terça-feira, 3 de março de 2015

A Tática de Luta de Classe do Proletariado

Camaradas,

Publicamos abaixo, do artigo de Lênin “Karl Marx”, de 1914, o capítulo “A Tática de Luta de Classe do Proletariado”.

Esse texto se soma a outros já publicados no blog, como Sobre as Greves, com o objetivo de destacar a ofensiva da luta das massas exploradas no Brasil e a necessidade da resistência operária frente a sua exploração pela burguesia; e o recém publicado sobre a greve dos operários da Volks-Anchieta A Luta Operária Contra a Exploração Capitalista e o Sindicalismo de Parceria com o Capital e o Governo onde demonstramos que, a partir do exemplo da luta dos operários dessa montadora, existem

“duas posições distintas: a da direção sindical, de viabilizar a redução dos custos salariais e o aumento dos lucros dos patrões, apresentados como garantia do emprego, comprovando na prática, mais uma vez, o seu peleguismo; e a da classe operária, centrada na luta e enfrentamento da exploração.”

Nossa intenção com o conjunto desses textos é destacar a possibilidade e a necessidade do desenvolvimento da posição proletária na luta da classe operária, da resistência dos trabalhadores aos interesses do capital a partir de sua situação concreta, desenvolvimento que se dá, entre outras coisas, no aprofundamento da crítica à prática tanto dos pelegos quanto dos esquerdistas que tentam rebaixar a luta dos trabalhadores para o campo do reformismo, do cretinismo parlamentar, do dogmatismo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A Luta Operária Contra a Exploração Capitalista e o Sindicalismo de Parceria com o Capital e o Governo


Se em seus conflitos diários com o capital cedessem covardemente ficariam os operários, por certo, desclassificados para empreender outros movimentos de maior envergadura.” (Marx)[1]

Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial.” (Lênin)[2]

O fato político mais importante deste início do ano foi, sem dúvida, a greve de 11 dias consecutivos (6 a 16 de janeiro) dos operários da Volkswagen (Anchieta) de São Bernardo do Campo. A última greve realizada na Volks-Anchieta aconteceu em setembro de 2006, assim como hoje, contra a demissão, à época, de 3.600 trabalhadores.

A unanimidade das correntes políticas sindicais consideraram a greve como uma vitória. Podemos, realmente, falar em vitória da greve? O que significa, para a classe operária, a vitória em uma greve? Melhor dizendo, quais os sentidos da greve para a luta operária? Uma resposta a estas questões deve assumir, do nosso ponto de vista, a perspectiva da classe operária, situar-se da posição dos operários na conjuntura da luta de classes.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Brasil: Crise e Regressão (Parte 3)


Postamos abaixo a terceira parte (de um total de quatro) da sequência de publicações sobre a conjuntura econômica brasileira, analisando os desdobramentos em nossa formação da crise do imperialismo e dos rearranjos da economia mundial, e seus impactos nas classes dominadas. Nesse documento abordamos a tendência de reprimarização e especialização na produção de commodities para exportação.
A primeira parte do documento pode ser acessada aqui (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html) e a segunda parte aqui (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/12/brasil-crise-e-regressao-parte-2.html).

V. Reprimarização

constituição de um setor agroindustrial voltado à exportação. Na exportação de commodities minerais. Assim, o pólo dinâmico da economia se transfere para setores voltados à exportação. Portanto, um conjunto de setores que se realizam no exterior. No geral, setores de elaboração de produtos primários. Ou seja, os novos setores dinâmicos têm seu ciclo produtivo concluído no exterior, realizado no exterior. Nesse sentido, o Brasil aprofunda a característica de país exportador de mercadorias intensivas em força de trabalho e derivadas da exploração de seus recursos naturais, baseando-se, para competir no mercado mundial, em sua disponibilidade de força de trabalho barata e de pouca qualidade. A especialização na produção e exportação de commodities é outra das características da regressão colonial”.
(Formação econômico-social brasileira: regressão a uma situação colonial de novo tipo, negritos nossos, https://sites.google.com/site/cemescolasrivalizem/home/textos-novos/Regress%C3%A3o.pdf?attredirects=0&d=1)

Também em relação à tendência de reprimarização da economia brasileira, com sua maior especialização na produção e exportação de commodities agropecuárias e minerais, apontadas no texto sobre regressão, a realidade do país nos últimos anos, reforçou as tendências apontadas em 2006. Não apenas o agronegócio e a extração mineral representam parcela expressiva da atividade econômica brasileira como as exportações e os fluxos líquidos de divisas são cada vez mais dependentes das vendas desses produtos básicos.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

E o Bradesco emplacou mais um!

Relembremos aos camaradas leitores deste blog Cem Flores, sumariamente, o enredo em questão: vencidas as eleições, Lula e Dilma decidem que, no segundo mandato de Dilma, o governo do PT precisaria explicitar (ainda mais!) sua submissão às classes dominantes. Para isso, concluem que nada melhor do que colocar um banqueiro no comando do governo, para realizar o, digamos, “ajuste”. Na verdade, uma baita recessão, com arrocho fiscal e monetário, reformas trabalhistas e aumento do desemprego. O governo do PT precisaria de um “primeiro-ministro” banqueiro, como bem sintetizou o petista desiludido André Singer[1].

Lula de imediato correu para seu velho parceiro Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston, que foi presidente do Banco Central nos oito anos de Lula. Confortavelmente instalado na empresa monopolista transnacional do setor de carnes, Meirelles disse não.

A busca frenética continuou e, dessa vez, Lula e Dilma buscaram se socorrer no Bradesco. A opção seria o próprio presidente do banco, Trabuco. O patriarca do Bradesco, o quase nonagenário Lázaro Brandão, disse não. Não querendo, no entanto, perder a chance de comandar diretamente o governo, Brandão indicou seu funcionário Joaquim Levy.

Até ai já contamos essa história. Os camaradas podem ler todos os detalhes e uma avaliação sumária da crise econômica brasileira atual no post “Os Três Banqueiros, o PT e a Crise Econômica Brasileira”, de 7 de dezembro do ano passado (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/12/o-tres-banqueiros-o-pt-e-crise.html).

Eis que nesta segunda-feira, dia 5 de janeiro, pudemos constatar, pela enésima vez, quão insaciável é a fome das classes dominantes pelo controle do seu aparelho de Estado. O Bradesco, não satisfeito com ter indicado o Ministro da Fazenda, indicou agora o número dois do ministério. Na cerimônia de transmissão do cargo, Joaquim Levy anunciou que o Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda, também chamado de “vice-ministro”, será Tarcísio Godoy, que vem a ser, nada mais nada menos, que o Diretor do Bradesco Seguros e Previdência![2]

Ora, um governo dos banqueiros e pelos banqueiros, ao implantar sua política econômica, defenderá e beneficiará quais classes? A classe operária já sente essa questão na pele, com os mais de mil operários demitidos nesta semana apenas na Volkswagen e na Mercedes-Benz. A única resposta possível para a classe operária é sua mobilização e luta, como a atual greve na Volks e na Mercedes Benz, e sua organização política, reconstruindo seu partido revolucionário, o Partido Comunista!



[1] Ver a coluna “Muito Barulho por Nada”, na Folha de São Paulo de 06.12.2014, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2014/12/1558491-muito-barulho-por-nada.shtml. A pérola da desilusão tem um excelente primeiro parágrafo: “Depois da tragédia, a farsa. Semana passada, foi melancólico ver a junta econômica assumir o poder em Brasília. Dilma Rousseff, como se fosse uma futura rainha da Inglaterra, ficou confinada em algum cômodo de Buckingham, enquanto o primeiro ministro, ladeado pelos auxiliares principais, anunciava o programa do próximo período em solenidade britanicamente fria” (negrito nosso).
[2] Ver perfil publicado por O Globo, em 06.01.2015, reproduzido pelo próprio Ministério da Fazenda em https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=1012974.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Discurso de Giorgos Marinos, membro da CP do CC do KKE (Partido Comunista da Grécia), no 16.º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, no Equador.

Reproduzimos abaixo a intervenção do KKE no 16º Encontro Mundial de Partidos Comunistas, realizado de 13 a 16 de novembro de 2014, em Guayaquil, Equador. Nosso blog, no espírito de que cem flores desabrochem, cem escolas rivalizem, objetiva, com essa publicação, aprofundar o debate sobre a necessária retomada do movimento revolucionário no Brasil e no mundo. Acesse aqui o original e aqui a versão em pdf.



Caros camaradas,
Agradecemos ao Partido Comunista do Equador, anfitrião do 16.º Encontro Internacional e saudamos os partidos comunistas que nele participam. Expressamos a nossa solidariedade internacionalista ao povo do Equador e aos povos da América Latina, aos comunistas e aos movimentos populares  que estão a enfrentar a repressão estatal e os ataques e a perseguição anticomunistas. Declaramos a nossa vontade de intensificar os esforços para a libertação dos três militantes cubanos que ainda permanecem presos nos EUA.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A propaganda da diminuição da "desigualdade social" no Brasil e seu propósito ideológico.


a coisa mais fácil, a coisa mais barata, o que custa menos para um governo é gastar dinheiro com o pobre, porque o pobre custa muito pouco para o Estado” (Lula, o cínico).[i]
O “debate eleitoral” em 2014, como não poderia deixar de ser, passou ao largo de questões realmente importantes para todos aqueles interessados numa verdadeira mudança das condições concretas de vida e de luta do povo brasileiro.[ii] Por exemplo, todos os candidatos aceitaram explicitamente a alegada diminuição da “desigualdade social” no Brasil, que seria fruto dos “programas sociais” como o Bolsa Família, cuja paternidade foi disputada à tapa pelos principais postulantes à vaga para a presidência.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Brasil: Crise e Regressão (Parte 2)


Na postagem anterior (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html) demos início a uma sequência de publicações sobre a conjuntura econômica brasileira, os impactos da crise do imperialismo e dos rearranjos da economia mundial, a crise econômica que atravessamos atualmente e seus impactos nas classes dominadas.

Publicamos, abaixo, a segunda parte (de um total de quatro), que analisa um dos fenômenos constitutivos da regressão a uma situação colonial de novo tipo, a saber, a desindustrialização. Na postagem seguinte, analisaremos outro fenômeno constitutivo da regressão, a tendência de reprimarização e especialização na produção de commodities para exportação. A série terminará com uma quarta postagem, relativa aos impactos da crise econômica sobre a classe operária e demais trabalhadores.

IV. Desindustrialização

a indústria sofreu um processo de reorganização em que perdeu não só setores industriais relevantes, como também elos de cadeias produtivas de segmentos industriais importantes, cedendo cada vez mais o papel de setor dinâmico que a indústria ocupava na economia para os setores do agronegócio, da mineração para exportação, para o setor de fabricação e montagem de bens de consumo ou partes desses bens para exportação em empresas de capital externo ou a ele associado”.
formatação de uma nova estrutura industrial já não mais integrada horizontalmente e verticalmente pelo encerramento de um conjunto, ou de elos, parcelas das cadeias produtivas, de ramos de atividades industriais, segmentos industriais que se faziam desde a extração e manufatura de matérias primas e insumos ao produto final até o encerramento de setores da produção de bens de consumo, que assim passam a ser importados ou somente montados no país (nesse último caso, por monopólios estrangeiros). Com isso, perdem-se segmentos industriais relevantes ou rompem-se elos em cadeias produtivas. A desindustrialização é, portanto, um fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo”. 
(Formação econômico-social brasileira: regressão a uma situação colonial de novo tipo, https://sites.google.com/site/cemescolasrivalizem/home/textos-novos/Regress%C3%A3o.pdf?attredirects=0&d=1)

Desde que escrevemos o texto sobre regressão, em 2006, a realidade parece confirmar, cada vez mais, o acerto das principais tendências nele apontadas. A indústria é o setor da economia mais afetado pela crise atual, bastando para isso uma olhada nas tabelas do IBGE reproduzidas na postagem anterior (http://cemflores.blogspot.com.br/2014/11/teses-sobre-conjuntura-nacional.html). Dentro do setor industrial se diferenciam claramente os desempenhos da indústria de transformação – especificamente sobre a qual recai a desindustrialização, fenômeno constitutivo da regressão a uma situação colonial de novo tipo – e da indústria extrativa mineral, produtora de commodities para exportação, principalmente minério de ferro e, crescentemente, petróleo, e “beneficiária”, digamos assim, da referida regressão.

domingo, 7 de dezembro de 2014

O Três Banqueiros, o PT e a Crise Econômica Brasileira


A crise econômica brasileira se agrava em 2014[1], com o país atravessando uma nova recessão, especialmente a atividade industrial. Os trabalhadores veem seus salários comidos pela inflação, seus empregos em risco com os lay-offs e as demissões, e suas conquistas ameaçadas pelo ajuste fiscal que se avizinha e por novas “reformas”. As ruas têm tudo para fervilhar em 2015...

Com esse cenário desenhado, Lula, Dilma e o PT viram sua condição de melhores gestores do aparelho de estado capitalista no Brasil ameaçada nas últimas eleições, realizadas nesse ambiente de recessão em agravamento, além da revelação de mais um multibilionário esgoto petista, desta vez na Petrobrás[2]. Diferentemente das outras três eleições ganhas pelo PT, desta vez houve ampliação das alianças opositoras ao governo, reforçando posições à direita (especialmente nos novos parlamentares eleitos ao Congresso Nacional), e a eleição presidencial terminou com estreita margem de 3,3%, a menor dentre as vencidas pelo PT[3].

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sonetinho Bradesquiano

www.bancarioserechim.com.br
Luís Vaz de Goa e Macau

Dia após dia somos inundados pelas notícias que tanto e tanto abundam em todos os noticiários, à direita e à direita, sobre os novos nomes que eventualmente virão a compor um futuro ministério do 2º mandato. Da Globo, Folha, Estadão à Carta Capital, Carta Maior e Brasil 247 as novidades são unânimes: Dilma, fiel à sua campanha publicitária, pretende nomear o verdadeiro Ministério Anti-Itaú!

Sabedores que somos do apreço da presidente Dilma pela obra de meu homônimo antepassado, apreço este apenas sobrepujado pelo outro valor mais alto (do Bradesco) que se alevanta, permiti-me cometer o pequeno soneto abaixo:

Doze anos de pastor PT servia
Brandão, pai de Trabuco, banqueira bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Trabuco lhe deu o Levy.

Vendo o triste PT que com enganos
Assim lhe era negada a sua banqueira,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros quatro anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

Falta, no entanto, a este pobre poeta o suficiente domínio da arte para incluir os necessários versos adicionais sobre a Miss Desmatamento e Rainha do Latifúndio, a Senadora Kátia Abreu, que, a serem certas as notícias, também compartilhará o Ministério com o donatário e também senador Armando Monteiro, grão-mestre da tão sofrida indústria nacional.

Diferente do antepassado que canta os feitos do ilustre peito lusitano, agora cabe alertar: “A que novos desastres determinas / De levar estes Reinos e esta gente? / Que perigos, que mortes lhe destinas / Debaixo dalgum nome preminente?”.


E mais que alertar, cabe denunciar. Denunciar a política do PT a serviço da burguesia, que tenta enganar os operários e as massas populares. Denunciar para resistir. Resistir nas ruas junto com as lutas das classes dominadas. E para bem resistir, organizar. Organizar e reconstruir o instrumento dessa luta: o partido revolucionário da classe operária. O Partido Comunista.