sábado, 28 de agosto de 2010

A crise crónica ou o estádio senil do capitalismo – Tom Thomas

Dois espectros rondam o mundo capitalista – não só o espectro do comunismo como também o da crise geral do imperialismo.
"O que começa é um longo período de perturbações e de revolução social que, com altos e baixos, derrotas e vitórias, se estenderá por vários decénios. O que começa é a necessidade de ultrapassar os primeiros grandes obstáculos à constituição dos proletários como classe independente, tais como: a ideia de que o Estado poderia não ser capitalista com um governo de esquerda, que a organização de um partido revolucionário comunista não é uma necessidade, que a luta de classes não precisa da teoria marxista, etc…" (Tom Thomas) [1]
Se o espectro do comunismo já deixava em pânico a burguesia por todos os cantos do mundo capitalista à época de Marx e Engels, a recente fase da nova “grande depressão” que vem se desenrolando desde o início dos anos 1970, e que se reabriu em meados de 2007, esta aí para assombrar, por todos os cantos, as classes dominantes que não se resignam a perceber que se aproxima a hora do fim da exploração capitalista e de toda a sociedade baseada em classes.
De que as classes dominadas com o proletariado a sua frente começam a sair da defensiva em que se encontravam e reiniciam sua marcha para retomar a teoria marxista, reconstruir o partido revolucionário e fazer a revolução.
Em razão desta conjuntura nosso coletivo tem buscado não só produzir análises da conjuntura mundial da luta de classes, da crise da economia mundial, do imperialismo, como da conjuntura brasileira, de forma a contribuir para a luta da classe operária e do conjunto das classes dominadas na luta de classes.
Portanto, é necessário dar conhecimento a todos os camaradas que nos lêem a importante contribuição de Tom Thomas para a luta do proletariado, autor que conhecemos por meio de seus textos publicados, ou no sítio da Política Operária [2] revista dos comunistas portugueses dirigida por Francisco Martins Rodrigues [3] até seu falecimento em 22 de abril de 2008 e hoje pela Cooperativa Política Operária, ou no sítio O Comuneiro, [4] revista eletrônica dirigida por Ângelo Novo e Ronaldo Fonseca e, ainda, pela Edições Dinossauro, [5] que publicou de Tom Thomas, “A crise crônica ou o estado senil do capitalismo” em 2007; em 2003, “O Estado e o Capital. O exemplo francês” e em 2000, “A hegemonia do capital financeiro e a sua crítica”.
Avaliando em nosso coletivo a importância de divulgar a contribuição teórica de Tom Thomas à compreensão do marxismo-leninismo e do estágio atual da crise do imperialismo, decidimos postar a “Introdução” a seu último texto publicado pelas Edições Dinossauro, “A crise crônica ou o estado senil do capitalismo”, que retiramos do sítio da Política Operária. [6]

sábado, 17 de julho de 2010

Marx: sobre as possibilidades e as formas das crises

[*]
10. A crise, uma possibilidade que se torna realidade. A crise, revelação de todas as contradições da economia burguesa
Antes de dar um passo adiante, vejamos o seguinte:
A dissociação entre o processo de produção (imediato) e o processo de circulação também evidencia e desenvolve mais a possibilidade da crise, a qual aparecia na mera metamorfose da mercadoria. [165] Quando os dois processos não se convertem um no outro com fluidez, mas se afirmam independentes um do outro, sobrevém a crise.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A tarefa candente para os revolucionários em todo o mundo é a de transformar a crise do imperialismo em revolução

.
“(...) O idealismo e a metafísica são as coisas mais fáceis deste mundo porque, não sendo baseados na realidade objetiva nem submetidos à sua contraprova, permitem que as pessoas digam toda a espécie de disparates que lhes aprouver. O materialismo e a dialética, pelo contrário, exigem esforço. Devem ser baseados e comprovados pela realidade objetiva. Se não nos esforçamos nesse sentido haverá propensão para sermos arrastados para o idealismo e a metafísica (...)” [1].

O primeiro ponto que é necessário deixar claro é o de que este texto é resultado de um trabalho coletivo ou, melhor dizendo, do trabalho de um conjunto de camaradas que tem claro a importância da teoria revolucionária para a prática revolucionária, da tarefa de empunhar a “arma da crítica” para iluminar sua prática.

E ao dizer isto, ao utilizar somente a primeira parte da frase de Marx em seu texto sobre a filosofia do direito de Hegel [2], temos a consciência de que a afirmação de Marx sobre a necessidade de passar da arma da crítica à crítica das armas não representa da parte de Marx, nem de nossa parte, uma subestimação da teoria, até porque foi Marx, teórico e dirigente principal e inconteste do que havia de mais avançado do movimento revolucionário em sua época, quem com sua prática na luta de classes, produziu pela primeira vez o encontro da teoria revolucionária do proletariado com a prática do proletariado na luta de classes.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sobre os sindicatos, o momento atual e os erros de Trótsky


[1]
V. I. Lênin
30 de dezembro de 1920
Camaradas:
Antes de tudo, devo pedir desculpas por haver infringido o regulamento, pois para participar das discussões teria de ter ouvido, naturalmente, o informe, o co-informe e os debates. Infelizmente, meu estado de saúde não me permitiu. Mas ontem tive oportunidade de ler os documentos mais importantes impressos e de preparar minhas observações. Logicamente, a infração ao regulamento a que me referi, implica em certos inconvenientes para vocês: é possível que faça repetições por não saber o que os outros disseram e não responda o que deveria ser respondido. Mas não pude fazer de outro modo.
    Meu material básico é o folheto do camarada Trótsky Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos. Comparando este folheto com as teses que ele apresentou no Comitê Central, e lendo-o com atenção, assombra-se a quantidade de erros teóricos e de inexatidões flagrantes que contém. Ao iniciar uma grande discussão no seio do Partido sobre este problema, como pôde preparar uma coisa tão infeliz em vez de apresentar algo mais pensado? Assinalarei, brevemente, os pontos fundamentais nos quais, em minha opinião, há erros teóricos essenciais.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Como ler O Capital?


Louis Althusser
O Capital foi publicado há um século (1867). Continua sempre novo, mais do que nunca atual e de uma atualidade queimante.
Os ideólogos burgueses, mesmo se são "economistas", "historiadores", ou "filósofos" passaram seu tempo, há cerca de um século tentando "refutá-lo".
Declararam que as teorias do valor trabalho, da mais-valia e da lei do valor são teses "metafísicas" que nada têm a ver com a economia "política". Efetivamente, elas nada têm a ver com a economia "política" deles. O último destes ideólogos é Raymond Aron. Literialmente, ele repete velharias[2] quando, acredita inventar novidades.
Aqueles entre os proletários que lêem O Capital podem compreendê-lo mais facilmente do que todos os especialistas burgueses, por mais "cultos" que sejam.
Por quê? Porque o Capital fala pura e simplesmente da exploração capitalista da qual eles são as vítimas. O Capital desmonta e demonstra os mecanismos desta exploração que os operários sofrem todos os dias, sob todas as formas que a burguesia põe em ação: aumento da jornada de trabalho, intensificação da produtividade, das cadências, diminuição dos salários, desemprego, etc. "O Capital" é de fato seu livro de classe.
Além dos proletários outros leitores levam O Capital a sério: trabalhadores assalariados, empregados, quadros, etc. e de uma maneira geral alguns dos que chamamos "trabalhadores intelectuais" (professores, pesquisadores, engenheiros, técnicos, médicos, arquitetos, etc.) sem falar dos jovens dos liceus e estudantes. Todos estes leitores, ávidos de saber, desejam compreender os mecanismos da sociedade capitalista, para orientar-se na luta de classes, lêem O Capital, que é a obra científica e revolucionária que explica o mundo capitalista; lêem Lênin que prolonga Marx, e explica que o capitalismo chegou a seu estágio supremo: o imperialismo.
Duas dificuldades:
Dito isto, não é fácil para todo mundo ler e compreender O Capital.
É necessário saber, de fato, que esta leitura apresenta duas grandes dificuldades: uma dificuldade n° 1, política, que é determinante; e uma dificuldade n° 2, teórica, que é subordinada.
A dificuldade nº 1 é política. Para "compreender" O Capital, é necessário, ou bem (como os operários) ter a experiência direta da exploração capitalista, ou então como os militantes revolucionários, (quer eles sejam operários ou intelectuais) ter feito o esforço necessário para chegar "às posições da classe operária". Os que não são nem operários nem militantes revolucionários, mesmo se são muito "cultos" (como os "economistas", "historiadores" e "filósofos"), devem saber que o preço a pagar por esta compreensão é uma revolução em sua consciência, massiçamente dominada pelos preconceitos da ideologia burguesa.
A dificuldade n° 2 é teórica. Ela é secundária com relação à dificuldade n° 1, mas é real. Os que têm o hábito de trabalhar na teoria, antes de tudo os cientistas das várias ciências (as Ciências humanas são em cerca de 80% falsas ciências, construções da ideologia burguesa), podem superar as dificuldades que provêm do fato de que O Capital é um livro de teoria pura. Os outros, por exemplo, os operários, devem realizar um esforço contínuo, atento e paciente para aprender a avançar na teoria. Nós os ajudaremos. E eles verão que esta dificuldade não está acima de suas forças.
Que eles saibam apenas, por ora:
1 - Que O Capital é um livro de teoria pura: que ele faz a teoria do "modo de produção capitalista, das relações de troca que lhe pertencem" (Marx), que o Capital tem portanto um objeto "abstrato" (que não se pode "tocar com as mãos"); que ele não é portanto um livro de história concreta ou de economia empírica como o imaginam os "historiadores e os economistas";
2 - Que toda teoria se caracteriza pela abstração de seus conceitos, e o sistema rigoroso de seus conceitos; que é necessário portanto aprender a praticar a abstração e o rigor; conceitos abstratos e sistemas rigorosos não são fantasias de luxo, mas os instrumentos mesmos da produção dos conhecimentos científicos, exatamente como os instrumentos, máquinas e sua regulação de precisão, são os instrumentos da produção dos produtos materiais, automóveis,transistores, etc.
Tomadas estas precauções, eis aqui alguns conselhos práticos elementares para a Leitura do Livro I do Capital.
As maiores dificuldades teóricas e outras, que constituem obstáculos para uma leitura fácil do Livro I do Capital estão infelizmente (ou felizmente) concentradas no começo mesmo do Livro l, muito precisamente em sua Seção I, que trata da mercadoria e da moeda.





sábado, 19 de dezembro de 2009

Sobre “contra o culto dos livros”



O texto que apresentamos data de maio de 1930, o retiramos de uma versão em português (Coleção Teoria Hoje 1, Filosofia de Mao Tse Tung, Editora Boitempo Ltda, 1979, 2º Edição em português) e o comparamos com outra versão em espanhol (Textos Escogidos de Mao Tsetung, Ediciones em lenguas estranjeras, Pekin, 1976).
O combate às práticas revisionistas e seus desvios oportunistas e putchistas nos exigem reler várias vezes este texto para tirarmos os princípios da prática revolucionária.
Extirpar dos meios revolucionários o praticismo cego e o seu reverso dogmático nos exige entender a realidade como ela é. Exige uma investigação militante, olhar pela/na luta as múltiplas contradições que compõe o real. Como diz o texto:
(...)
Não podem resolver um problema? Pois bem, informem-se sobre o seu estado atual e sobre a sua história! Assim que essa investigação tiver possibilitado a elucidação de tudo vocês saberão como resolve-lo. As conclusões extraem-se no fim da investigação e não no seu começo.
(...)
Investigar sobre um problema é resolvê-lo
(...)
Experimentem apreciar uma situação política ou dirigir uma luta sem qualquer investigação sobre a realidade e vejam se a vossa apreciação ou direção é ou não é vã, idealista, e se tal maneira vã e idealista de fazer apreciações políticas ou dirigir os trabalhos conduz ou não a erros oportunistas ou putchistas. Seguramente que sim. E isso não será assim pelo fato de se não ter tido o necessário cuidado de preparar antecipadamente um plano, mas sim porque não se procurou conhecer a situação real da sociedade antes de elaborar tal plano (...)
(...)
Executar cegamente, aparentemente sem qualquer objeção, as diretivas dum órgão superior, não é realmente uma execução, mas antes a maneira mais hábil de opor-se a elas ou sabotá-las (...)



Situar-se na luta de classes significa ver a realidade como ela é, ou seja, significa banir quaisquer formas de idealismo. Significa combater o inimigo com a única arma capaz de levar o proletariado a derrotá-lo.

domingo, 29 de novembro de 2009

Contra o culto dos livros


Mao Tse Tung - 1930

I. SEM INVESTIGAÇÃO NÃO SE TEM DIREITO À PALAVRA

Se, quando não se investigou sobre um problema, se fica privado do direito de falar sobre ele, acaso deverá isso ser considerado muito brutal? Não, de maneira nenhuma. Uma vez que não se investigou sobre o estado atual e a história do problema, e se lhe ignora o fundo, é evidente que sobre ele só podem dizer-se disparates. Ora, como todos sabem, com disparates não se podem resolver problemas. O que há pois de injusto em se recusar então o direito à palavra em tal caso? Efetivamente, há muitos camaradas que se limitam a divagar de olhos fechados o dia inteiro, o que é uma vergonha para um comunista. Como é que um comunista pode falar assim no ar, de olhos fechados?

É inadmissível !
É inadmissível !
Façam investigações!
Não digam disparates !


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A propósito do texto “Sobre a Contradição” de Mao Tse-Tung


.
O texto que publicamos é inédito na internet em português.
Althusser nos diz sobre a importância deste texto e a necessidade de continuar a aprofundá-lo
(...) Lênin nos deixou nos seus Cadernos algumas frases que são o esboço de uma "Dialética". Essas notas, desenvolveu-as Mao Tse-Tung em plena luta política contra os desvios dogmáticos do partido chinês em 1937, em um texto importante A Propósito da Contradição [Sobre a Contradição].
Eu gostaria de mostrar como podemos encontrar nesses textos – numa forma já muito elaborada, e que basta desenvolver, referir ao seu fundamento, mas sempre refletir – a resposta teórica à nossa questão: qual é a especificidade da dialética marxista?
(Althusser, "Análise Crítica da Teoria Marxista" [Pour Marx], Zahar Editores, 1937, pág. 158-159)
Qual a problemática que envolve esse texto?
Lênin havia estudado Hegel, Heráclito, Aristóteles em 1914-15 e anotado em alguns cadernos. Estes estudos foram publicados somente em 1925, após sua morte. Nele a afirmação que a dicotomia de um todo único e suas partes contraditórias é a essência da dialética, aprofunda o campo novo do que se entendia sobre a dialética marxista. Nesse campo novo não se encontra mais, segundo o próprio Lênin, a tríade Hegeliana (tese-antítese-síntese).
Mao em 1937, envolto na luta contra o dogmatismo, escreve esse texto e consegue avançar e aprofundar sobre esses estudos de Lênin.
Entender a realidade como uma unidade de contradições, onde existe uma principal, que determina o conjunto de contradições secundárias e atua no limite imposto pelo conjunto dessas contradições. Que existem contradições antagônicas e não antagônicas, cujo estudo foi ampliado em seu "Sobre as justas contradições no meio do povo", texto que afirma que as contradições no seio do povo não são resolvidas por medidas administrativas, coercitivas. Afirmar que existe um aspecto principal e um secundário em cada contradição, é ampliar o horizonte da dialética marxista para entender e agir, ou melhor, se situar, na complexidade da luta de classes, que é a própria realidade e objeto dessa teoria.
Althusser, no mesmo livro (pág. 169-170) reitera a importância da "especificidade" da contradição demonstrando como "funciona" "Um Todo Complexo Estruturado":
(...) A dialética "é o estudo da contradição na essência das coisas", ou o que é o mesmo, "a teoria da identidade dos contrários". Por aí diz Lênin, "apanharemos o nódulo da dialética, mas isso exige explicações e desenvolvimentos". Mao cita esses textos, e passa "às explicações e desenvolvimentos", isto é, ao conteúdo desse "nódulo", numa palavra, à definição da especificidade da contradição.
Encontramo-nos, aí, bruscamente em face de três conceitos muito importantes. Dois conceitos de distinção: 1) a distinção entre a contradição principal e as contradições secundárias; 2) a distinção entre o aspecto principal e o aspecto secundário da contradição. Afinal um terceiro conceito: 3) o desenvolvimento desigual da contradição. Dão-nos esses conceitos na forma do "é assim". Dizem-nos que são essenciais à dialética marxista, porque são o específico dela. Nós é que devemos procurar a razão teórica profunda dessas afirmações.
É bastante considerar a primeira distinção para ver que ela supõe imediatamente a existência de várias contradições (sem o que não poderíamos opor a principal às secundárias) em um mesmo processo. Ela indica, portanto, a existência de um processo complexo.
(...) A segunda distinção (o aspecto principal e o aspecto secundário da contradição) não faz mais que refletir, no interior de cada contradição, a complexidade do processo, isto é, a existência em si de uma pluralidade de contradições das quais uma é dominante, e é essa complexidade que devemos considerar.
Sendo assim, vimos a importância da publicação desse texto para continuarmos nosso debate, para demarcar campo com o dogmatismo e todas as manifestações reducionistas de nossa teoria e de nossa prática revolucionária.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre a Contradição



Mao Tse Tung

A lei da contradição inerente aos fenômenos, ou lei da unidade dos contrários, é a lei fundamental da dialética materialista. Lênin dizia: "No sentido próprio, a dialética é o estudo da contradição na própria essência dos fenômenos"[1].
Sobre essa lei, Lênin dizia com freqüência que era a essência da dialética, afirmando também que era o núcleo da dialética[2]. E assim que, ao estudarmos tal lei, somos obrigados a abordar um amplo círculo de problemas, um grande número de questões filosóficas. Se formos capazes de esclarecer todas essas questões, nós compreenderemos nos seus verdadeiros fundamentos a dialética materialista. Essas questões são: as duas concepções do mundo, a universalidade da contradição, a particularidade da contradição, a contradição principal e o aspecto principal da contradição, a identidade e a luta dos aspectos da contradição, o lugar do antagonismo na contradição.
A crítica a que, nos círculos filosóficos soviéticos, foi submetido nestes últimos anos o idealismo da escola de Deborine, suscitou um grande interesse entre nós. O idealismo de Deborine exerceu uma influência das mais perniciosas no seio do Partido Comunista da China, não se podendo dizer que as concepções dogmáticas existentes no nosso Partido não tenham coisa alguma a ver com tal escola. É por isso que, atualmente, o objetivo principal do nosso estudo da filosofia é extirpar as concepções dogmáticas.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ainda sobre a Crise da Nova Divisão Internacional do Trabalho

Dando nossa continuidade ao que foi debatido no tópico anterior: A crise do imperialismo é a crise da divisão internacional do trabalho, baseando-nos neste debate e pesquisando algumas informações que aprofundam nossa análise, apresentamos o desenvolvimento de nossas idéias sobre alguns aspectos peculiares daquilo que podemos considerar como a segunda grande depressão do capitalismo em sua época imperialista.

Acessem o texto “clicando” em um dos “links” abaixo e façam suas críticas, ou melhor, debatam sob o ponto de vista da ciência marxista, que é a única que interessa para a revolução.

Leia na versão em Word

Leia na versão em PDF

sábado, 12 de setembro de 2009

Mais uma ferramenta


Trazemos para o nosso debate este texto retirado do sítio http://www.quefazer.org

Mais um instrumento para que o proletariado e as classes dominadas não combatam no escuro, como afirmado no texto.
Abaixo sua apresentação e o seu link para acessar a íntegra do texto.
"Há alguns anos, pressionados pelas mesmas razões que nos levam a montar este sítio - o predomínio na luta de classes do proletariado e das classes dominadas de uma versão das mais perniciosas da social democracia cada vez mais claramente a serviço das classes dominantes, o PT, de um lado e, do outro, um amontoado de grupos que reivindicam o marxismo, todos ansiosos por soterrar a teoria do proletariado ou no mais profundo reformismo ou no mais deslavado mecanicismo empirista e num arraigado economicismo - tivemos claro nosso dever de lutar para não permitir ao proletariado e às classes dominadas combater no escuro e assim assumir a tarefa de dar nossa contribuição na luta de classes para retomar a teoria do proletariado, e no processo de luta para retomar o marxismo-leninismo escrevemos o texto abaixo, comemorando os cem anos de publicação do "Que Fazer?", texto com que achamos por bem abrir este sítio por expressar as condições nas quais ainda hoje travamos a batalha para retomar o marxismo-leninismo. "     
Leia a íntegra no sítio

domingo, 2 de agosto de 2009

Por onde começar?


Lênin*
No último ano, a pergunta "Que fazer?" se impôs com força particular aos social-democratas russos. Não se trata de escolher um caminho (como foi o caso nos fins dos anos oitenta e início dos anos noventa do século XIX), mas de saber quais passos práticos devemos dar sobre uma rota já traçada, e precisamente de que modo. Trata-se do método e do plano de atividade prática. E precisamos reconhecer que os problemas do caráter e dos métodos da luta, fundamental para um partido prático, não estão completamente resolvidos entre nós e continuam a suscitar sérios dissensos, que revelam uma instabilidade e incerteza ideológica deploráveis. De um lado, está ainda bem viva a tendência "economicista", que inferioriza e restringe o trabalho de organização e agitação política. De outro lado, continua de cabeça firmemente erguida a tendência do ecletismo sem princípios, que muda ao sabor de qualquer brisa e não sabe distinguir entre os interesses imediatos das tarefas essenciais e das exigências permanentes do movimento no seu conjunto.
Como é notório, esta tendência está implantada na Rabotcheie Dielo. A sua última declaração "programática", um altissonante artigo sob o altissonante título de Uma reviravolta histórica (n. 6 do Listok Rabotchevo Dielo), confirma com particular evidência o comportamento característico supra indicado. Eis como se comportam: Ontem ainda estávamos com o "economismo", indignavamo-nos com a decidida condenação da Rabotchaia Myls, "atenuavamos" a imposição plekhanoviana da questão da luta contra a autocracia, e hoje já citamos as palavras de Liebknecht: "Se as circunstâncias transformam-se em vinte e quatro horas, é preciso modificar a tática em vinte e quatro horas", já falamos de uma "forte organização combativa" para o ataque direto, para o assalto contra a autocracia, que promova larga agitação revolucionária e política (guarde bem como somos agora enérgicos: revolucionária e política!) entre as massas, "incansável apelo aos protestos de rua", e "organização das manifestações de rua com notório (sic!) caráter político", etc., etc.
Poderíamos, com efeito, declararmo-nos contentes com o fato da Rabotcheie Dielo haver assimilado tão rapidamente o programa avançado que publicamos no primeiro número do Iskra, de criação de um forte partido organizado, imbuído do objetivo não de conquistar simples concessões, mas sim a própria fortaleza da autocracia, porém, o fato destes indivíduos não terem opiniões firmes enfraquece a nossa alegria.


sábado, 13 de junho de 2009

A crise do imperialismo é a crise da divisão internacional do trabalho



A partir da discussão no coletivo de nosso Blog "Cem Flores..." e da sugestão de inúmeros camaradas que colaboram conosco com suas intervenções, participando da discussão que aqui travamos, decidimos trabalhar para inaugurar, no mais curto espaço de tempo, um sítio na internet que por aclamação, em razão de nossa análise da conjuntura, concordamos de que nada seria melhor do que batizá-lo de "O que fazer?".
Como primeiro passo para montar o sítio queremos apresentar aqui, de forma sumária e esquemática, um conjunto de teses que vimos discutindo sobre a conjuntura da luta de classes na crise do imperialismo, teses que nos propomos coletivamente a desenvolver, precisar e retificar num dos primeiros textos a inaugurar o sítio. Conclamamos a todos os camaradas que participam de nosso trabalho coletivo a contribuir nesse processo

domingo, 5 de abril de 2009

Quem são os «Amigos do Povo»?


V.I. Lenin
Apêndice III[1]

Após o artigo "Praticar a Crítica Teórica", publicado abaixo, o coletivo do blog considerou importante publicar o Apêndice III da obra de Lênin "Quem são os 'Amigos do Povo' e Como Lutam Contra os Socialdemocratas?", traduzido de duas versões em espanhol ["Obras Escogidas" en doce tomos, Tomo I, Editorial Progreso, Moscú, 1975 - "Escritos Económicos (1893-1899)", 2, Siglo Veinte Uno de España, 1974]. Nele veremos que a "tarefa de combater a ideologia burguesa" onde quer ou como quer que ela se apresente não é tarefa nova. Colocar a descoberto, ontem e hoje, o que está muitas vezes recheado de palavras "socialistas", "revolucionárias" encobrindo o que não passa de puro democratismo burguês. Trata-se de uma necessidade imprescindível da afirmação da posição marxista, da posição revolucionária.

domingo, 1 de março de 2009

Praticar a Crítica Teórica

Combater a ideologia burguesa – quer ela se apresente a partir dos aparelhos ideológicos da burguesia; quer se manifeste no seio da classe operária; quer ainda em organizações ditas "de esquerda", ou mesmo nominalmente "comunistas", como expressão do oportunismo, do revisionismo e do reformismo – tanto na prática teórica e política na luta de classes, é uma tarefa imprescindível para todos os comunistas. É através desse combate sem tréguas que se fortalecem e se desenvolvem tanto o marxismo e sua organização política.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Reprodução das Relações de Produção

.
O texto que segue abaixo foi retirado do Livro “Sobre a Reprodução” de Louis Althusser (Editora Vozes, 1999). Manuscrito de onde foi retirado “Os Aparelhos Ideológicos de Estado” (“Posições 2” Editora Graal, 1980).

É uma ferramenta para os comunistas que querem, sob o ponto de vista do proletariado, agir na luta de classes. Para quem quer retomar a teoria no ponto que, em sua sinuosa história, conseguiu, ao máximo possível, expurgar de revisionismo. Para aqueles que não querem os atalhos fáceis e negligenciam a retificação, que não olham para trás para tirar do glorioso passado da luta de classes movida pelos operários e seus aliados suas lições. Não podemos olhar para frente sem fazer esse “balanço”. Não existirá a possibilidade do comunismo sem que nos remetamos a esses ensinamentos:

“(...) que não podemos absolutamente ter uma visão clara das questões científicas e, portanto, fazer progredir nossos conhecimentos, sem a intervenção direta da nossa filosofia (...)”
“(...) somos obrigado a dizer: e nós, o que vamos tirar de todas as experiências sem precedentes, derrotas, fracassos e vitórias que estão agora “à nossa disposição” e da crise na qual estamos vivendo?”
“Será que essa prodigiosa experiência pode deixar a filosofia indiferente? Pelo contrário, não deverá iluminar, alimentar e enriquecer a filosofia revolucionária transmitida pelo Movimento operário marxista?”


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre as cem flores II

“(...) “Que cem flores desabrochem, que cem escolas rivalizem” não é apenas um bom método para desenvolver a ciência e a arte, mas também, se for generalizada a sua aplicação, um bom método para efetuar todo o nosso trabalho. Este método permite-nos cometer menos erros. Há muitos assuntos que não entendemos e que, por conseqüência, não sabemos como abordar; mas, através da discussão e da luta, chegaremos a compreendê-los e a resolve-los. A verdade desenvolve-se na confrontação das diversas opiniões. Este método permanece válido em relação ao que é venenoso e antimarxista, pois é na luta contra o que é antimarxista que o Marxismo se desenvolve. É o desenvolvimento através da luta dos contrários, o desenvolvimento dialético das coisas (...).”
(TSÉ-TUNG, Mao. Discurso na Conferência sobre o trabalho de propaganda. In.: Obras Escolhidas. Vol. V, 2ª edição. Lisboa: Editora Vento de Leste, 1977, p. 516). (negrito nosso)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Sobre as cem flores

Poder-se-á perguntar: pode o Marxismo ser criticado, uma vez que a maioria das pessoas do nosso país o reconheceu já como ideologia orientadora? Com certeza. O Marxismo, como verdade científica que é, não teme a crítica. Se o Marxismo temesse as críticas e pudesse ser derrotado por elas, então ele não teria valor algum. Na realidade, não é o Marxismo criticado diariamente e de todas as maneiras possíveis pelos idealistas? Não é verdade que as pessoas que se atêm aos pontos de vista burgueses e pequeno-burgueses e que não desejam modificá-los criticam de todas as maneiras possíveis o Marxismo? Os marxistas não devem temer a crítica, venha ela de onde vier. Pelo contrário, devem temperar-se, desenvolver-se e conquistar novas posições no calor da crítica e na tormenta da luta. Lutar contra as idéias erradas é como uma vacina; o organismo humano fortalece a sua imunidade graças à ação da vacina. As plantas de estufa não podem ser robustas. A política de “Que cem flores desabrochem” e “Que cem escolas rivalizem”, longe de enfraquecer a posição orientadora do Marxismo no plano ideológico, pelo contrário, reforçá-la-á (...). ” (TSÉ-TUNG, Mao. Justa solução das contradições no seio do povo. In.: Obras Escolhidas. Vol. V, 2ª edição. Lisboa: Editora Vento de Leste, 1977, p. 490)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Elementos de Autocrítica - Althusser

Retirei alguns trechos de um artigo de Althusser, grande comunista francês, um dos expoentes da retomada do marxismo para o seu leito revolucionário [Posições. Elementos de Autocrítica. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1978]. São trechos que conclamam não somente a falar na defesa do marxismo, mas praticá-lo cientificamente. Exercício esse que significa escoimar quaisquer aspectos teoricistas, positivistas e especulativos.

Tarefa que na luta de classes significa, como nos ensina Althusser: “mesmo se for preciso - e é preciso – ‘trabalhar’ até o infinito no seu traçado, para evitar a queda no positivismo e na especulação”. Se mover na luta sob a luz dessa teoria. Elevar a luta para que essa luz brilhe mais intensamente, para que a classe operária sob essa claridade possa ver a si mesma, sua condição e sua força, ver o seu inimigo e derrotá-lo. Levar a classe operária a aprender por si mesma a reconhecer nessa luta a possibilidade do futuro comunista.

(...) podemos nos declarar a favor da teoria marxista, mas defendê-la em posições especulativas, portanto não-marxistas; da mesma forma podemos nos declarar a favor da ciência marxista, mas defendê-la em posições positivistas portanto não-marxistas - com todos os efeitos subseqüentes. Ora, só podemos defender a teoria e a ciência marxista em posições materialista-dialéticas, portanto não-especulativas e não-positivistas, tentando pensar essa realidade propriamente inaudita, porque sem exemplo: a teoria marxista como teoria revolucionária, a ciência marxista como ciência revolucionária.
O que é propriamente inaudito nessas expressões é aliar teoria a revolucionária (“sem teoria/objetivamente/revolucionária, não há Movimento/objetivo/revolucionário”. Lênin), e porque ciência é o indício da objetividade da teoria, aliar ciência a revolucionária.
(Página 88)

(...) Temos então o direito e o dever, como o fizeram todos os Clássicos, de falar de teoria marxista, e, no seio da teoria marxista, de uma ciência e de uma filosofia, sob reserva de não cair no teoricismo, na especulação ou no positivismo. E para ir diretamente ao ponto mais sensível: sim, temos teoricamente o direito e politicamente o dever de retomar e de defender, a propósito do marxismo-leninismo, na trincheira da palavra, a categoria filosófica de “ciência”, e de falar da fundação por Marx de uma ciência revolucionária, encarregada absoluta de nos explicar as condições, a razão e o sentido desse binômio inaudito, que faz “mexer” algo de decisivo na nossa idéia da ciência. (Página 89)

(...) Sim, temos razão de falar de um núcleo científico irrecusável e incontornável no marxismo, aquele do Materialismo histórico, a fim de traçar uma linha vital de demarcação, nítida, sem equívoco (mesmo se for preciso - e é preciso – “trabalhar” até o infinito no seu traçado, para evitar a queda no positivismo e na especulação) entre, de um lado, os proletários que têm necessidade de conhecimentos objetivos, verificados e verificáveis, enfim científicos , para triunfar, não em frases, mas nos fatos, de seus adversários de classe; e, de outro lado, não somente os burgueses que, evidentemente, recusam ao marxismo qualquer título científico, mas também aqueles que se contentam com uma “teoria” pessoal ou presumível, fabricada por sua imaginação ou 'desejo' pequeno-burguês, ou que repudiam toda a idéia de teoria científica, e até a palavra ciência, e mesmo teoria, sob o pretexto de que toda ciência ou mesmo toda teoria seriam na essência “reificantes”, alienantes, e portanto burguesas. (Páginas 89 e 90)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Algumas lições da crise para a nossa luta

.
A crise prolongada que o imperialismo vem atravessando nas últimas décadas entrou, desde agosto de 2007, em sua fase aberta. A superacumulação generalizada de capitais sem condições de serem aplicados na produção à taxa de lucro média obtida em períodos anteriores, somada à gigantesca destruição de capital fictício e ao travamento dos circuitos de crédito (interrupção da acumulação do capital portador de juros), tornam a crise atual a maior e mais importante desde 1929.

Com esta crise se agravam todas as contradições constitutivas do capitalismo: o aumento da exploração da classe operária e demais classes dominadas; o agravamento dos conflitos interimperialistas; a ampliação das contradições desses países imperialistas com os povos dos países dominados; além da extensão da centralização de capitais, o que reforça o caráter monopolista do capitalismo em sua fase imperialista. Além disso, a “esquerda” reformista e revisionista torna inteiramente explícito de qual lado se posiciona na contradição burguesia/proletariado, ao defender as reformas que julga necessárias para salvar o capitalismo da crise e, quando no poder, criar efetivamente medidas para beneficiar o capital.
A atual fase da crise do imperialismo permite, portanto, à classe operária tirar inúmeras lições para instruir sua luta.