sexta-feira, 22 de julho de 2016

Análise do PC da Turquia sobre os últimos acontecimentos.

Com o objetivo de auxiliar na análise dos últimos acontecimentos na Turquia reproduzimos abaixo comunicado do Comitê Central do Partido Comunista da Turquia (TKP).


O Comité Central do Partido Comunista reuniu-se a 17 de Julho e analisou em profundidade os últimos desenvolvimentos do país e discutiu também o estado do partido e as suas tarefas.

Comunicado:

1. A tentativa de golpe de 15 de Julho não foi um confronto entre centros de conflito ideológico, mas envolveu pelo menos duas ou mais facções com identidades e ideologias de classe idênticas. Não é possível que essas facções não soubessem dos planos e acções umas das outras assim como não é possível separar um do outro.

2. O processo que levou ao golpe tem duas dimensões. Primeiro poderia ser descrito como uma luta pelo «poder» no sentido geral entre apoiantes de Erdogan e o movimento de Gulen, que adquiriu uma nova dimensão com as recentes purgas alargadas de Gulenistas. Enquanto o peso económico e político desta luta aumenta, a luta adquire também uma dimensão internacional e centros imperialistas apoiam estas facções.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

O CAMINHO É PARA A FRENTE, HÁ QUE RETOMÁ-LO - ANA BARRADAS

Ana Barradas nas XV Jornadas Independentistas Galegas
O coletivo Cem Flores recebeu a carta abaixo da comunista portuguesa Ana Barradas com "reflexões sobre o estado a que chegaram os comunistas e suas propostas de debate para poder superar essa situação".
Por considerarmos importante documento para o debate da necessária retomada do marxismo e reconstrução do Partido Comunista, reproduzimos abaixo. 


O CAMINHO É PARA A FRENTE, HÁ QUE RETOMÁ-LO


Actual estrutura do capitalismo

A actual crise mundial do capitalismo tem gerado aumento do desemprego, crescimento das desigualdades sociais, concentração da renda e riqueza como nunca se viu antes, reforço das funções repressivas do Estado e da guerra imperialista contra os povos, sempre que necessário, para preservar o estado de coisas. O grande capital mostra-se incapaz de apontar saídas para essa crise do capitalismo. Ela apresenta-se como uma crise profunda e prolongada que exigirá reformas estruturais, com consequências sociais imprevisíveis. À crise internacional do capitalismo soma-se o esgotamento do modelo económico dos países mais frágeis, dependentes e periféricos como Portugal.

As classes dominantes que gerem o contexto internacional dos principais espaços imperialistas (EUA, Europa) demonstram não ter unidade em torno de um projecto hegemónico. Uma parcela procura a retoma e o aprofundamento do modelo neoliberal à custa de mais austeridade sobre os trabalhadores; outra esforça-se por temperar os excessos que abalam a integração social, causando insatisfação e rejeição social e fragilizando o apoio popular.

domingo, 5 de junho de 2016

A legalização da classe operária de Bernard Edelman


Fruto de um trabalho coletivo de tradutores e colaboradores, a publicação do livro A legalização da classe operária[1] (Boitempo, 2016), do advogado francês Bernard Edelman, vem minimizar uma lacuna no mundo editorial brasileiro. Lacuna que diz da ausência quase absoluta de novas edições e traduções das obras do grupo de militantes que, como Edelman, compartilhava das teses do militante comunista Louis Althusser. A recente publicação da editora Unicamp, Por Marx (Coleção Marx 21, 2015), de Althusser, também se insere nesse horizonte, cuja consequência será certamente estimular o debate teórico e a prática comunista em nosso país.

A legalização da classe operária centra sua análise e crítica sobre o chamado direito coletivo do trabalho[2] que, como forma ideológica,  incide sobre a luta de classes. Nos é apresentado um vasto estudo empírico que envolve legislações e peças processuais francesas, do século XIX até o momento do lançamento do livro (1978), referentes, sobretudo, ao direito de greve e de organização e representação sindical e por local de trabalho naquele país. Edelman demonstra a armadilha criada pelas classes dominantes através da ideologia jurídica: ao longo do tempo e da "legalização" das chamadas “conquistas” operárias, o capital consegue cooptar, violentamente, a classe operária e prendê-la em sua "fortaleza", a empresa. 

"A burguesia 'apropriou-se' da classe operária; impôs seu terreno, seu ponto de vista, seu direito, sua organização de trabalho, sua gestão." (p. 112).

Nessa questão o autor não poupa palavras. Ele fala que a burguesia, através de seus "representantes" inclusive e principalmente no meio operário, inventaram uma classe operária, legalizada e individualizada, e "mandou destruir, esfolar, mutilar e leiloar" (p. 147), "capturar, neutralizar, amordaçar" (p. 8) a classe operária enquanto classe politicamente autônoma.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Acção comunista em tempos de maré baixa

Reproduzimos abaixo texto do marxista português Francisco Martins Rodrigues. Nesse curto material ele aponta importantes lições para a atuação dos comunistas em "tempos de maré baixa". O original pode ser acessado aqui, no blog que reúne a produção de FMR. Para conhecer um pouco mais da vida desse dirigente marxista acesse aqui.


Francisco Martins Rodrigues


Como podem os comunistas conseguir que o movimento diário das massas pelas suas reivindicações imediatas acumule forças revolucionárias, mesmo neste período de triunfo em toda a linha da burguesia? Esta é uma questão central para os comunistas portugueses, escaldados por sucessivas infiltrações do reformismo, sempre em nome das melhores intenções marxistas.

Acumulação de forças revolucionárias é coisa praticamente desconhecida em Portugal. O que temos são muitos exemplos de como se desacumulam forças: à frente de todos, claro, o PCP, fiel ao seu trabalho minucioso junto do proletariado, nas empresas e nos sindicatos, agitando a bandeira da “defesa das conquistas”, mas conduzindo as massas de derrota em derrota, devido ao seu respeito supersticioso pelo parlamento e pela ordem burguesa; depois, a “nova esquerda” agrupada no Bloco, exibindo as suas causas alternativas (“ampliar a cidadania”, “aprofundar a democracia”), que, na prática, apenas dão voz ao descontentamento da jovem pequena burguesia, em busca de um lugar ao sol; tivemos também a aposta das FP 25 nas acções de guerrilha urbana como meio de “excitar” o movimento popular em declínio, o que as levou ao previsível naufrágio e ao descrédito da via revolucionária; e há ainda muitos simpatizantes da revolução, enojados com o panorama reinante de colaboração de classes, para os quais todas as reivindicações imediatas, parcelares, são indignas de qualquer esforço, pelo que se entregam à inacção declamatória ultra-esquerdista.

Nesse caso, o que se deve fazer?

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Nos 198 Anos de Karl Marx


O blog Cem Flores presta hoje, 5 de maio, uma singela homenagem a Karl Marx, no ano em que se completam 198 anos de seu nascimento.

Incansável militante comunista, fundador e dirigente das principais organizações revolucionárias de sua época, teórico que estabeleceu os fundamentos científicos do materialismo histórico – que é, com justiça, conhecido como marxismo[1] – Karl Marx dedicou toda a sua vida para a causa da classe operária, da revolução proletária, da supressão da exploração capitalista, da construção do socialismo e do comunismo. Por isso, foi censurado, preso, perseguido e exilado um sem número de vezes. Mas quando sua filha lhe perguntou qual a sua ideia de felicidade, sua resposta foi simples e direta: “Lutar[2].

Para ampliar a leitura e o debate entre os camaradas e leitores do blog sobre a vida e a obra de Karl Marx, recomendamos o artigo que Lênin lhe dedicou em 1914: https://www.marxists.org/portugues/lenin/1914/11/marx.htm.

Além disso, nesta nossa postagem em homenagem ao aniversário de Karl Marx decidimos transcrever o trecho final de sua conhecida obra Salário, Preço e Lucro, pelo que entendemos ser sua importância para a correta compreensão da luta de classes que separa, inexoravelmente, burguesia e proletariado; para o entendimento da necessidade da luta sindical e dos seus limites; e para a necessidade de superar esses limites, derrubando o capitalismo.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Uma Avaliação Comunista da Conjuntura Brasileira: a Crise do Capital e o Processo de Impeachment

A crise do capital no Brasil tem se agravado continuamente. Depois de uma queda do PIB de 3,8% em 2015, a imprensa divulga expectativas de contração similar neste ano, o que será um evento inédito desde o início dos anos 1930. Enquanto a crise continua a afetar severamente a produção industrial, ela se espalha rapidamente para o comércio e os serviços. O desemprego iniciou o ano subindo para 9,5%, taxa que significa 9,6 milhões de trabalhadores desempregados e um aumento de 2,9 milhões nesse contingente em apenas um ano. Esse massacre sobre a classe operária e os demais trabalhadores piora ainda mais com o aumento da informalização das relações de trabalho, com a queda nos salários (que o IBGE diz ser de 2,4%), com a carestia, com a piora acentuada na qualidade dos serviços públicos, com a ofensiva burguesa para a retirada de conquistas trabalhistas e sociais. Essa é a face da crise do imperialismo, vista do Brasil, do ponto de vista das classes dominadas.

Crise do imperialismo que, ao redor do mundo, também tem se agravado recentemente, como todos podemos constatar todos os dias, mesmo que seja apenas com uma rápida olhada nos jornais e sítios de notícias. O FMI reduz seguidamente as suas projeções de crescimento mundial e o comércio mundial, que ficou estagnado no ano passado, pode se retrair neste ano. Na Europa e no Japão a estagnação produz deflação e nem taxas de juros negativas conseguem qualquer sinal de recuperação. A China tem taxas de crescimento que hoje são a metade do que costumavam a ser e devem cair ainda mais, causando graves problemas no setor bancário, crash na bolsa de valores, fuga de capitais de mais de US$ 800 bilhões desde o ano passado, ameaça de explosão de bolha imobiliária e queda abrupta dos preços internacionais de commodities. Politicamente, a crise do imperialismo gera em importantes setores das burguesias dos países imperialistas o crescimento de tendências fascistas, do racismo e da xenofobia, da militarização e da repressão, tendências de que são prova Donald Trump (EUA) e Marine Le Pen (França), além dos partidos Alternativa para a Alemanha e Aurora Dourada (Grécia).

Nesse pano de fundo – os determinantes em última instância – se desenrola uma acirrada crise política no Brasil envolvendo os partidos burgueses (PT, PSDB, PMDB, etc.) em disputa pelo “privilégio” de gerir o aparelho de Estado capitalista. Crise política que subiu de patamar com a abertura do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, ao final do ano passado, e que se acirra diariamente, a cada novo movimento no Congresso, no Executivo, no Supremo Tribunal Federal, nas ruas e a cada nova fase da operação Lava-Jato.

Buscamos analisar esse cenário em dezembro do ano passado no artigo “Podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções burguesas a favor de uma ou de outra? Sobre o processo de impeachment de Dilma” (http://cemflores.blogspot.com.br/2015/12/podem-na-atual-conjuntura-brasileira.html). Confirmando o que afirmávamos então, o impeachment efetivamente passou a “ocupar o centro das discussões políticas”, em um processo que tem se mostrado “longo e tumultuado”. Com a acentuação da crise política e o desenrolar do impeachment, crescem as pressões sobre a classe operária e os comunistas para se posicionar sobre esse tema, posicionamento que o senso comum, a ideologia burguesa, a imprensa, e as partes em disputa buscam limitar, necessariamente, “a uma escolha binária, sim ou não, excluindo qualquer outra hipótese ou possibilidade”.

Desde a publicação daquele texto até agora, o STF mandou refazer os passos iniciais do processo de impeachment; existem ações ou investigações sobre os presidentes da Câmara e do Senado; o alcance da Lava-Jato cresceu, atingindo o líder do governo no Senado (Delcídio do Amaral), o marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma (João Santana), e, pessoalmente, Lula e Dilma; Lula foi nomeado ministro e depois afastado; a comissão do impeachment foi instalada; houve grandes manifestações de rua a favor e contra o impeachment; e agora, a maior empreiteira do país afirmou que vai fazer uma “delação definitiva” e as planilhas já divulgadas listam mais de 200 políticos, “democraticamente” distribuídos entre governo e oposição (incluindo Aécio Neves).

Na nossa avaliação, todos esses novos fatos não apenas não alteram a validade da análise que efetuamos em dezembro passado, como a reafirmam.

Ambos os lados envolvidos nessa disputa sobre o impeachment – que ocupa o centro da luta política institucional atual – são compostos, exclusivamente, por partidos ou facções burguesas. Sua única disputa é por saber quem vai se colocar à frente do Poder Executivo. Todos se perfilam em defesa da democracia burguesa (e cada lado acusa o outro de violações da “ordem democrática”) e do capitalismo e também mostram identidade na defesa de medidas de “ajuste” econômico sobre o proletariado e as demais classes dominadas. Como escrevemos em dezembro: nos “períodos de crescimento ou para tentar evitar a recessão, beneficiam o lucro dos patrões. Uma vez instalada a recessão e para sair dela, aumentam a exploração sobre a classe operária”. Ou seja, uma mesma e única política econômica. Por fim, todos chafurdam na podridão da corrupção capitalista.

Nessa conjuntura, sindicatos, centrais e “movimentos populares”, em sua absoluta maioria, têm reafirmado sua histórica posição oportunista. Têm chamado o proletariado e o conjunto dos trabalhadores para a defesa de uma democracia que não é sua e de um governo que não é seu. Mais uma vez cabe reafirmar a posição do texto de dezembro: “o proletariado e os comunistas devem declarar abertamente sua posição: não apoiamos nem apoiaremos qualquer facção burguesa em suas disputas fraticidas pelo poder e pela posse provisória do aparelho de Estado capitalista”.

Denunciar o oportunismo, denunciar as posições burguesas no meio da classe operária e das demais classes dominadas é um imperativo político e prático para os comunistas. Assim como também o é a defesa intransigente pela construção de uma posição própria, autônoma, independente, do proletariado na luta de classes contra a burguesia. E nesse processo, reconstruir o instrumento de lutas da classe operária, o Partido Comunista, dotado de sua teoria científica, o marxismo-leninismo.

Eis o único caminho real, embora longo e difícil, não apenas para fazer frente à atual ofensiva das posições burguesas em todos os aspectos (político, econômico, ideológico, repressivo), mas também para permitir a construção do caminho para a ruptura com a sociedade burguesa e o reinício da grandiosa tarefa de construir o socialismo e o comunismo.


Clique aqui para ler a íntegra do texto Podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções burguesas a favor de uma ou de outra? Sobre o processo de impeachment de Dilma (http://cemflores.blogspot.com.br/2015/12/podem-na-atual-conjuntura-brasileira.html).

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Oitenta Anos a Enterrar Lenine, por Francisco Martins Rodrigues.


Oferecemos aos camaradas leitores do Blog Cem Flores o texto abaixo, de Francisco Martins Rodrigues, dedicado ao resgate do Leninismo das degenerações revisionistas que ele vem sofrendo praticamente desde a morte de Lênin.

É de suma importância para o movimento operário, comunista, revolucionário, que se possa contrapor o Leninismo e sua posição pela hegemonia proletária no processo revolucionário aos reformismos de toda a espécie, que proliferam sob as táticas e as palavras de ordem de “unidade nacional”, das frentes burguesas pretensamente antiimperialistas, do combate ao neoliberalismo, etc.

Nas palavras do próprio Francisco:

Aprendamos com Lenine que a conquista de alianças de classe não é a troca dos objectivos do proletariado por imaginárias metas não-revolucionárias, capazes de seduzir a pequena burguesia; nem é a troca da voz independente e exigente do proletariado pelos discursos unitário-diplomáticos que agradam a todos e nada esclarecem – é armar o proletariado com a capacidade de arrastar atrás de si as camadas vacilantes”.

Sem a hegemonia da política proletária dentro dele, esses movimentos, por muito positivos que sejam os seus impulsos espontâneos, degeneram continuamente em sonhos patetas de humanizar e domesticar o capitalismo”.

Uma só linha de rumo extraio do leninismo: distinguir continuamente os interesses políticos do proletariado dos da pequena burguesia; ver tudo pelos olhos da única classe que está interessada na liquidação até ao fim do capitalismo, na expropriação da burguesia. Desde que tenhamos essa linha sempre presente encontramos as respostas políticas de cada dia. Pelo menos foi isto que eu aprendi do leninismo”.


* * * * *
Oitenta anos a enterrar Lenine

Francisco Martins Rodrigues

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

FRANCISCO MARTINS RODRIGUES - Escritos de uma vida.



É com imensa satisfação que divulgamos o blog Francisco Martins Rodrigues – Escritos de uma Vida (https://franciscomartinsrodrigues.wordpress.com), que recolhe artigos esparsos escritos por aquele dirigente comunista. O Cem Flores, ao divulgar o blog com os escritos do camarada Francisco, saúda essa iniciativa que contribui para o avanço da luta de classes do proletariado, para a reafirmação do leninismo e a crítica ao revisionismo, para a reconstrução do partido comunista e para o campo da revolução.

Francisco Martins Rodrigues: resumo biográfico[1]
Nascido em 1927, em Portugal, Francisco Martins Rodrigues trabalhou, ainda adolescente, em uma livraria em Lisboa, antes de tornar-se aprendiz de mecânico na TAP, emprego que perdeu em seguida, por causa de sua primeira prisão pela ditadura portuguesa, ainda em 1950. Participava, então, do Movimento de Unidade Democrática (MUD) juvenil, movimento de oposição autorizado pelo governo salazarista, o qual contava com importante participação do Partido Comunista Português (PCP), partido no qual entra logo depois.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções[1] burguesas a favor de uma ou de outra?

Sobre o processo de impeachment de Dilma

A decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de aceitar o pedido de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, formulado por Hélio Bicudo (ex-PT), Miguel Reale Jr. (PSDB) e outros, certamente irá ocupar o centro das discussões políticas nos próximos dias, semanas, meses. Esse processo tende a ser longo e tumultuado, com indas e vindas dentro do próprio governo e do Congresso, envolvendo ministros e parlamentares dos partidos da dita base de apoio ao governo, dentro da Comissão Especial que vai analisar o pedido de impeachment, no Plenário da Câmara dos Deputados, no Supremo Tribunal Federal, tudo marcado por um sem número de acordos e traições, trocas de favores e conchavos de toda a espécie – ou seja, a política burguesa em toda a sua plenitude, sem suas máscaras habituais – e com algum reflexo nas ruas, em manifestações de ambos os lados. A favor ou contra, todas as facções burguesas (PT, PCdoB, CUT, PMDB, PSDB, Força Sindical, Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua, etc.) defenderão que sua posição sobre o impeachment significa a defesa da democracia, das instituições, do estado democrático de direito e a saída para a crise política, quem sabe também a saída para a própria crise econômica. 

De agora em diante, e a todo o momento, a classe operária e os comunistas serão chamados a se posicionar sobre o impeachment, quer de forma “indireta”, pelo domínio do tema no noticiário, quer por pressões diretas, pelos partidos de “esquerda” (sic!), sindicatos, “movimentos populares”, nos locais de trabalho e de militância ou, mais importante, pelos próprios operários mais avançados, pelas bases ou pelos simpatizantes, amigos e leitores. 

A ideologia burguesa dominante e seus aparelhos ideológicos de Estado – que sempre buscam limitar as lutas de classe das classes dominadas aos limites das “reivindicações” institucionais – vão buscar limitar esse posicionamento a respeito do processo de impeachment necessariamente a uma escolha binária, sim ou não, excluindo qualquer outra hipótese ou possibilidade. 

Ainda pior, sob a hegemonia de posições reformistas burguesas, centrais sindicais, sindicatos e “movimentos populares” vão pressionar o proletariado e os comunistas para que se posicionem em defesa do governo burguês de Dilma e do PT, de sua legitimidade eleitoral, e defenderão que esse processo pode ser (mais) uma “oportunidade” para mobilizações que apoiem o governo e o pressionem a mudar sua correlação de forças, adotando uma política “progressista”, contrária à atual política recessiva “neoliberal”. Exemplo disso já seriam as manifestações de 16 de dezembro e a queda de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. 

É preciso, desde logo, deixar muito claro que essa posição reformista do PT, da CUT, do MST, do MTST e outros, a favor do governo burguês de Dilma e do PT, portanto essa posição “anti-impeachment”, não passa do mais velho, explícito e deslavado oportunismo. 

Qual deveria, então, ser a posição do proletariado e dos comunistas diante desse importante momento da conjuntura política brasileira atual? Em outras palavras, podem, na atual conjuntura brasileira, a classe operária e os comunistas tomar partido nas disputas entre facções burguesas a favor de uma ou de outra? 

A resposta a essas perguntas deve ser a mesma do poeta: E o operário disse: Não! / E o operário fez-se forte / Na sua resolução. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Viva a Vitória das Ocupações das Escolas Estaduais em São Paulo!

Escola Estadual Diadema: uma das primeiras a ser ocupada, em 9 de novembro 


A luta de classes na vida cotidiana da classe operária e das classes dominadas e de suas famílias se expressa pela contradição exploração / luta ou ainda opressão / resistência. 

São os baixos salários em uma dura e prolongada jornada de trabalho; as longas horas de deslocamento em meios de transporte superlotados e precários; os bairros com infraestrutura urbana mínima, muitas vezes sem asfalto nem rede de esgoto, e neste ano também com racionamento de água; uma sucateada rede pública de ensino para seus filhos, entre muitos outros etc. 

Pois em São Paulo, um dos estados mais castigados com o aumento do desemprego na atual crise do capital no país, foram justamente os filhos dos operários e dos trabalhadores paulistas que passaram a assumir a frente na luta e na resistência. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Vídeo sobre a ocupação das escolas em São Paulo.

Reproduzimos abaixo o excelente vídeo sobre as ocupações das escolas públicas do estado de São Paulo, resultado de reportagem da Folha de S. Paulo em escolas da periferia (Itaquera, Perus, Diadema), mas que desapareceu da TV Folha, agora recuperado: “O vídeo que sumiu da TV Folha”. O vídeo mostra a luta dos estudantes, bem como sua organização nas ocupações das mais de 200 escolas.
Após semanas ocupando as escolas,  enfrentando forte repressão pelo governo paulista com uso de "táticas de guerrilha" e "ações de guerra" (declaração do chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação, Fernando Padula) para retirar os estudantes das escolas ocupadas e das ruas (acessem: Em vídeos e fotos a repressão da PM aos estudantes secundaristas e Estudantes param São Paulo com "trancamentos" e enfrentam dura repressão), os estudantes, com o apoio de pais, professores e manifestações de trabalhadores nas ruas, conseguiram fazer o governo estadual recuar e retirar sua proposta de "reorganização" do ensino no Estado.
A luta dos estudantes paulistas é um exemplo de que, com participação massiva e organização, é possível resistir à ofensiva das classes dominantes e de seu aparelho estatal.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Programa de Proteção ao Emprego (sic): caminho para novas formas de exploração da classe operária com o apoio da CUT e do sindicato dos metalúrgicos do ABC

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2015/09/545113.shtml

O Congresso Nacional aprovou o chamado Programa de Proteção ao Emprego – PPE, instituído pelo governo Dilma/PT.
O que vamos mostrar nesse artigo é que, apesar do nome, o PPE não constitui política para proteger o emprego, nem mesmo o dos trabalhadores das empresas que entram no programa.
O PPE representa sim a abertura para novas formas de intensificação da exploração da classe operária pela burguesia, sancionada pelo Estado burguês sob a direção do PT e com o aval do sindicalismo pelego, para fazer retroceder a posição da classe operária na luta de classes.
O PPE avança novas formas de intensificação da exploração do trabalhador pelos capitalistas que se projetam para além da situação imediata, setorial ou local. Também ensaia o Acordo Coletivo Especial – ACE, projeto do sindicato dos metalúrgicos do ABC e da CUT que faz o negociado prevalecer sobre o legislado, ou seja, flexibiliza a legislação trabalhista para cortar direitos conquistados pelos trabalhadores.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

"A GLÓRIA DE UM COMUNISTA É LUTAR DE FORMA INCANSÁVEL E PERSISTENTE POR FAZER A REVOLUÇÃO NO SEU PAÍS" - Carlos Morais, dirigente comunista da Galícia.

Reproduzimos abaixo o discurso do camarada Carlos Morais, dirigente do Primeira Linha, organização comunista da Galícia, realizado em 11 de outubro, o Dia da Galícia Combatente.
Nessa intervenção o dirigente galego afirma a necessidade da organização do "partido comunista combatente, patriótico e revolucionário" como alternativa para se atingir o objetivo de "tomar o poder para construir uma nova sociedade num novo País".
Mostra que "sem uma direção e uma nítida orientação operária o movimento de libertação nacional está condenado ao fracasso" e afirma a necessidade de "combater sem trégua o fetichismo eleitoral, o movimentismo cidadanista e desmascarar o ilusionismo de mudar o regime empregando a sua empodrecida e corrupta estrutura jurídico-política"
Afirma ainda com precisão: "A glória de um comunista é lutar de forma incansável e persistente por fazer a Revolução no seu país como o melhor contributo a felicidade do povo trabalhador e à emancipação da humanidade".
O original pode ser lido aqui. Mantivemos o discurso em galego, língua que é parte da luta de libertação desse povo do domínio colonial espanhol.




DISCURSO DE CARLOS MORAIS NO DIA DA GALIZA COMBATENTE

Boa tarde camaradas!

Saudaçons comunistas, revolucionárias e patrióticas!

Por primeira vez desde que o Dia da Galiza Combatente foi instaurado por NÓS-UP em 2001, Primeira Linha convoca esta importante data do calendário político do movimento de libertaçom nacional galego.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Crise Capitalista, Aumento do Desemprego e Arrocho Salarial: a Única Saída para a Classe Operária é a sua Luta!


O capitalismo brasileiro vive mais uma séria crise econômica. Essa crise, que ainda não chegou nem na sua metade, já é a mais grave em quase um quarto de século, desde o mal fadado governo Collor. Após se arrastar por alguns anos, a crise do capital no Brasil se tornou aberta com a recessão iniciada em 2014, que se agravou tremendamente neste ano e vai permanecer, pelo menos, até o próximo ano.

Numa crise capitalista, a burguesia se vê impossibilitada de seguir adiante com as mesmas condições anteriores de produção, ou seja, não consegue mais realizar sua taxa de lucro esperada. Para buscar contrarrestar essa queda nos seus lucros, a burguesia luta para aumentar de todos os modos a exploração sobre a classe operária e demais classes dominadas. Com o fundamental auxílio do Estado burguês (qualquer que seja o governo de plantão), a ofensiva da burguesia na luta de classes em períodos de crise se dá sob a forma de demissões em massa, cortes de salários, revisão de conquistas trabalhistas e outros diversos tipos de precarização do trabalho, além de ameaças e chantagens cotidianas. Com isso, a burguesia busca, por um lado, repor, de imediato, sua taxa de lucro, com a redução dos seus gastos com a força de trabalho. Por outro lado (e não menos importante), a burguesia busca fazer retroceder a posição da classe operária na luta de classes de forma mais perene, mediante o aumento do exército industrial de reserva, o rebaixamento dos salários e das condições de vida das massas trabalhadoras.

Não é diferente o que está acontecendo no Brasil neste ano. Isso pode ser comprovado, primeiramente, pela evolução da taxa de desemprego, que é uma das dimensões do impacto da crise econômica sobre a classe operária e o conjunto dos trabalhadores[i]. O gráfico abaixo traz as duas medidas “oficiais” de desemprego no país, ambas calculadas pelo IBGE[ii].


quinta-feira, 16 de julho de 2015

Comunicado do CC do KKE acerca do novo acordo-memorando.

Reproduzimos abaixo comunicado do Partido Comunista da Grécia (KKE) sobre os acordos estabelecidos entre o governo grego e a troika (Banco Central Europeu, FMI e União Europeia). Nosso objetivo com essa publicação é aprofundar a compreensão dos fatos nesse país, buscando analisa-los a partir de uma perspectiva de classe, marxista.

A análise da crise na Grécia (e no Brasil também), como desdobramento da crise do imperialismo, do ponto de vista do marxismo, nos possibilita compreender a impossibilidade de soluções paliativas, burguesas, de conciliação, que atendam aos interesses da burguesia e do proletariado ao mesmo tempo, a exemplo do que defendem (e sempre defenderam) o SYRIZA por lá e o PT por aqui (com o apoio aqui e lá dos reformistas iludidos de sempre).

Para o povo, a “solução” à crise que a burguesia indica é ampliar a exploração e a dominação a que estão submetidos, aumentando a miséria e a fome de milhões para atender a imperiosa necessidade do capital em tentar retomar a taxa de lucro mesmo que a custa da barbárie.

Porém, a conjuntura atual nos mostra ainda que a única alternativa possível à crise e a tudo o que ela representa no aprofundamento da exploração e da dominação capitalista em todo o mundo, é a revolução. É essa a tarefa urgente! Construir as condições para, com a revolução, barrar a barbárie que a crise do imperialismo impõe aos povos de todo o mundo.


Comunicado do CC do KKE acerca do novo acordo-memorando.

1. O KKE conclama os trabalhadores, empregados, as camadas populares pobres, os pensionistas, desempregados e jovens a dizerem um real e inflexível grande NÃO ao acordo-memorando, o qual foi assinado pela coligação governamental SYRIZA-ANEL com a UE-BCE-FMI e a combater contra as medidas selvagens nele incluídas nas ruas e nos locais de trabalho. Estas medidas serão acrescentadas às medidas bárbaras do memorando anterior. Devem organizar o seu contra-ataque para  que o povo não seja conduzido à bancarrota completa. Que fortaleçam o movimento operário, a aliança do povo, de modo a que possam abrir caminho para o povo ser libertado de uma vez para sempre do poder do capital e das uniões imperialistas que estão a levar-nos para uma barbárie cada vez maior.

Nem um dia, nem uma hora devem ser desperdiçados. Agora, sem tardança, a atividade do povo deve ser intensificada dentro de lugares de trabalho, fábricas, hospitais, serviços, bairros, sindicatos, por comités populares e comités de solidariedade social e assistência. O acordo levará a uma nova redução significativa do rendimento do povo e ao esmagamento dos direitos populares. Ele legitima e dá sinal verde a demissões, à expansão do trabalho não pago, ao férias compulsórias e outras medidas anti-trabalhadores, as quais têm sido adotadas pelo grande patronato no período recente, aproveitando as restrições sobre transações bancárias.

terça-feira, 7 de julho de 2015

E os operários disseram: NÃO!


E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução. [1]

Na última sexta-feira, 3 de julho, a esmagadora maioria dos operários da fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo votou: NÃO!

A votação secreta, em urna (e não nas tradicionais assembleias), era sobre a proposta da “Troika brasileira”[2] – união de interesses e de ação entre governo, patrões e sindicatos pelegos – de redução dos salários, neste e nos próximos anos. E os operários disseram: NÃO!

Essa votação, no entanto, não foi um evento isolado. Ela deve ser entendida no contexto da crise econômica (crise do capital) pela qual atravessa a economia brasileira e dos interesses antagônicos das classes (luta de classes), agravados pela crise.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Lenin: En los Primeros Dias de Octubre

Se você não conseguir visualizar o livro, clique aqui.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Viva o 1º de Maio! Viva o Dia Internacional dos Trabalhadores!

Em comemoração ao Dia Internacional dos Trabalhadores o Coletivo Cem Flores preparou o vídeo abaixo como homenagem àqueles que constroem esse mundo e que um dia serão os donos dele.


Viva o 1º de Maio! Viva o Dia Internacional dos Trabalhadores!



Pode-se acessar o vídeo no Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=b9ngiUitenE

ou no Facebook
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