estamos próximos de enfrentar em breve outra crise?” Sua
resposta parte das tendências e da história do capitalismo: “A história sugere que sim”.
Os “culpados” são os de sempre: as contradições do
capital levando à queda da taxa de lucro e tornando insustentável mesmo o
reduzido dinamismo da economia mundial desta década.
Podemos, então, parafrasear o ditado das moribundas
monarquias: “A crise do capital está
morta! Vida longa à crise do capital!”. A diferença é que o capital e suas
crises produzem seus próprios coveiros que, com a derrubada desse regime de
exploração, ganharão seu próprio mundo!
Dez Anos Depois
Michael Roberts
Já se passaram dez anos desde o dia em que começou a quebradeira
financeira global com a notícia de que o
banco francês BNP (Banque Nationale de Paris) havia suspendido seus fundos
hipotecários subprime
devido a “uma evaporação de liquidez”.
Taxas de juros de Jan/2007 a Jan/2010, tanto nos
Estados Unidos como na Zona do Euro.
Em seis meses, o crédito encolheu e as taxas de juros interbancárias
dispararam (ver gráfico acima). Os bancos em todo o mundo começaram a registrar
enormes perdas nos fundos derivativos que eles criaram para auferir lucros com o
boom imobiliário que havia deslanchado
nos EUA, mas que já dava sinais de estar perdendo força. E tanto os EUA como o
resto do mundo entraram no que mais tarde ficou conhecido como A Grande
Recessão, a pior queda na produção e comércio mundiais desde a década de 1930.
Dez anos depois, vale a pena lembramo-nos de algumas lições
e consequências daquele terremoto econômico.
Primeiro, nem as instituições oficiais nem os
economistas ortodoxos viram o terremoto se aproximar. Em 2002, o presidente do banco
central americano, Alan Greenspan, então visto como o grande maestro por
engendrar, aparentemente, um substancial boom
econômico, anunciou que “inovações financeiras”, isto é, derivativos de fundos
hipotecários etc., haviam “diversificado o risco”, de modo que “abalos na economia global seriam mais bem
absorvidos e menos passíveis de gerar falências em cascata que pudessem ameaçar
a estabilidade financeira“. Ben Bernanke, que presidiu o Fed [Federal Reserve Bank, o banco central
dos Estados Unidos] por ocasião da quebradeira financeira global, observou em
2004 que “as últimas duas décadas
assistiram a uma expressiva redução na volatilidade econômica”, o que veio
a ser chamado por ele de Grande Moderação. E, em outubro de 2007, o FMI
concluiu que “nas economias
desenvolvidas, as recessões econômicas virtualmente desapareceram no período
pós-guerra”.
Uma vez revelada a profundidade da crise em 2008,
Greenspan disse ao Congresso americano: “Eu
estou em um estado de abalada descrença”. Ele foi questionado por Henry
Waxman, presidente do Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados: “em outras palavras, o senhor concluiu que
sua visão do mundo, sua ideologia, não era correta, não estava dando certo”.
“Sem dúvida, o senhor sabe que esta é
precisamente a razão que me deixou chocado, porque, por 40 anos ou mais, eu estive
trabalhando com evidencias consideráveis de que tudo funcionava
excepcionalmente bem”.
Os renomados economistas ortodoxos não se saíram
melhor. Quando perguntado sobre o que causou a Grande Recessão, se não teria
sido uma bolha de crédito que estorou, Eugene
Fama, ganhador do prêmio Nobel e importante economista neoclássico de Chicago, respondeu:
“Não sabemos o que causa as recessões. Eu
não sou um macroeconomista, portanto isso não me aflige. Nunca soubemos.
Debates continuam até hoje sobre o que causou a Grande Depressão. A Economia
não serve muito para explicar oscilações na atividade econômica... Se eu
tivesse podido prever a crise, eu a teria previsto. Eu não a vejo. Adoraria
saber mais acerca do que causa os ciclos de negócios. ”
Pouco antes de se tornar o economista-chefe do FMI,
Olivier Blanchard, comentou em retrospectiva que “A crise financeira gera uma potencial crise existencial para a macroeconomia.
” ...”algumas hipóteses fundamentais (neoclássicas) estão sendo desafiadas, por
exemplo a clara separação entre ciclos e tendências” ou “ferramentas
econométricas, baseadas numa visão do mundo como sendo estacionário em torno de
uma tendência, estão sendo contestadas.”
Porém a maioria dos chamados economistas heterodoxos,
incluindo os marxistas, também não viu a quebradeira e nem tampouco a Grande
Recessão que se seguiu. Houve algumas exceções. Steve Keen, o economista
australiano, previu uma quebradeira no crédito baseado em sua
teoria, segundo a qual “o elemento
essencial que originou a Depressão foi a acumulação da dívida privada” e isso
nunca havia sido tão grande como em 2007 nas principais economias. Em 2003,
Anwar Shaikh reconheceu que a
redução na lucratividade do capital e a queda nos investimentos estavam levando
a uma nova depressão. E eu disse em 2005: “Desde 1991, não tem havido tal coincidência de ciclos. E dessa vez (ao
contrário de 1991), ela será acompanhada por queda na lucratividade dentro da
queda de preços no ciclo de Kondratiev. Tudo vai estar no fundo do poço em
2009-2010! Isso sugere que podemos esperar um severo desastre econômico de grau
não visto desde 1980-1982 ou até maior”. (A
Grande Recessão).
Quanto às causas da quebradeira financeira global e da
Grande Recessão que se seguiu, elas têm sido analisadas insistentemente desde
então. Os economistas ortodoxos não viram o desastre se aproximar e ficaram sem
saber como explicá-lo posteriormente. A quebradeira foi claramente financeira
na forma: com o colapso de bancos e outras instituições financeiras, e das
armas de destruição financeira em massa, para usar a agora famosa frase de
Warren Buffett, o mais bem-sucedido investidor no mercado de ações do mundo.
Mas muitos caíram na teoria do acaso, um evento com probabilidade de um em um
bilhão; “um
cisne negro” como afirmou Nassim Taleb.
Alternativamente, podemos pensar que o capitalismo é
inerentemente instável e quedas ocasionais são inevitáveis. Greenspan defendeu
esse ponto de vista: “Não conheço nenhuma
forma de organização econômica baseada na divisão do trabalho (ele se refere à
visão Smithiana de uma economia capitalista), do laisser-faire sem restrições
ao planejamento central opressivo, que conseguiu alcançar tanto o máximo de
crescimento econômico sustentável como estabilidade permanente. O planejamento
central certamente falhou e eu duvido fortemente que a estabilidade seja
alcançável na economia capitalista já que os mercados, sempre turbulentos e
competitivos, são direcionados continuamente ao equilíbrio sem, contudo, alcançá-lo”.
Ele continuou, “a menos que haja uma
escolha da sociedade para abandonar os mercados dinâmicos e a alavancagem para alguma
forma de planejamento central, eu temo que a prevenção de bolhas acabe sendo no
final inviável. Aliviar as consequências é tudo o que podemos esperar”.
A maioria os líderes dos economistas oficiais como Blanchard e Bernanke viram
apenas os fenômenos superficiais da quebradeira financeira e concluíram que a
Grande Recessão foi resultado da imprudência de bancos não regulamentados ou de
um “pânico financeiro”. Isso coincide com algumas opiniões heterodoxas baseadas
nas teorias de Hyman Minsky, um economista Keynesiano radical da década de
1980. Segundo essas teorias, o setor das finanças era inerentemente instável
porque “o sistema financeiro necessário
para a vitalidade e vigor capitalistas, que transformam o espírito animal do
empresário em efetiva demanda por investimento, contém o potencial para
expansão desenfreada, impulsionada que é por um boom de investimentos.”
Steve Keen, um seguidor de Minsky, assim disse em outras palavras: ”o capitalismo é inerentemente falho, sendo
propenso a booms, crises e depressões. Essa instabilidade, no meu ponto de
vista, é devida a características que o sistema financeiro deve ter, a fim de
que seja consistente com o capitalismo integralmente desenvolvido.” A
maioria dos marxistas aceitam algo semelhante ao ponto de vista de Minsky,
vendo a Grande Recessão como um resultado da “financeirização”, que criou uma
nova forma de fragilidade no capitalismo.
Dentre os Keynesianos ortodoxos, Paul Krugman criticou
as falhas da escola neoclássica, porém não deu nenhuma explicação, a não ser
que foi um “mau
funcionamento técnico” que precisava e poderia ser corrigido
restaurando a “demanda efetiva”.
Bem poucos economistas marxistas deram atenção à visão
original de Marx sobre as causas das quebradeiras comercial e financeira, bem
como às consequentes quedas na produção. Um desses foi G. Carchedi, que resumiu
aquela
visão em seu excelente, mas frequentemente ignorado Atrás da
Crise, dizendo: “O
ponto básico é que as crises financeiras são causadas pelo encolhimento na base
de produção da economia. Chega-se a um ponto então no qual deve haver uma
deflação súbita e maciça nos setores financeiros e especulativos. Muito embora
pareça que a crise tenha sido gerada nesses setores, a causa em última
instância reside na esfera produtiva e na concomitante queda da taxa de lucro
nessa esfera.” Concordando com essa explicação, o melhor livro sobre a
quebradeira ainda é o de Paul Mattick Jr., Business as usual.
E, na verdade, a lucratividade nos setores produtivos
das maiores economias capitalistas foi historicamente baixa em 2007, como
mostrado em vários estudos. Nos EUA, a lucratividade atingiu o pico em 1997, e
o aumento da lucratividade no boom de
crédito em 2002-2006 aconteceu esmagadoramente nos
setores financeiro e imobiliário. Isso incentivou um enorme
aumento no capital fictício (ações e dívida), que não poderia
ser justificado por uma substancial melhoria nos lucros advindos do
investimento produtivo.
Variação dos lucros financeiros e do total da dívida (ambos
como percentual do PIB) de Dez/1951 a Dez/2008. A linha vertical tracejada,
correspondendo ao ano de 1980, divide o gráfico em duas partes: à esquerda, a
era de dívida baixa; à direita, a era de dívida crescente.
A massa de lucros começou a
decrescer nos EUA em 2006, mais de um ano antes do começo da crise de crédito
em agosto de 2007. Lucros em queda significaram sobreacumulação
de capital e, portanto, acentuada redução no investimento. Em decorrência,
houve queda na produção, no emprego e nos rendimentos, isto é, assistiu-se à
Grande Recessão.
Variação % no consumo (PC) e investimento (INV) um ano
antes de cada crise começar.
Desde o fim daquela recessão em meados de 2009, a
maioria das economias capitalistas tem passado por uma recuperação muito fraca,
muito
mais fraca do que depois das recessões pós-guerra e, de certa forma, ainda mais
fraca do que na década de 1930. Um relatório recente do Instituto
Roosevelt, de autoria de JW Mason, afirma que “não há precedente para a fraqueza dos investimentos no ciclo atual.
Quase dez anos depois, os investimentos reais permanecem menos de 10% acima do
pico de 2007. Isso é lento mesmo relativamente ao ritmo anêmico do crescimento
do PIB e extremamente baixo para os padrões históricos”.
Assim, a Grande Recessão se tornou a
Longa Depressão, como eu a descrevi, um termo que também foi
adotado por muitos outros, incluindo economistas Keynesianos como Paul Krugman
e Simon Wren-Lewis. Por
que a Grande Recessão não levou a uma recuperação econômica “normal” das taxas
de investimento e produção anteriores? Os economistas ortodoxos da
escola monetarista argumentam que os governos e bancos centrais foram vagarosos
em cortar as taxas de juros e em adotar ferramentas monetárias “não
convencionais” como alívio quantitativo [criação direta de capital fictício pelos
bancos centrais com a compra de ativos]. Entretanto,
quando o fizeram, essas políticas parecem ter falhado na revitalização da
economia e meramente alimentaram um novo boom nos mercados de ações e de dívida.
A escola neoclássica reconhece que a dívida deve ser
reduzida já que ela pesa na capacidade das companhias em investir, enquanto os
governos absorvem todo o crédito devido a seus altos níveis de endividamento.
Isso significa ignorar a razão para a elevada dívida pública, a saber, o enorme
custo para resgatar bancos globalmente e a queda nas receitas fiscais provocada
pela recessão. Em contraposição, os Keynesianos dizem que a Longa Depressão foi
totalmente devida à “austeridade”, isto é, os governos tentando reduzir os
gastos públicos e equilibrar os orçamentos. Contudo,
a evidência para essa conclusão não é convincente.
Os pontos de vista neoclássico, Keynesiano e
heterodoxo têm em comum a negação para qualquer papel do lucro e da lucratividade
em booms e crises no capitalismo!
Como resultado, ninguém
procura uma explicação para o baixo investimento na baixa lucratividade. E, no
entanto, a
correlação entre lucro e investimento é alta e continuamente confirmada, e a lucratividade
ainda é menor do que em 2007 na maioria das economias capitalistas.
Variação do lucro corporativo e do investimento
empresarial nos EUA (Jan/2000 a Jan/2017). Da esquerda para a direita: lucros
tornam-se negativos (e então) os investimentos tornam-se negativos; o crescimento
dos lucros desacelera (e então) o crescimento do investimento desacelera; os lucros
tornam-se negativos (e então) o investimento torna-se negativo.
Após dez anos e uma fase de recuperação econômica no
“ciclo de negócios” decididamente longa, porém muito fraca, estamos próximos de
enfrentar em breve outra crise? A história sugere que sim. Em minha opinião,
ela não será desencadeada por outra crise imobiliária. Na maioria dos países,
os preços dos imóveis ainda não recuperaram os patamares de 2007 e, muito
embora as taxas de juros sejam baixas, o nível das transações imobiliárias é
modesto.
É provável que o novo fator desencadeador seja o
próprio setor corporativo. A dívida corporativa continua a crescer globalmente,
em especial nas chamadas economias emergentes. A despeito da baixa taxa de
juros, uma significativa parte das empresas mais fracas mal consegue pagar suas
dívidas. A S&P Capital IQ observou que um recorde de US$1,84 trilhão no
caixa acumulado por empresas não financeiras dos EUA mascara uma dívida de
US$6,6 trilhões. A concentração de dinheiro nas 25 maiores, representando 1%
das empresas, responde por mais da metade do caixa acumulado. Há cinco anos,
isso representava 38%. A
grande discussão sobre os gigantes como Apple, Microsoft, Amazon com
megareservas em dinheiro esconde a real situação da maioria das companhias.
Evolução da dívida não financeira e do investimento de
Dez/2007 a Dez/2015.
As margens de lucro em geral estão diminuindo e os
lucros das empresas não financeiras dos EUA estão caindo.
Evolução das margens de lucro (lucro dividido pelo valor
agregado bruto real) do 1º trimestre de 2006 ao 1º trimestre de 2016. Anotações
dentro do gráfico: “margens de lucro caem a partir do 3º trimestre de 2006,
mais de um ano antes da Grande Recessão começar” e “margens de lucro caem a
partir do 3º trimestre de 2014”.
E agora os bancos centrais, a começar pelo dos EUA,
deram início à reversão do “alívio quantitativo” e estão aumentando as taxas de
juros. Os custos de empréstimos e do serviço da dívida existente vão aumentar,
exatamente no momento em que a lucratividade está diminuindo.
Evolução do estoque da dívida das empresas não
financeiras em % do PIB nominal de 1985 a 2016. Fonte: FRB,
BEA, Haver Analytics & Deutsch Bank. Título: Dívida corporativa como percentual
do PIB está em nível consistente com recessão.
Seria esta uma receita para uma nova crise – 10 anos
depois da última crise em 2008?
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