“Se em seus conflitos diários com o capital cedessem covardemente
ficariam os operários, por certo, desclassificados para empreender outros
movimentos de maior envergadura.” (Marx)[1]
“Cada
greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os
operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra
aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que
enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os
operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo
industrial.” (Lênin)[2]
O
fato político mais importante deste início do ano foi, sem dúvida, a greve de
11 dias consecutivos (6 a 16 de janeiro) dos operários da Volkswagen (Anchieta)
de São Bernardo do Campo. A última greve realizada na Volks-Anchieta aconteceu
em setembro de 2006, assim como hoje, contra a demissão, à época, de 3.600
trabalhadores.
A
unanimidade das correntes políticas sindicais consideraram a greve como uma
vitória. Podemos, realmente, falar em vitória da greve? O que significa, para a
classe operária, a vitória em uma greve? Melhor dizendo, quais os sentidos da
greve para a luta operária? Uma resposta a estas
questões deve assumir, do nosso ponto de vista, a perspectiva da classe
operária, situar-se da posição dos operários na conjuntura da luta de classes.
Em
primeiro lugar, é importante resgatar os acontecimentos que conduziram ao
desencadeamento da greve.
Em
assembleia realizada no dia 2 de dezembro de 2014, os operários da Volks recusaram
a proposta de acordo defendida pela direção do sindicato, acordo que ela havia pactuado
com os patrões em negociações de julho a novembro. A proposta rasgava os termos
do acordo coletivo de 2012[3]
com vigência até 2016: em lugar de reajuste salarial pelo INPC (inflação) mais
2% de aumento real fixado para 2015 e 2016, os trabalhadores receberiam apenas
um abono, não teriam reajuste salarial, em 2015, e um reajuste inferior à
inflação, em 2016. Para esses anos, os valores da PLR também seriam inferiores
aos estipulados no acordo de 2012.
Essas
foram algumas das condições que a montadora queria impor para realizar
investimentos na fábrica Anchieta, trazer três novos modelos para produção na
planta, com a promessa de estabilidade no emprego até 2019. Era também a
condição para não fazer demissões em massa - a empresa alega ter 2.100
trabalhadores excedentes -, em seu lugar, abrir um “Programa de Demissão
Voluntária” [4], instrumento
legal a serviço da ideologia burguesa de imputar a demissão ao próprio
trabalhador.
A
alegação da empresa para a exclusão dos aumentos salariais recebeu o aval e a aprovação
da direção sindical: “Com essa proposta
conseguimos manter os planos de investimento e garantia de emprego. É
importante que os trabalhadores entendam a necessidade de rever as cláusulas
econômicas também, nesse período de queda de vendas” (Vagner Lima, secretário-geral
do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da representação sindical na Volks)[5]. O
próprio patrão não diria melhor!
Ceder
e rasgar um acordo assinado, apoiar a redução dos próprios salários (custo da
força de trabalho), o que significa aumentar a exploração dos trabalhadores
para a expansão dos lucros da empresa, supostamente para garantir o emprego,
eis a orientação dada pelo sindicato, pactuada com os patrões, que foi
rejeitada pelos operários da VW na assembléia de 02 de dezembro de 2014. Isso significou a decisão da classe operária
de, por meio da luta, enfrentar a exploração e não se curvar à chantagem da
empresa.
Os
operários da Volks-Anchieta reconheceram muito bem, na sua prática concreta da
luta contra a exploração capitalista e contra o reformismo sindical, a validade
das teses de Lênin, enunciadas ainda no final do século XIX:
“Quando
a indústria prospera, os patrões obtêm grandes lucros e não pensam em
reparti-los com os operários; mas durante
a crise os patrões tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos”.
“Compreende-se
que os patrões tratem sempre de reduzir o salário; quanto menos entreguem aos
operários, mais lucro lhes sobra. Em compensação, os operários tratam de
receber o maior salário possível, para poder sustentar a sua família com uma
alimentação abundante e sadia, viver numa boa casa e não se vestir como
mendigos, mas como se veste todo mundo. Portanto,
entre patrões e operários há uma constante luta pelo salário” (negritos
nossos)[6].
Os
operários estavam conscientes dos riscos da demissão como resposta patronal,
visto o cenário de queda da produção e nas vendas; aumento da concorrência com
a chegada de novas fábricas (especialmente chinesas e coreanas) e modernização das
plantas já instaladas; grande número de trabalhadores em lay-off, férias
coletivas e de licença remunerada, contudo, sem impedir as demissões[7]. E,
não obstante, tomaram uma decisão de luta, de enfrentar o rebaixamento salarial
e das condições de trabalho.
Portanto,
duas posições distintas: a da direção sindical, de viabilizar a redução dos
custos salariais e o aumento dos lucros dos patrões, apresentados como garantia
do emprego, comprovando na prática, mais uma vez, o seu peleguismo; e a da
classe operária, centrada na luta e enfrentamento da exploração.
Os
fatos seguintes são mais conhecidos: no dia 5 de janeiro, na volta ao trabalho
após quase 30 dias de licença remunerada, os operários da Volks-Anchieta
souberam das 800 demissões. Nas cartas recebidas pelos operários, os patrões
mencionavam a necessidade de demissão de 2 mil operários. Essas 800 demissões
seriam portanto, a “primeira etapa de
adequação de efetivo”[8],
no linguajar hipócrita das classes dominantes.
No
dia seguinte, na entrada do primeiro turno, os operários decidiram pela greve
por tempo indeterminado. Na quarta, dia 7 de janeiro, os operários da
Mercedes-Benz realizaram paralização de 24 horas, contra a demissão de 244
operários.
A
greve na Volks continuou por 11 dias e suas mobilizações incluíram um protesto
que fechou a Via Anchieta, na manhã do dia 12, com a participação de
aproximadamente 20 mil operários de seis montadoras instaladas na região. A
exploração capitalista mostra concretamente, a cada dia, a necessidade de união
de toda a classe operária.
Foto: Leo Pinheiro - Terra
dia 16, 11º dia de greve, em assembleia com 8 mil operários da Volks, foi
aceita a proposta de suspensão das demissões e de novo acordo coletivo até
2019, muito parecido com o que os patrões e o sindicato propuseram em dezembro
de 2014, e bastante abaixo do acordo de 2012. Com isso, a greve foi encerrada.
Ao
propor e encaminhar a greve, teria a direção do sindicato assumido a posição
dos operários? Não é o que os fatos demonstram.
Pressionada
pela resistência operária, a direção sindical adotou uma retórica mais incisiva
(“Demitiu, parou!”). Na greve, entretanto, permaneceu centrada nos termos da
proposta (recusada em dezembro) então negociada com a empresa sob pretexto da
defesa do emprego.
Esse
é um dos sentidos (ocultos) da declaração sindical de “vitória” pela reversão
das demissões e o acordo coletivo firmado: preservar
o rebaixamento dos aumentos salariais, apesar de alterações pontuais como a
inclusão de hipotético reajuste integral da inflação em 2016 (Quadro 1).
Quadro 1 - Acordos coletivos - Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC e Volkswagen
Cláusula
|
Acordo coletivo 2012
|
Proposta recusada na assembléia 02/dez/2014
|
Acordo 2015 com a greve
|
Aumento salarial
|
01/03/2015
= INPC de jan/14 a fev/15 + 2% de aumento real
01/03/2016
= INPC de mar/15 a fev/16 + 2% de aumento real
|
0% de aumento
e INPC + 2% pagos em jan/15 como abono de R$ 6.372,00
01/03/16
= se a inflação anual ficar em 6%, reajuste de apenas 4%. Os 2% restantes e
mais 2% de aumento real pagos como abono de R$ 3.374,00
2017 a
2019 = reajuste salarial pelo INPC + aumento real a definir
|
0% de
aumento e INPC + 2% pagos em jan/15 como abono de R$ 6.372,00
01/03/16
= reajuste salarial pelo INPC de mar/15 a fev/16.
2017 a
2019 = reajuste salarial pelo INP + 1% de
aumento real
|
Estabilidade
|
Até 2016
|
Até 2019,
excluídos PDVs, aposentadorias e dispensa por “baixa performance”.
|
Até 2019,
excluídos PDVs, aposentadorias e dispensa por “baixa performance”.
|
Igual
significado tem a pauta enviada ao governo federal durante a greve: além de
pleito para a renovação da frota de caminhões e ampliação do crédito para
compra de veículos (ampliando a demanda e as condições para realização das
mercadorias produzidas pelos patrões, ou seja, aumentando o lucro do capital),
a principal reivindicação é a criação do chamado Programa Nacional de Proteção
ao Emprego, que permite a redução da jornada de trabalho com redução de salário,
o que significa o avanço da flexibilização da CLT, isto é, a predominância do
negociado sobre o legislado e o aumento da exploração dos trabalhadores.
A
mobilização dos trabalhadores durante a greve foi aproveitada pelos dirigentes
do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC como meio para legitimar a defesa da criação
do Programa Nacional de Proteção ao Emprego nos termos do capital junto à base
operária (na Volks e na categoria), como também junto ao movimento sindical. E a
leitura que a direção sindical tenta passar, da greve como resgate da
combatividade do sindicato, se faz presente no meio operário e produz efeitos
nesse sentido.
As
ações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, como de resto as da CUT e das principais
centrais sindicais, têm sido no sentido de contribuir para viabilizar a
retomada da acumulação capitalista, supostamente como condição de proteção do
emprego, traduzida na atual conjuntura em contenção salarial e flexibilização
da CLT, em acordos com as empresas ou com o governo. Tal linha sindical não interessa à classe operária e aos trabalhadores,
pois significa fazer das reivindicações e da própria luta operária um meio de
viabilizar a expansão e a exploração capitalista. Corresponderia para a
classe operária, como nos ensina Marx, “forjar
para si própria as cadeias douradas com que a burguesia a arrasta atrás de si.”[9].
Essa
posição é a própria essência do reformismo, prática burguesa no seio da classe
operária. Não é a toa que os principais
dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC se confundem com os membros da diretoria
de administração das empresas. É desta perspectiva que, na negociação ou na
mobilização ou greve ainda que constrangidos pelas bases sindicais, atuam na
direção da identidade de interesses entre os
trabalhadores e a empresa, como anunciou o presidente
do sindicato na assembléia de 16/01/2015 que encerrou a greve dos operários da
VW: “Não tenho dúvida que essa luta deu
força ao Sindicato e também à empresa, que vai melhorar em qualidade e processo
por ter trabalhadores identificados e comprometidos como sempre foram os
companheiros na Volks.” (Tribuna Metalúrgica n. 3653, 19 de janeiro de
2015, p.2).
Os conflitos entre capital e trabalho
são desta forma traduzidos pelas direções sindicais como disputa por posições no
comando das montadoras. Assim
expressa o coordenador geral da Comissão Sindical de Empresa da Volks, ao avaliar
a greve: “Um dos momentos mais difíceis [foi]
convencer a diretoria da Volks. Convencer uma parcela de representantes da
empresa que parece ainda viver no passado, apostando no conflito e querendo, já
que a fábrica estava parada, vencer os trabalhadores pelo cansaço. Esse é um
tipo de política que a própria matriz na Alemanha discorda.” (Tribuna
Metalúrgica n. 3654, 20 de janeiro de 2015, p.2)
Desde
2011, o sindicato passou a estabelecer acordos coletivos por empresa com
vigência plurianual de modo a dar maior previsibilidade ao capital, dividir e
desmobilizar os operários, com a promessa de estabilidade no emprego. Trata-se
também de limitar a luta operária e submeter os trabalhadores aos planos de
negócio e à competitividade do capital.
Centrais
sindicais como Conlutas e partidos como PSTU, de oposição eleitoral à CUT e ao
governo, emitem sinais que alimentam ilusões entre os operários. Seu apoio à
greve dos operários da Volks pôde ser apropriado pela direção do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC como unidade genérica de todos pelo emprego, porta de entrada
para a aceitação do rebaixamento dos salários e demais condições de trabalho.[10]
No entanto, os trabalhadores não podem
confiar nas “garantias” de tais acordos.
Os
fatos recentes tornam difícil acreditar na estabilidade até 2019, traduzida
como “vitória” pela direção sindical, ainda mais pelas ressalvas previstas no
atual acordo (Quadro 1). O acordo de 2012 também previa estabilidade até 2016 e
isso não impediu a empresa de, mais uma vez, chantagear com a demissão para retirar
os aumentos salariais e aumentar a exploração. Os operários não têm motivos para tornarem-se reféns desse tipo de
acordo. Se o fizerem, atam suas mãos e pés.
No entanto, a contestação dos operários
– a exemplo da assembleia de dezembro - às práticas sindicais de parceria com
as empresas é ainda pontual. Embora
cresça o descontentamento, muitos trabalhadores mantêm a expectativa de ainda
contar com o apoio dos dirigentes sindicais para suas lutas, tanto mais pela
ausência de alternativa palpável vislumbrada pelos operários.
Cresce,
porém, a insatisfação dos operários com as medidas de corte de “direitos”
trabalhistas e previdenciários pelo governo Dilma e com os aumentos de
gasolina, dos alimentos, da luz e demais tarifas públicas, bem como dos juros e
dos impostos. Ao mesmo tempo, o país se encontra em recessão, principalmente a
indústria, não havendo qualquer indício de melhora na atividade econômica, e
sim de crescimento do desemprego e da exploração.
Contradições
que mantêm a possibilidade de uma resposta própria dos operários na resistência
contra o capital, fugindo das artimanhas sindicais pelegas, tanto mais com a
apreensão coletiva da experiência grevista.
A verdadeira vitória dos trabalhadores
da Volks foi terem se posto de pé, coletivamente, quando os patrões, o governo
petista a serviço do capital e o sindicato pelego os queriam de joelhos!
Sua
resistência, sua luta e sua greve são exemplos e lições para si mesmos e todos
os demais operários, sejam os das montadoras da região, que se juntaram aos
operários da Volks na manifestação da Anchieta; sejam os das demais montadoras
e todos os metalúrgicos, que lutam em condições semelhantes; sejam os demais
operários e trabalhadores do país inteiro, que sofrem o mesmo jugo do capital,
a mesma traição dos sindicatos pelegos, e travam cotidianamente a luta que é de
toda a classe operária.
A
luta dos operários da Volks não acabou com essa greve. A principal lição desse
enfrentamento é que só com a luta os operários conseguem resistir aos
capitalistas, ainda que pontual e provisoriamente. Logo em seguida será
necessária outra luta, outra greve, para fazer frente à carestia, às novas
ameaças dos patrões.
A
vida da classe operária diante da exploração capitalista é de lutas sucessivas,
de derrotas e vitórias, até a vitória final, que libertará a todos da opressão
do capital!
[1]
Karl Marx. Trabalho Assalariado e Capital. 05 de abril 1849. https://www.marxists.org/portugues/marx/1849/04/05.htm.
[2]
Vladimir Lênin. Sobre as Greves. 1924. http://cemflores.blogspot.com.br/2014/06/lenin-sobre-as-greves.html.
[3]
Esse acordo já continha cláusula que impunha um achatamento salarial,
particularmente do piso para ingresso na montadora. Seus reajustes eram
inferiores a inflação: 01/09/2012 = R$ 1.560,00; 01/01/2014 = R$ 1.600,00
(+2,6%); 01/03/2015 = R$ 1.650,00 (+3,1%); 01/03/2016 = R$ 1.700,00 (+3%);
totalizando meros 9% em 3 anos e meio, ou seja, a inflação de um ano e meio.
[4]
Trata-se de uma forma seletiva de demissão em massa dirigida aos trabalhadores
com maiores salários, um meio para de tempos em tempos expulsar os
trabalhadores aposentados ou perto de completar o tempo para a aposentadoria,
trabalhadores com sequelas ou lesões decorrentes de acidente ou doença do
trabalho, além de operários combativos vistos como ameaça à política dos
patrões e/ou do sindicato.
[5]
Vagner Lima: “A queda na produção e nas
vendas do setor este ano fizeram com que empresa pedisse para renegociar o
acordo fechado em 2012 e que vale até 2016. Não esperávamos um ano com
resultados tão baixos. Os diretores da Volks afirmaram que a unidade de São
Bernardo apresentou prejuízos e por isso precisavam negociar alguns itens”.
Revisão
de acordo na Volks trará novos modelos para São Bernardo. ABCD Maior,
1º de dezembro de 2014. http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=63413
Veja também: Trabalhadores da Volks podem ficar sem reajuste em 2015. Diário
do Grande ABC. São Bernardo do Campo, 28 de novembro de 2014. http://www.dgabc.com.br/Noticia/1078872/trabalhadores-da-volks-podem-ficar-sem-reajuste-em-2015?referencia=minuto-a-minuto-topo.
[6]
Vladimir Lênin. Sobre as Greves. 1924. http://cemflores.blogspot.com.br/2014/06/lenin-sobre-as-greves.html.
[7]
Todas essas ações não impediram a perda de 12.774 empregos nas montadoras em
todo o país, em 2014, para não falar do conjunto da indústria e das sucessivas
quedas de empregos formais no país. http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/02/1585554-anfavea-espera-recuperacao-do-setor-automotivo-no-segundo-semestre.shtml.
[8] Trabalhadores
da Volks fazem greve contra 800 demissões em São Bernardo, Folha de São
Paulo, 6 de janeiro de 2015. http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/01/1571120-trabalhadores-da-volks-fazem-greve-contra-demissoes-em-sao-bernardo.shtml.
[9]
Karl Marx. Trabalho Assalariado e Capital. 05 de abril 1849. https://www.marxists.org/portugues/marx/1849/04/05.htm.
[10] “Acreditamos que a greve dos trabalhadores da
Volks foi muito vitoriosa. Eles conquistaram a principal reivindicação, a
reintegração dos demitidos” (Declaração do dirigente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e da CSP-Conlutas http://cspconlutas.org.br/2015/01/trabalhadores-da-volks-encerram-greve-e-garantem-retorno-dos-800-demitidos/#sthash.qwQpcGU1.dpuf).
“O
acordo tem pontos ruins, mas como o objetivo fundamental da greve era reverter
as demissões, o que foi alcançado com a força da mobilização, estamos diante de
uma vitória inegável.” (PSTU. Greve na Volkswagen conquista a readmissão
de 800 trabalhadores. 16 de Janeiro de 2015. http://www.pstu.org.br/node/21254).
2 comentários:
Camaradas,
No texto sobre a greve da Volks, vocês afirmam:
“enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial” (Lênin).
“Sua resistência, sua luta e sua greve são exemplos e lições para si mesmos e todos os demais operários, sejam os das montadoras da região, que se juntaram aos operários da Volks na manifestação da Anchieta; sejam os das demais montadoras e todos os metalúrgicos, que lutam em condições semelhantes” (Cem Flores).
Com base nisso, os camaradas viram o que aconteceu na fábrica da GM em São José dos Campos?
- http://oglobo.globo.com/economia/metalurgicos-da-general-motors-aprovam-greve-contra-demissoes-na-montadora-15388256
- http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/02/1592330-metalurgicos-da-gm-fazem-greve-contra-demissao-de-794-em-sao-paulo.shtml
Diante da ameaça de demissão de quase 800 operários, os operários da GM entraram em greve por tempo indeterminado. Durante esse período, eles entrarão na fábrica e ficarão parados lá dentro. Em tudo semelhante ao que ocorreu na Volks (inclusive layoff prévio e PDV), não é?
Pelas matérias acima, na segunda, 23 de fevereiro, haverá assembleia e na terça, 24, um dissídio no TRT de Campinas.
Precisamos acompanhar de perto a multiplicação das lutas operárias e dos demais trabalhadores neste ano de recessão e de ameaças sobre conquistas trabalhistas, apoiando-as e tirando suas lições para a luta de classes.
Saudações comunistas.
Flávio
Camaradas, aproveito para deixar trechos de A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (Boitempo, capítulo sobre movimento operário), de Engels, que vão no mesmo sentido do texto.
"É, pois, de se perguntar: por que os operários entram em greve, dada a evidente ineficácia de sua ação? Simplesmente porque devem protestar contra a redução do salário e mesmo contra a necessidade de uma tal redução; devem expressar claramente que, como homens, não podem adaptar-se às circunstâncias, mas, ao contrário, as circunstâncias devem adaptar-se a eles, os homens - porque sua omissão equivaleria à aceitação dessas condições de vida, ao reconhecimento do direito de a burguesia explorá-los durante os períodos de prosperidade e deixá-los morrer de fome nos períodos desfavoráveis
[....]
E as greves, como escola de guerra, têm uma eficácia insuperável - nelas se desenvolve a coragem própria dos ingleses. No continente, diz-se que os ingleses, particularmente os operários, são covardes, incapazes de realizar uma revolução porque não se entregam, como os franceses, às revoltas diárias, que, enfim, parecem adaptar-se tranquilamente ao regime burguês. Nada mais falso; os operários ingleses não ficam atrás de quaisquer outros no que toca à coragem e são tão pouco cordatos quanto os franceses - mas lutam de modo diverso [...] não é difícil compreender que uma greve exige coragem, e por vezes uma coragem e uma resolução maiores, mais firmes, que as reclamadas por uma rebelião. Na verdade, não é pouca coisa para um operário, que conhece a miséria por experiência, ir voluntariamente ao seu encontro, com a mulher e os filhos, e suportar fome e privações por dias e meses e permanecer, apesar de tudo, irredutível e inabalável. Que coisa é a morte, que coisa são as galés que ameaçam os revolucionários franceses, diante da visão cotidiana da família esfaimada, diante da certeza da vingança subsequente da burguesia, que os operários ingleses preferem a submeter-se ao jugo da classe proprietária? Mais adiante, veremos um exemplo dessa coragem tenaz e inflexível do operário inglês, que só cede à violência quando toda resistência se torna inútil e insensata - e é precisamente nessa calma pertinaz, nessa constante firmeza, que supera centenas de provas todos os dias, que o operário inglês desenvolve os aspectos mais admiráveis do seu caráter. Homens que suportam tanto sofrimento para fazer vergar um só burguês certamente têm condições de abater o poderio de toda a burguesia."
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